Elizângela Barbosa, de 32 anos, foi encontrada morta na noite deste domingo na Estrada de Ititioca, no bairro de mesmo nome, em Niterói. Segundo parentes da vítima, que estão sendo ouvidos na Divisão de Homicídios, a mulher saiu para fazer um aborto no sábado de manhã e não voltou mais para casa. No último dia 26, Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, também desapareceu quando ia fazer um aborto em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
Moradora de Engenho Pequeno, em São Gonçalo, Elizângela tinha três filhos e não queria o quarto. Ela estava grávida de cinco meses.
— O maior desejo dela era ter independência financeira para cuidar dos filhos. Isso, inclusive, era motivo de discussões entre nós. Havia oportunidades, mas ela sabia que não seria contratada grávida. Eu era contra o aborto, argumentava que era possível sustentar mais um filho. Só que ela já estava decidida — contou o marido de Elisângela, o pintor industrial Anderson Santos da Silva, de 27 anos.
Elizângela saiu de casa por volta de 8h de sábado, com R$ 2.800 para realizar o aborto no bairro Sapê, segundo conta Anderson. Foi ele que levou a mulher, junto com os três filhos, até o ponto de encontro marcado com um homem que a levaria até o local. Era a última vez que o casal se via.
— Quando retornamos para casa, nossos filhos ainda perguntaram: “Será que a mamãe vai voltar?” — diz Anderson, emocionado.
Duas horas depois, lembra o marido, Elisângela telefonou informando que precisava de mais R$ 700 para fazer o aborto. Depois da ligação, o contato entre os dois passou a ser por mensagem de celular:
— Ela disse que voltaria no sábado mesmo. À noite, disse que voltaria no domingo de manhã, mas que estava tudo bem. Às 17h50m de ontem (domingo), foi quando ela ligou, dizendo que estava terminando o último procedimento e iria volta para casa. Duas horas depois, ela mandou uma mensagem pedindo para eu ligar em 40 minutos. Tentei e não consegui mais contato.
Foi por volta de 23h deste domingo que um dos irmãos da vítima recebeu um telefonema do Hospital Azevedo Lima. Elizângela havia chegado morta à emergência.
— Reconheci o corpo dela, que apresentava sangramento nas partes genitais. Tudo que ela queria era voltar a trabalhar. Ela era tudo para mim. Agora teremos que chorar esta tragédia — lamentou Cosme Barbosa, de 28 anos, irmão de vítima.
Além dos parentes, outra pessoa foi ouvida na Divisão de Homicídios. É o proprietário de um gol branco que teria socorrido Elizângela ainda com vida. O veículo está sendo periciado no pátio da delegacia.
— Esta pessoa diz que foi obrigada por traficantes a levar o corpo para o hospital — contou o irmão de Elizângela.
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