'Foi muito tiro, fiquei com medo', diz moradora do Alemão por tiroteio

'Foi muito tiro, fiquei com medo', diz moradora do Alemão por tiroteio

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:28

'Foi muito tiro', relata moradora do Alemão

(Thamine Leta/G1)

“Foi muito tiro, era tiro demais. Eu não via isso desde o ano passado. Hoje vou tentar levar uma vida normal. Está mais tranquilo”, disse, na manhã desta quarta-feira (7), uma moradora do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, que preferiu não se identificar. No momento em que houve um tiroteio na comunidade, ela estava chegando em casa.

“Eles (supostos traficantes) enrolaram pedaços de madeira em colchões e colocaram no meio da rua. Na hora dos tiros eu fiquei deitada, esperando passar. Cheguei em casa e logo começou a agitação”, contou. Segundo a Força de Pacificação, os tiros foram disparados por traficantes "para inquietar as forças de segurança". Nesta manhã, não há registro de novos confrontos.

A segurança continua reforçada no local, e a população circula pela Estrada do Itararé normalmente. O comércio também abriu. A dona de uma farmácia do local, precisou fechar sua loja depois do tiroteio.

“Fechamos mais cedo. Mas eu moro aqui desde 1989 e não me assustei. Hoje abri normalmente. Já vi coisa muito pior aqui”, contou ela, que também não quis se identificar.

Garis trabalham no Alemão

(Foto: Thamine Leta/G1)

  Garis da Comlurb também foram trabalhar. Eles contaram que normalmente fazem serviços no alto do morro, mas nesta quarta ainda não tiveram ordem de subir.

Três detidos e segurança reforçada

Até esta manhã não foi divulgado nenhum balanço oficial de feridos na ação, mas pelo menos três homens homens foram detidos sob suspeita de desacato e uma pessoa ficou ferida com estilhaços na cabeça. Além disso, moradores relataram que uma menina de 15 anos morreu, após ser atingida por bala perdida, mas as autoridades não confirmam essa informação.

Moradores contaram que o tiroteio começou por volta das 19h30 e partiu da Rua Joaquim de Queiroz, localizada na Grota, do Alemão. Segundo a Força de Pacificação, os tiros foram disparados por traficantes "para inquietar as forças de segurança".

Além dos soldados, policiais militares patrulharam os principais acessos à comunidade. Na Estrada do Itararé - que chegou a ser interditada por volta das 21h de terça-feira por medida de segurança - carros e pedestres foram revistados. Os militares também fizeram ronda no interior da favela com o auxílio de dois blindados, três caminhonetes e duas motocicletas.

De acordo com a Força de Pacificação, 100 fuzileiros navais foram convocados para reforçar o efetivo de segurança no Alemão. Dos 12 blindados do Exército que vão permanecer no local, seis iam participar do tradicional desfile da Independência do Brasil, na quarta-feira (7), mas foram desviados para aumentar a segurança nas comunidades.

Já o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, afirmou que cerca de 50 policiais militares do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré) atuam no reforço da segurança. O Batalhão de Campanha também continua em auxílio ao trabalho da Força de Pacificação, que é comandada pelo Exército brasileiro.

Madrugada sem conflitos

Segundo os militares, a madrugada foi de aparente tranquilidade. No entanto alguns moradores que voltavam para suas casas passavam pelas ruas às pressas e com medo de um novo confronto. Foi o caso do motorista de ônibus Natanael Duarte, de 56 anos, que soube do tiroteio pelo rádio. “Eu fiquei mais preocupado com a minha esposa e com minha filha, que eu tinha deixado em casa. Eu sou a favor dos soldados no Alemão, mas tenho medo, ainda não me sinto seguro aqui. É triste isto estar acontecendo”, disse Natanel.

Ocupação em duas favelas

Exército no Alemão (Foto: Thamine Leta/G1)

  O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, determinou a ocupação, por tempo indeterminado, dos morros Adeus e Baiana, que ficam próximos ao Alemão. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa da corporação.

Segundo o comandante, a medida "acontece em razão de não ter tropas federais nos locais, e serem ambos locais com comandamento - ou seja, visão de cima para baixo - portanto, facilitadores de agressão (tiro, arremesso de objetos etc) contra as tropas que patrulham a Avenida Itararé".

Ruas fechadas

Um trecho das ruas Itararé e Itaoca, que ficam no entorno das comunidades, foi fechado pelas tropas do Exército. Por cerca de três horas, apenas moradores foram liberados a passar pelo local. Eles se organizaram em fila para entrar com segurança na favela. Poucos antes da meia-noite, o Exército liberou as vias ao tráfego de veículos.

Mais cedo, um outro homem chegou a ser detido por desacato a militares. Segundo os militares, o suspeito tentou furar o bloqueio montado pela tropa. Ele foi solto após prestar esclarecimentos.

Por volta das 21h, balas traçantes cruzaram o céu do Alemão. Muitas pessoas procuraram abrigos em ruas próximas e houve correria. Moradores relataram pessoas feridas dentro da favela. No domingo (4), houve uma confusão entre moradores e militares da Força de Pacificação da comunidade. O tumulto terminou com três pessoas detidas e uma mulher ferida por bala de borracha.          

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