CPI do Cachoeira pode convocar governadores em reunião tensa

CPI do Cachoeira pode convocar governadores em reunião tensa

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:12

A CPI do Cachoeira deve ter mais uma sessão tensa nesta terça-feira, em que serão analisados requerimentos de convocação dos governadores Marconi Perillo (GO), Agnelo Queiroz (DF) e Sérgio Cabral (RJ), agravada pela denúncia de que o ex-presidente Lula teria pressionado ministro do STF para adiar julgamento do mensalão.

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Imagens: Veja as cenas da CPI do Cachoeira

 

 

O contraventor não respondeu aos questionamentos feitos pelos parlamentares durante a sessão da CPI (22/5)

Foto: AE

 

Desde o começo dos trabalhos da comissão, há mais de um mês, há pressão para convocar Perillo (PSDB), Queiroz (PT) e Cabral (PMDB), mas os partidos a que pertencem têm resistido a colocar os requerimentos em votação.

Perillo e Queiroz têm situação mais delicada, porque são citados nas investigações das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que deram origem à CPI mista.

O governador de Goiás disse a aliados que aceita ir à CPI, mas o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), tem dito que, nesse momento, um depoimento dos governantes não contribuiria para as investigações parlamentares.

Antes, ele quer analisar os documentos e quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de pessoas e empresas ligadas a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso desde fevereiro acusado de explorar jogos ilegais.

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Perillo enfrenta a suspeita de que teria negociado um imóvel com Carlinhos Cachoeira por intermédio do ex-vereador do PSDB Wladimir Garcez, único depoente que prestou algum esclarecimento à CPI até agora, mesmo não tendo respondido aos questionamentos dos parlamentares. Os demais se mantiveram calados.

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A Polícia Federal também acusa Perillo de nomear pessoas indicadas por Cachoeira para órgãos do governo.

A convocação de Queiroz também pode ser aprovada para que ele explique a relação de membros do seu governo com Cachoeira, já que não há menção nas investigações da PF que apontem uma ligação direta do petista com o contraventor.

A bancada do PT trabalha para evitar a convocação do governador do DF e pode conseguir votos suficientes para derrubar o requerimento se atrair os peemedebistas para um acordo, que evitaria também a convocação de Cabral.

 

O governador do Rio não é citado nas investigações, mas é amigo pessoal do ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish. A empresa é um dos focos de investigação da CPI, que deve aprovar um requerimento na terça também pedindo a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da empreiteira em âmbito nacional.

A proximidade de Cabral e Cavendish fez com que a Procuradoria Geral da República (PGR) pedisse informações sobre os contratos operados pela empresa no Rio de Janeiro.

O peemedebista tem conversado com aliados desde o começo da CPI e pedido "solidariedade", num sinal claro para não depor na comissão.

"Há disposição da base para chamar somente o Perillo", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). "Vamos insistir para que não se aponte apenas um alvo", acrescentou.

O relator da CPI deve pedir também a quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal de três deputados que teriam relação próxima com Cachoeira: Sandes Junior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).

Lula

Não bastasse a disputa partidária pela convocação dos governadores, os membros da comissão também devem entrar na reunião com mais um fator de tensão, desta vez envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo informações publicadas pela revisa Veja neste final de semana, o ex-presidente teria se reunido com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e sugerido o adiamento do julgamento do mensalão, em troca de blindagem na CPI do Cachoeira. A reunião entre Lula e o ministro, ainda segundo a revista, teria ocorrido em 26 de abril, um dia depois da instalação da CPI mista que investiga as ligações de Carlos Cachoeira com políticos e empresários.

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Lula teria comentado com Mendes, ainda segundo a reportagem da revista, sobre um encontro que o ministro teria mantido com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em Berlim. Demóstenes enfrenta processo disciplinar no Senado e pode ser cassado por conta da sua relação com Cachoeira, com quem mantinha contatos frequentes numa linha exclusiva de celular.

Apesar de a oposição alegar que não vai apresentar requerimento para convocar Lula à CPI, pois seria rejeitado por falta de votos, petistas acreditam que o episódio pode ser usado para tentar desviar o foco das investigações.

A assessoria do ex-presidente confirma o encontro com Mendes, mas nega o conteúdo da conversa revelado pela revista. A Reuters procurou o ministro do Supremo, mas não conseguiu conversar com ele.

O escândalo do mensalão foi revelado em 2005 durante o primeiro mandato de Lula e consistia, segundo a denúncia do Ministério Público, em conceder somas em dinheiro para parlamentares e partidos em troca de apoio político no Congresso.

O líder dos tucanos no Senado disse que os partidos de oposição não devem apresentar um requerimento para convocar Lula à CPI, porque seria rejeitado por falta de votos. "Não queremos atrapalhar a votação de requerimentos de convocação de governadores e da quebra de sigilo da Delta", argumentou.

Petistas ouvidos pela Reuters disseram que não acreditam que a oposição forçará a convocação de Lula, mas não descartam que a sessão de terça da CPI se torne um palco para atacar o ex-presidente. "A oposição vai fazer discurso, mas esse não é o objeto da CPI. Podem até apresentar um requerimento (para convocar o Lula), mas isso não prospera", afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Para ele, a matéria serve apenas para que a oposição tente desviar o foco da CPI, que pode atingir o PSDB.

Por conta da denúncia da revista, a oposição entrou na segunda-feira com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo que Lula seja investigado por corrupção ativa, tráfico de influência e por tentativa de coação em processo penal.

Com Reuters


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