Fraude na venda de café levam 25 para a cadeia no Espírito Santo

Fraude na venda de café levam 25 para a cadeia no Espírito Santo

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

Por orientação da Polícia Federal, o Ministério Público Federal não vai divulgar o nome das 32 pessoas que tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal por suposta participação em um esquema de obtenção de vantagens indevidas para empresas exportadoras e torrefadores de café com atuação no Espírito Santo. O Ministério Público afirmou que todas as grandes empresas exportadoras do ramo da cafeicultura no Estado estão envolvidas na fraude. Das 32 prisões decretadas, 25 tinham sido cumpridas nesta terça-feira (01).

As 25 pessoas estão detidas na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Vila Velha. Durante todo dia, a movimentação de advogados no local foi intensa, devido aos interrogatórios que foram feitos. Dos 32 mandados de prisão, 23 são de prisão preventiva e nove temporárias de cinco dias. As prisões preventivas são necessárias, de acordo com o Ministério Público, pois há prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria do acusado.  

Entre os detidos estão empresários, diretores e funcionários de empresas e corretores. Pelo fato de sete pessoas ainda não terem sido localizadas, o MPF não divulgou os nomes para não atrapalhar na detenção dos demais acusados. As investigações apontam que no esquema fraudulento as exportadoras e torrefadoras de café utilizavam empresas laranjas como intermediárias da compra do produto, ao invés de adquirirem direto do produtor.  

A fraude identificada até o momento em 23 empresas laranjas soma um prejuízo de R$ 280 milhões aos cofres públicos federais. Mas segundo segundo a delegada da Receita Federal no Estado Laura Gadelha, o montante pode chegar a R$ 400 milhões.  

Essas empresas intermediárias na hora que emitiam nota fiscal às exportadoras, informavam que recolhiam PIS e Cofins, que de fato não acontecia. De acordo com o Procurador da República, Vinícius Cabeleira, responsável pelas investigações do MPF, como estavam comprando uma mercadoria onde os tributos já tinham sido recolhidos, as exportadoras e torrefadores aproveitavam para utilizar esses créditos indevidos de PIS e Confins para quitar débitos tributários próprios e até mesmo para pedir ressarcimento junto ao fisco.  

"Por meio da inserção dessa empresa fictícia, era criado um crédito de PIS e Cofins no valor de 9,25% da operação. Esse crédito que deveria ser recolhido por essa empresa laranja, não é, de modo que o destinatário consegue obter um crédito fictício. Se a operação fosse feita normalmente, do produtor para o exportador, não haveria a criação desse crédito", explica o procurador.  

O superintendente da Polícia Federal no Estado, Sérgio Barbosa Menezes, contou que durante as investigações os policiais detectaram que muitas dessas empresas laranjas funcionavam em pequenas salas com apenas um computador e uma impressora, quando na realidade deveriam apresentar uma estrutura de pessoal e física para receber e despachar o café comprado do produtor.  

Os mandados de busca e apreensão foram realizados em 74 endereços de empresas e residências dos investigados, nos municípios de Colatina, Domingos Martins, Linhares, São Gabriel da Palha, Viana, Vila Velha, Vitória e também em Manhuaçu (MG). A Receita Federal acredita que empresas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia também utilizavam empresas laranjas do Estado para obterem vantagens indevidas.  

Um dado que chamou a atenção do Ministério Público foi de que dos 30 maiores contribuintes de ICMS no Estado que atuam no ramo do café, pelo menos 18 estão envolvidos no esquema.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições