Ricardo Galhardo e Carolina Garcia
Bruno recebeu o carinho da noiva, Ingrid Oliveira, e Macarrão foi amparado pela avó. Antes disso, testemunha de acusação relatou detalhes de uma suposta tentativa de assassinato da juíza planejada por Bola e detalhes macabros da morte de Eliza
De quando em quando o goleiro Bruno Fernandes desviava a atenção dos depoimentos e se concentrava em lustrar com o moleton vermelho da carceragem a grossa aliança dourada que carrega na mão esquerda. O fato gerou dúvidas sobre o estado civil do goleiro. Afinal, Bruno e sua atual companheira, Ingrid Oliveira, estão formalmente casados ou não?
“Já estamos vivendo como casados, na prática”, esclareceu Ingrid. Terminada a sessão desta terça-feira Bruno e Ingrid se abraçaram, trocaram gestos de afeto e se despediram com um beijo discreto. “Pode levar o tempo que for. Vou estar sempre com ele. É amor demais”, disse ela.
Enquanto Bruno e Ingrid trocavam intimidades, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, cuja masculinidade foi colocada em dúvida durante o processo devido à tatuagem “Bruno e Maka. Amor eterno”, recebeu amparo da avó, que tem acompanhado todo o julgamento. Bruno e Maka respondem por sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver e homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio, mãe do filho do goleiro, Bruninho.
Fortes emoções marcaram o segundo dia do julgamento. Fernanda Gomes, acusada de sequestro e cárcere privado de Eliza e Bruninho, tentava esconder os acessos de choro enfiando a cabeça entre os braços apoiados no espaldar de uma cadeira enquanto o presidiário Jaílson Alves de Oliveira confirmava aos jurados ter ouvido do ex-policial Marcos Aparecido de Souza, o Bola, uma confissão detalhada do assassinato de Eliza.
Antes dela, Dayanne Rodrigues, ré por sequestro e cárcere privado de Bruninho, também chorou quando Bruno dispensou o advogado Rui Pimenta, fazendo com que ela seja julgada posteriormente, em separado.
As cenas melosas foram intercaladas por momentos de tensão e humor. Jaílson, que cumpre pena há 16 anos (“sem contar as fugas”, segundo ele) por latrocínio, impressionou a plateia pela erudição jurídica. Vestindo uma camiseta vermelha três números maior e chinelos, ele informava sobre os vários crimes dos quais é acusado citando o número do artigo correspondente no Código Penal e em alguns casos o parágrafo.
Questionado se tem o apelido Carioca, Jaílson respondeu em alto e bom som reiteradamente. “Não. Meu apelido é Miagui. Miiiiaguiii!”.
O codinome é uma referência ao personagem cinematográfico mestre Sensei Miyag (Pat Morita) professor de artes marciais de Daniel San no clássico dos anos 80 “Karatê Kid”.
Embora tenha a testa grande e olhos amendoados que lembram um oriental, o franzino Jaílson é paraibano.
Quando a testemunha revelou ter feito aniversário na véspera do depoimento foi a vez de a juíza Marixa fazer seu chiste. “Meus parabéns. Feliz aniversário. Longa vida para o senhor. É o que desejo para mim também”, disse a magistrada, arrancando gargalhadas da plateia.
Seria apenas uma piada de mau gosto se momentos antes Jaílson (ele próprio alvo de ameaças de morte) não tivesse relatado detalhes de uma suposta tentativa de assassinato da juíza planejada por Bola e detalhes macabros da morte de Eliza.
A brincadeira irritou o advogado Rodrigo Bizzoto, um dos defensores de Bruno, que solicitou a Marixa uma reprimenda à plateia.
O pedido do advogado foi atendido, mas o que trouxe o plenário de volta à realidade do julgamento de um crime bárbaro foi o relato de Jaílson sobre uma ameaça feita por Bruno no último dia 13.
Segundo a testemunha, Bruno, acompanhado de um agente penitenciário, o abordou na porta da enfermaria do presídio Nelson Hungria, onde ambos estão presos, e disse: “o que é seu está guardado. Você não sabe com quem está brincando. Seus dias estão contados”.
Instigado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos, Jaílson ainda desafiou o goleiro a negar a ameaça. Bruno retrucou em voz alta e expressão dura. “Nem te conheço, parceiro”.
Bruno, Dayanne Rodrigues e Macarrão acompanham o segundo dia de julgamento em Contagem
Foto: Futura Press
Bruno, Dayanne, Macarrão são fotografados no início da sessão desta terça-feira (20), em Contagem
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Bruno e Macarrão receberam o carinho da noiva e da avó, respectivamente, no fim da sessão desta terça-feira
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Protesto de integrantes do MST em frente ao Fórum de Contagem
Foto: Ricardo Galhardo
Pichação "o promotor é só um homem, Deus é juiz. Liberte o Bruno!" em muro na região do fórum em Contagem.
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Tiago Lenoir assumiu a defesa de Bruno após Rui Pimenta ser destituído nesta terça-feira (20)
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Dona Lúcia, avó de Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", durante o segundo dia de julgamento no Fórum de Contagem
Foto: João Godinho/O Tempo/ Futura Press
O ex-motorista Cleiton Gonçalves, que depôs no primeiro dia de julgamento, chega ao fórum para mais um dia se sessão, nesta terça-feira (20)
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Dayanne na chegada ao fórum para o segundo dia de audiência
Foto: Carolina Garcia
Ingrid Oliveira chega ao fórum de Contagem para o segundo dia de julgamento
Foto: Carolina Garcia
1º dia de julgamento: Goleiro Bruno conversa com Rui Pimenta, um dos seus advogados. Ao lado de Bruno, sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues do Carmo
Foto: Vagner Antonio /TJMG
O goleiro Bruno e Dayanne durante a sessão do Júri, nesta segunda-feira
Foto: Vagner Antonio /TJMG
O promotor Henry Wagner e a juíza Marixa Rodrigues
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Ingrid Oliveira, noiva de Bruno, na sala onde o ex-goleiro é julgado
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
José Arteiro (terceiro da esquerda para a direita), advogado da família de Eliza Samudio
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Rui Pimenta, um dos representantes do ex-goleiro Bruno, antes do início da sessão do primeiro dia de julgamento
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Juíza Marixa Rodrigues na sala onde Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne Rodrigues e Fernanda Gomes são julgados
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Movimentação na sala onde os réus são julgados
Foto: Pedro Vilela/Futura Press
Sônia Moura, mãe de Eliza Samudio, acompanha o julgamento em Minas Gerais
Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia/Futura Press
Manifestação de integrantes da União Brasileira de Mulheres (UNB) durante o 1° dia de julgamento no Fórum de Contagem (MG)
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Manifestantes colocam cruzes com nomes de mulheres assassinadas em frente ao fórum
Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia/Futura Press
Movimentação de policiais em frente ao fórum, onde é realizado o julgamento de Bruno e mais quatro réus
Foto: Futura Press
Ércio Quaresma , advogado de defesa do Bola, na chegada ao fórum em Contagem (MG)
Foto: Futura Press
Middian Kelly, filha de Bola, na chegada ao primeiro dia de julgamento
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Ingrid Oliveira, noiva do ex-goleiro Bruno na chegada ao Fórum Criminal de Contagem, na Grande Belo Horizonte, em Minas Gerais
Foto: Futura Press
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