Cristovam Buarque critica nova galeria de fatos históricos do Senado

Cristovam Buarque critica nova galeria de fatos históricos do Senado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:40

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) manifestou preocupação nesta segunda-feira (30) com a decisão do Senado de retirar dos painéis de fatos históricos da nova galeria do chamado “túnel do tempo” do Senado o impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor.

Na avaliação de Buarque, o Senado recebe visita de muitos estudantes que poderão aprender a história política do país de maneira incompleta. “Preocupa-me porque esta Casa é visitada por crianças de escolas que vêm aqui para aprender história política. Me preocupa que a gente não passe uma história completa”, argumentou Buarque.

Mostra com fatos históricos no chamado "túnel do tempo" do Senado (Foto: Celso Júnior /Agência Estado)  

O parlamentar do PDT também criticou as declarações do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que classificou de “um acidente da história” o impeachment de Collor: “Esse argumento não é bom para uma pessoa que tem o conhecimento histórico que o presidente Sarney tem. Era melhor ter dito que não tinha espaço.”

Mais cedo, o presidente do Senado inaugurou a nova galeria do “túnel do tempo”, como é conhecido o amplo corredor que passa sob o Eixo Monumental, em Brasília, onde estão as salas das comissões permanentes e gabinetes dos parlamentares. O espaço integra o roteiro da visita guiada ao Congresso Nacional e abriga textos e imagens de momentos importantes da história do Brasil e do Senado.

Ao ser questionado sobre a retirada do impeachment de Collor dos painéis, Sarney disse que a cassação “foi um acidente que não deveria ter acontecido”.

“Não posso censurar os historiadores que foram encarregados de fazer a história. Agora, acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não deveria ter acontecido na história do Brasil. Mas não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que foram os que construíram a história, não os que de certo modo não deveriam ter acontecido”, afirmou Sarney ao ser questionado sobre a retirada do episódio da cassação de Collor dos painéis.

Cristovam Buarque condenou a iniciativa do Senado e afirmou que o próprio Collor seria favorável à manutenção dos painéis sobre o seu impeachment: “Um país que esconde sua história é um país envergonhado. Se consultarem o próprio senador Collor garanto que ele vai ser favorável à publicação.”

Segundo a assessoria de Comunicação do Senado, é um dos locais que mais despertam o interesse dos visitantes. Segundo dados da Casa, apenas em abril, o Senado recebeu 20 mil visitas.

O painel retirado da galeria tinha fotos panorâmicas de manifestantes nas ruas pedindo o impeachment do ex-presidente Collor. O painel relatava que, em 29 de dezembro de 1992, o Senado aprovou por 76 votos a cinco a perda do cargo por Collor e de seus direitos políticos até 2000. Collor renunciou ao mandato antes do início do julgamento, mas a sessão teve continuidade.

Os painéis contam a história a partir de uma linha do tempo, que exibe as antigas sedes do Senado até a atual Praça dos Três Poderes. A exposição também conta com um painel que mostra como o cidadão pode participar do trabalho parlamentar e conhecer as leis diariamente discutidas e aprovadas na Casa.

As fotos e textos que relatam o impeachment de Collor foram suprimidos do painel que conta os fatos históricos de 1991 a 2011. O espaço cita leis importantes como a que estipulou o tratamento gratuito para portadores de HIV, a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal e do Código de Trânsito, em 1997, e do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, em 1999. Entre 1991 e 1996, período no qual está o governo Collor, o painel não oferece registros históricos.  

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