Cerca de dez pessoas, entre as 220 que tiveram suas casas afetadas pelo deslizamento de terra no bairro Jardim Maringá, na Penha, zona leste de São Paulo - ocorrido na tarde da quarta-feira (8) - passaram a madrugada desta quinta-feira (9) na rua, conversando em rodas de vizinhos e tomando café. Duas famílias com seis crianças aceitaram abrigo temporário num clube municipal da região e as outras buscaram apoio em casas de parentes ou amigos.
Nesta manhã, uma reunião na sede da Subprefeitura da Penha com moradores e a Defesa Civil pode decidir o futuro das residências. Cerca de cem casas sofreram danos com o deslizamento e 45 foram interditadas. Alguns moradores da região, como a babá Ercília Aparecida da Costa, de 45 anos, já pensavam até em voltar para os imóveis em risco.
- Se de manhã minha casa continuar como está, vou entrar de novo. Não tenho para onde ir, nem dinheiro para pagar aluguel.
Sentada na calçada em frente à sua residência, na rua Fernandes Portoalegre, Ercília atravessou a madrugada relembrando a história do terreno com seu vizinho, o segurança Juarez Oliveira dos Santos, de 53 anos.
- Viemos em 96 para cá, quando isso era um barranco cheio de carrocerias de caminhão e lixo.
Juarez. disse ainda que, antes de construir, o grupo de moradores foi até a Subprefeitura da Penha conversar com um engenheiro.
- Ele falou que não queria trabalho nem preocupação e liberou pra gente fazer as casas, desde que fossem de alvenaria [...] Limpamos tudo e iniciamos a obra.
Ercília, viúva, e Juarez, que perdeu o filho recentemente, não querem sair de suas casas, segundo o segurança.
- Estamos há 14 anos aqui, gastei mais de R$ 20 mil só em material de construção.
- Na época da eleição sempre vêm uns políticos, prometem mundos e fundos, mas não fazem nada. Se tivessem construído pelo menos o muro de arrimo, isso [o deslizamento] não teria ocorrido.
Duas famílias aceitaram o abrigo oferecido pela prefeitura, no Centro Desportivo Municipal da Vila Matilde, conhecido por "Cruzeirinho", e passaram a noite lá. Todos aguardam com expectativa a reunião marcada para as 7h desta quinta-feira, que pode definir o futuro dos desabrigados.
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