Em grampo, coordenador de Saúde de SP admite fraudes em plantões

Em grampo, coordenador de Saúde de SP admite fraudes em plantões

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:38

O coordenador de Serviços da Saúde de São Paulo, Ricardo Tardelli, disse em gravação autorizada pela Justiça que as fraudes nas escalas de plantões médicos não são um problema exclusivo dos hospitais de Sorocaba, no interior do estado. Segundo ele, o problema acontece em todo lugar. Setenta pessoas estão sob investigação e doze já foram presas por suspeita de participação no esquema. Com a fraude, médicos recebiam por plantões que não eram realizados.

Nas gravações, Tardelli conversa com o então diretor do Hospital de Sorocaba, Ricardo Salim, sobre o suposto esquema de fraudes nos plantões médicos.

Sallim: "É a única coisa flexível que você tem e que todos têm. O resto não tem o que fazer. Então a gente tem que usar isso até para tocar o serviço."

Tardelli: "Não é uma exclusividade do conjunto do Hospital de Sorocaba. Isso tem em todo lugar. Se fizer um pente fino vai encontrar problema."

Segundo a polícia, Tardelli tinha conhecimento de tudo o que acontecia. O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, nega que a pasta tenha conheciemento das fraudes. “Nós não recebemos informações da promotoria em relação à participação dele nesse esquema. Nós temos que aguardar informações sobre isso. Nós vamos apurar e se houver qualquer tipo de envolvimento nós vamos tomar as medidas necessárias”, afirmou o secretário estadual de Saúde de São Paulo.

Neste domingo (19), o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude Jorge Roberto Pagura, pediu demissão do cargo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, após reportagem do Fantástico. Pagura, que é neurocirurgião, é suspeito de receber dinheiro público da saúde sem trabalhar.Ele será investigado pela Procuradoria Geral de Justiça do estado.     A investigação da polícia e do Ministério Público começou no Hospital Regional de Sorocaba, um dos principais do interior. Mas foram encontrados indícios de que as fraudes nos plantões não acontecem só em Sorocaba e se espalharam por grandes hospitais públicos da capital paulista. Durante o trabalho policial, também surgiram suspeitas contra o secretário.

O nome de Pagura apareceu durante o monitoramente do homem que foi diretor-geral do Hospital de Sorocaba entre outubro de 2008 e dezembro do ano passado. Em 10 de dezembro, ele recebeu uma ligação de Pagura, que ainda não estava sendo investigado pela polícia. O neurocirurgião assumiria a Secretaria de Esporte de São Paulo um mês depois. O diretor propõe que Pagura assine o ponto de frequência em outro hospital. Ele aceita, mas aparenta preocupação.

O ex-secretário não quis gravar entrevista. Ele afirmou em nota que nunca fez plantões no hospital de Sorocaba nem recebeu por eles. E que o trabalho que realizava lá era o de desenvolvimento de projetos com verba do SUS.

Depoimentos

Nesta segunda-feira (20), a partir das 8h, o Ministério Público deve retomar os depoimentos dos presos nesta operação. Dos presos, quatro foram liberados: três por terem colaborado com a polícia e a Promotoria e um por ter habeas corpus concedido. Uma dentista é considerada foragida.

Segundo promotores, todos os detidos já foram ouvidos, mas os novos depoimentos são necessários para que algumas dúvidas sejam esclarecidas.          

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