A jovem de 24 anos presa no domingo (24) suspeita de vender o filho recém-nascido a um empresário de 43 anos pediu orientações a um conselheiro tutelar de Nerópolis, onde mora, dois meses antes do parto, sobre como doar a criança. Em uma conversa pelo aplicativo de celular WhatsApp, a mulher, que já tem outros três filhos, conta que não tem condições financeiras de cuidar de outro bebê e que uma família estava interessada em criar o menino.
"Eu não tenho condições de ficar com ele, o pai sumiu. E esse pessoal minha mãe já conhece tem tempo, eles são da cidade natal dela, do Tocantins", diz a mãe durante a conversa. Em seguida, o conselheiro a alerta sobre a atitude: "Mas você sabe que eles não podem nem registrar essa criança". De acordo com a equipe do Conselho Tutelar de Nerópolis, eles não imaginavam que a mãe fosse vender o filho.
Suspeito de comprar a criança, o empresário Airton Angotti também foi detido no domingo e encaminhado ao 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, onde o caso foi registrado. Ele continua preso porque foi atuado em flagrante por tentar registrar a criança como sendo dele. Segundo o delegado Tiago Martimiano, esse crime é inafiançável e o empresário está à disposição do Poder Judiciário. Ele também responderá por ameaça.
A mãe do bebê foi libertada após pagar fiança de R$ 2.127. Já a criança foi encaminhada para ao Conselho Tutelar de Nerópolis.
Negociação
De acordo com a Polícia Civil, Airton Angotti pagou, pelo menos, R$ 5 mil pelo recém-nascido, valor comprovado por meio de depósitos bancários. "[O empresário pagou] não só o pré-natal, mas também ofertas generosas de dinheiro pra a jovem com o fim de, no final da gestação essa criança ser entregue à ele", disse o delegado.
Em depoimento à polícia, a jovem contou que tentou desistir da venda, mas o empresário a ameaçou. Apesar da declaração da filha, a mãe da garota, que não quis se identificar, negou a venda do neto. "Quem foi que pegou esse dinheiro? Aonde que está esse dinheiro? A venda vai ter que ser esclarecida", alega.
O empresário confirmou à polícia que ia ficar com o recém-nascido, mas negou que fosse comprá-lo. “Minha esposa não engravida. A tia dessa moça, dizendo que ela estava grávida e já tinha uma criancinha de colo, disse que ela ia abortar. Eu disse aborta não que eu cuido", disse Airton.
Investigação
A criança nasceu no último dia 22, em um hospital de Aparecida de Goiânia. A jovem e o empresário foram detidos quando deixavam a unidade de saúde.
O caso só foi descoberto por causa de uma denúncia anônima na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que acionou o Conselho Tutelar de Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. O órgão acompanhou a gestação e, em parceria com o Ministério Público Estadual e a Polícia Militar, montou o flagrante no domingo.
O delegado explicou que um vizinho da garota aliciou a criança: “Ele disse ao empresário que a jovem tinha uma gestação indesejada. Como o empresário e a esposa não conseguiam ter filhos, ele, através do aliciador e da mãe da jovem, negociou o bebê”.
A investigação do caso será transferida para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. O delegado informou que a mãe da jovem e o aliciador também devem ser investigados.