Kevin Smith enfrenta protestos contra seu novo filme

O diretor Kevin Smith anunciou um plano de autolançar seu novo longa-metragem, Red State, no Festival de Sundance, depois de enfrentar manifestantes que lhe garantiram publicidade que dinheiro algum poderia dar.

Evocando o nome do conhecido produtor Harvey Weinstein, Smith disse que, após 17 anos fazendo filmes, não pode imaginar algo pior do que criar uma obra e entregá-la a um estúdio para que este faça o marketing.

Para ele, depois de o estúdio gastar dezenas de milhões de dólares na divulgação, não sobrarão lucros para ele e seus investidores.

Por isso o cineasta resolveu voltar para o tempo em que os próprios diretores levavam seus filmes aos cinemas, um cinema de cada vez. Eles guardavam uma parte maior do lucro e o reinvestiam em mais trabalhos.

Ao público presente em Sundance na estreia de Red State, Smith afirmou que "o cinema independente não morreu, apenas ficou adulto".

- Agora é a fase indie 2.0.

Smith começou sua carreira em Sundance com o longa-metragem em preto e branco O Balconista, de 1994, feito com apenas R$ 45,9 mil (US$ 27,5 mil). O filme foi comprado por Weinstein, que na época dirigia a Miramax Filmes e era considerado mestre na distribuição de obras de orçamento reduzido.

De lá para cá, porém, as coisas mudaram. Hoje, astros famosos e caros muitas vezes atuam em filmes ditos independentes, e os custos de produção e marketing chegam aos milhões de dólares, fato que tira a independência dos cineastas.

Red State narra a história violenta de uma seita religiosa cheia de ódio e dos agentes federais que recebem a ordem de combatê-la. Kevin Smith acha que o filme será sucesso certeiro junto a seus fãs.

Por isso ele vai pôr os pés na estrada com o filme, começando em 5 de março, no Radio City Music Hall, em Nova York, e passando por grandes cidades norte-americanas ao longo do mês, terminando em 4 de abril em Seattle.

Ele espera lançar Red State em todo o país em 19 de outubro, a mesma data de estreia de O Balconista. Até então, a publicidade conseguida com a turnê do filme e com o uso de sites de relacionamento social, como o Twitter, pode beneficiar as vendas em outros cinemas, sem custos de publicidade.

A primeira jogada de marketing empregada pelo diretor foi vista por muitos como genial. A seita de Red State é inspirada em organizações religiosas como a pequena Igreja Batista de Westboro, que fez manchetes por promover protestos antigays diante dos funerais de soldados e oficiais americanos.

Os fiéis da igreja tinham prometido comparecer para protestar contra a estreia de Red State, e neste domingo (23) à noite, quando dez deles se reuniram para isso, Smith e cerca de 200 seguidores dele fizeram um protesto contra os manifestantes. Carregando cartazes, os dois grupos se enfrentaram em um momento feito para as câmeras da televisão.