Índios dizem que dois adolescentes desapareceram após ataque em MS

Índios dizem que dois adolescentes desapareceram após ataque em MS

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:20

Chapéu de líder indígena desaparecido desde sexta-

feira (18) (Foto: Reprodução/TV Morena) Três dias após o ataque ao acampamento indígena Guaiviry, na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, um casal de adolescentes de 12 anos de idade ainda não retornou ao local, segundo os acampados. Além deles, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), o cacique de 59 anos permanece desaparecido desde sexta-feira (18) , quando a área foi alvo da ação de pistoleiros armados.

No acampamento que fica às margens da rodovia MS-386, viviam entre 60 e 100 indígenas, e a maioria se dispersou para a mata após o incidente. A maioria dos acampados retornou nesta segunda-feira (21), e o Guaviry foi ampliado com a chegada de pelo menos 70 indígenas de outras aldeias e acampamentos. Os indígenas, da etnia guaraní-kaiwá, afirmam que o cacique teria sido morto a tiros durante o ataque feito por aproximadamente 40 homens. Eles relatam ainda que o corpo do cacique teria sido colocado em uma caminhonete.

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, e representantes do Ministério Público Federal estiveram no local na última sexta-feira (18). A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue. Exames devem apontar se as amostras são de material humano.

O acampamento ocupa uma área de 20 hectares, situada entre fazendas nos municípios de Aral Moreira e Amambaí, no sul do estado, que encontra-se em estudos para identificação de terras indígenas. Presidência

Na sexta-feira (18), a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) publicou nota em que repudia a violência contra os povos indígenas, e reafirma a proteção e a defesa dos direitos dessas populações.

O órgão informou ainda que membros do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) viajarão a Mato Grosso do Sul para acompanhar a situação e dar apoio às famílias indígenas que permaneceram no acampamento. "O Governo Federal e o CDDPH não medirão esforços para fazer cessar práticas desumanas de execução sumária e não poupará esforços para identificação e responsabilização dos criminosos", diz a nota.

Local  onde fica o acampamento indígena alvo de

suposto ataque (Foto: Arte/G1) Entenda o conflito

Brigas por terras entre indígenas e produtores rurais são cada vez mais comuns em Mato Grosso do Sul. Dados do censo feito em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que MS é o segundo estado com mais indígenas (73.295), perdendo apenas para o Amazonas (108.080). O ataque ao acampamento Guaviry foi mais um episódio da violência provocada pela briga.

O historiador Antônio Brand explica que os indígenas foram expulsos de suas terras à medida que os colonizadores chegaram. Segundo ele, aos poucos, as fazendas foram construídas, áreas verdes desmatadas e os nativos mudaram-se para outras localidades. Hoje, grande parte mora em acampamentos e tenta tomar por conta própria o espaço que a eles pertenceu.

O assessor para assuntos fundiários indígenas da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Josiel Quintino dos Santos, afirma que a maioria das terras dos produtores do estado são regulares. Segundo ele, existem aproximadamente 49 fazendas ocupadas por índios no estado, todas com titulações válidas do ponto de vista jurídico.            

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições