A falsa biomédica Raquel Policena Rosa, 27, investigada pela morte da ajudante de leilão Maria José Brandão, 39, passou a noite e madrugada em uma cela do 14º Distrito Policial, em Goiânia, ao lado de outras seis detentas. Ela foi presa na casa em que mora em Catalão, no sudeste de Goiás, e encaminhada para a capital na noite de quinta-feira (13). Segundo a Polícia Civil, a prisão preventiva foi pedida no último dia 7, pois existe a suspeita de que ela pretendia voltar a fazer aplicações em clientes.
Raquel chegou ao 14º DP por volta das 23h45. Na entrada, ela não falou com a imprensa. Depois, foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito e retornou por volta das 2h. Ainda não há informações se ela será transferida para a Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, ainda nesta sexta-feira (14).
Durante os depoimentos das vítimas, algumas mulheres disseram à polícia que Raquel, mesmo investigada pela morte de Maria José, planejava voltar a realizar os procedimentos. Por isso, foi pedida a prisão. “Ela [Raquel] teria dito a algumas mulheres que faria o retoque assim que a poeira abaixasse e que a mídia deixasse de falar do assunto”, relatou Myrian.
O advogado de Raquel, Ricardo Naves, afirmou que vai pedir um habeas corpus para a Justiça. “Nós tivemos o cuidado de peticionar a delegada, colocando a Raquel à disposição dela para a produção de provas, para colaborar em todos os aspectos das investigações”, disse.
Em depoimento prestado no último dia 3, Raquel disse à delegada que não errou ao fazer o procedimento em Maria José. "Ela está convicta de que não errou porque fez um curso de bioplastia estética, com duração de 15 dias, e disse que a morte está relacionada a outro fator", declarou a delegada. Na ocasião, ao sair da delegacia, ela afirmou apenas que "as minhas declarações eu já prestei à Justiça".
Outros investigados
Além de Raquel Policena a polícia também investiga se o namorado dela, o professor de idiomas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos e uma mulher do Rio de Janeiro, identificada como Thaís Maia, também teriam participado das aplicações para aumentar o bumbum das mulheres.
A Polícia Civil passou a investigar o homem após encontrar áudios no celular da vítima, nos quais a falsa biomédica relata a presença do companheiro durante as sessões. Na troca de mensagens, Raquel tenta acalmar a vítima e diz que o inchaço que ela estava sentindo em uma das nádegas iria sumir.“Fica tranquila, ele vai assentar, vai ficar por igual os dois lados. É assim mesmo, porque a minha mão é mais pesada que a do Fábio [namorado] e a minha massagem é um pouco mais forte, um pouco mais intensa”.
Durante depoimento prestado na última segunda-feira (10), Fábio disse que não participou das aplicações feitas pela namorada. "Ele confirmou estar com ela em todos os procedimentos, mas nega ter participado das aplicações. Só no caso da Maria José é que ele disse ter feito uma massagem nos glúteos dela, mas isso contraria o depoimento do filho da vítima, que afirma ter visto ele fazendo o procedimento. Mas já temos até fotos que mostram ele durante as aplicações", informou a delegada.
Já Thaís Maia, que se identificava como médica, teria vindo a Goiânia para realizar alguns dos procedimentos junto com Raquel. A participação dela foi relatada por pacientes da falsa biomédica. Segundo Vidal, a polícia ainda procura a mulher para que ela preste depoimento sobre o caso em Goiânia ou no Rio de Janeiro, por meio de carta precatória. Também é apurado se ela realmente é médica.
“A Thaís realiza esse procedimento há 10 anos em Goiás, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Acredito que chegam a centenas ou até milhares os números de mulheres que já se submeteram a esse procedimento”, disse.
Morte
Maria José morreu no último dia 25, um dia depois de fazer a segunda aplicação de hidrogel no bumbum, em uma clínica de Goiânia. Após se sentir mal, ela foi internada no Hospital Jardim América, em Goiânia, e morreu na madrugada seguinte, com suspeita de embolia pulmonar.
Em áudios conseguidos com exclusividade pela TV Anhanguera, Maria relatou a Raquel que sentia dor no peito e falta de ar. É possível notar que a paciente estava ofegante e fraca, mas a responsável pela aplicação descartou riscos e orientou a vítima a comer "uma coisinha salgada".
Momentos depois, Maria José encaminhou uma mensagem escrita dizendo: "Tenho medo de AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Minha mãe morreu cedo disso".
Nesse momento, Raquel deu uma risada e descartou a possibilidade de paciente sofrer do problema. "AVC não dá falta de ar não. AVC é no cérebro, não dá falta de ar. Pode ficar tranquila. Você fuma? Alguma coisa assim? Você costuma praticar atividade física? Pode ficar tranquila que tem a ver com a tensão, não tem nada", salientou.
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