Dilma quer sistema elétrico 'à prova de raio'

Dilma quer sistema elétrico 'à prova de raio'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:03
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A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta quinta-feira às declarações do diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, que afirmou que descargas elétricas (raios) podem ter causado o apagão de terça-feira. Numa mensagem lida, no início da noite, pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, a presidente disse que o sistema elétrico brasileiro tem de ser “à prova de raios” e cobrou do ONS que apure se os operadores estão fazendo a manutenção adequada de sua rede de para-raios.
 
Na primeira manifestação oficial do Palácio do Planalto sobre o apagão que atingiu cerca de 12 milhões de consumidores, em 12 estados do país, além do Distrito Federal, Dilma lembrou que “o Brasil é um dos países com maior quantidade de raios do mundo”, mas o sistema elétrico brasileiro “foi montado para ser à prova de descargas elétricas, com uma gigantesca rede de para-raios”. Para a presidente, “se raios foram realmente responsáveis pela queda no fornecimento de energia, na última terça-feira, cabe ao ONS apurar se os operadores estão mantendo adequadamente suas redes de para-raios”.
 
A nota diz que a presidente reafirma sua declaração de 27 de dezembro de 2012, de que “o sistema elétrico brasileiro necessariamente precisa ser à prova de raios”. Na ocasião, em um café da manhã com jornalistas, a presidente desdenhou das explicações de que quedas no fornecimento de energia ocorridas naquela época teriam sido provocadas por raios.
 
— No dia em que falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Raio cai todo dia neste país, a toda hora. O raio não pode desligar o sistema. Se desligou, é falha humana, não é do raio — disse à época.
 
Nesta quinta-feira, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que não descartava a hipótese de raio para explicar o apagão. Chip teve uma reunião no Rio com cerca de 25 técnicos de órgãos do governo e de empresas do setor para avaliar o incidente.
— A descarga é uma das hipóteses. Vamos ver se há identificação pelos institutos especializados das descargas elétricas — disse, no começo da tarde.
Segundo o ONS, na hora do apagão de terça-feira, havia forte tempestade entre Tocantins e Goiás, região onde dois circuitos de uma linha de transmissão apresentaram problemas.
Perguntado sobre a frase da presidente Dilma de 2012, Chipp desconversou:
 
— O raio é pejorativo, é um assunto tão complexo que se banaliza, tudo é raio.
 
Procurado após a publicação da nota da presidente, o ONS não se pronunciou. O órgão também não soube informar qual é a empresa operadora da linha de transmissão que apresentou problemas na terça-feira.
 
‘É parecido com caixa-preta de avião’
Chipp afirmou que, até o meio da tarde desta quinta, não sabia informar o que causou o apagão:
 
— Um avião, quando cai, se espera dois anos para descobrir o que houve com a caixa-preta. Isso é mais ou menos parecido, só que a gente nunca demora mais do que um mês (para saber a causa).
O país voltou a registrar recordes no consumo de energia na quarta-feira, por causa da onda de calor. Perguntado se há necessidade de economizar energia, Chipp afirmou que toda economia é bem-vinda, mas negou necessidade de racionamento.
 
— Se você economiza é bom, porque aumenta a margem de segurança, mas não precisa fazer isso.
 
Especialistas do setor elétrico estranharam a nota da presidente, que já foi ministra de Minas e Energia. Eles entendem que o sistema elétrico brasileiro não foi montado para ser à prova de descargas elétricas, o que implicaria custo altíssimo nas tarifas. No apagão de Itaipu, em 2009, o governo reforçou a proteção de transformadores contra descargas, mas com solução criativa colocando um “chapéu chinês” sobre eles, com custo relativamente baixo.
Em última instância, disse uma fonte, também não seria o ONS, uma associação privada, a principal instituição a apurar se os operadores estão mantendo adequadamente seus equipamentos, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, inclusive, fiscaliza a atuação do ONS e já chegou a multá-lo. A Aneel já enviou técnicos à região de origem do apagão.
 

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