No litoral de São Paulo, jovem que torturou rival com cigarro se entrega e é presa

Após quase um mês desaparecida, Elisângela se apresentou no litoral. Suspeita apagou cigarro e espancou rival enquanto o ato era filmado.

Fonte: Globo.comAtualizado: segunda-feira, 27 de outubro de 2014 às 18:07
Elisângela se apresentou na Delegacia da Mulher, em Praia Grande
Elisângela se apresentou na Delegacia da Mulher, em Praia Grande

A jovem Elisângela Fernandes Maciel, de 22 anos, apontada como a autora de uma série de torturas contra uma adolescente em Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi presa por volta das 14h45 desta segunda-feira (27), após se apresentar na Delegacia da Mulher da cidade. Elisângela, que havia desaparecido há cerca de um mês, estava com a prisão preventiva decretada e havia combinado com a polícia de se apresentar nesta segunda.

Segundo a delegada Rosemar Cardoso, responsável pelo caso, Elisângela se apresentou na delegacia imaginando estar protegida pela lei eleitoral, com a certeza de que não seria presa. "O artigo 236 veta a prisão de qualquer eleitor, mas ela não é eleitora. A Elisângela não está inscrita na Justiça eleitoral. Isso foi declarado por ela e certificado pela Justiça Eleitoral. A lei não a protege. A Elisângela está presa", afirma a delegada.

As torturas vieram à tona no dia 29 de setembro, quando um vídeo mostrando Elisângela apagando cigarros no rosto da vítima foi divulgado e compartilhado por milhares de pessoas pelas redes sociais. Na gravação, que tem pouco mais de um minuto, a vítima aparece com vários ferimentos no rosto e também é agredida com socos por causa de uma suposta traição amorosa.

Elisângela chegou na delegacia com o rosto protegido por um óculos e um capuz cobrindo a cabeça. Ela não conversou com a imprensa e foi direto para a sala de depoimento. De acordo com a delegada Rosemar Cardoso, responsável pelo caso, um laudo deverá ser apresentado nos próximos 15 dias apontando o grau das agressões sofridas pela vítima, que também está passando pelo acompanhamento psicológico de um profissional, que deverá incluir no inquérito informações sobre a condição da jovem.

Desdobramentos
Além de Elisângela, a jovem Jackeline Justino de Souza, de 21 anos, foi indiciada pelas agressões. Ela se apresentou espontaneamente no dia 7 de outubro e acabou sendo presa. A advogada da suspeita, Sabrina Dantas, entrou com um pedido de revogação da prisão temporária, que foi negado pela 2ª Vara Criminal da Justiça de Praia Grande. Durante entrevista ao G1, Jackeline, que já havia respondido por outro caso de agressão, negou ter participado do crime. "Eu estava no local, mas apenas gravei. Não tinha como pedir ajuda porque o apartamento estava trancado. Insisti para que a Elisângela parasse. Falei que a vítima poderia morrer", explicou.

Após a prisão de Jackeline, Elisângela, que estava desaparecida, resolveu gravar um vídeo dando a sua versão sobre a agressão. O vídeo foi feito em comum acordo com o advogado da suspeita e ela afirmou estar arrependida. Segundo Elisângela, a agressão ocorreu porque a vítima perseguia insistentemente o namorado dela, tentando de todas as maneiras interferir no relacionamento. "Ela falava que ia ficar com ele e mandava mensagens. Ele sempre me mostrou e falou que ela era uma vagabunda. Tentei falar com a mãe dela para não me complicar porque ela é menor de idade. A mãe prometeu dar um jeito, mas não adiantou nada. Nenhuma mulher tem sangue de barata. Bati nela porque ela é safada. Agora está se fazendo de coitada", afirmou.

Já a jovem torturada, uma adolescente de 17 anos, afirma que foi sequestrada e espancada após Elisângela suspeitar de uma traição. Segundo ela, o crime ocorreu no dia 30 de setembro. Em entrevista do G1, ela disse nunca ter se relacionado com o rapaz enquanto ele estava com a outra. "Ela não tem que fazer isso com ninguém. Não tem preço o que ela fez. Espero que ela amargue na cadeia, que é o lugar dela", criticou a jovem que, além das queimaduras causadas pelo cigarro, sofreu uma deformação no crânio.
Segundo a delegada Rosemar Cardoso, três agressoras foram identificadas, incluindo Elisângela, já que outras duas mulheres ajudaram na ação. “Houve o sequestro, o cárcere na casa e a tortura. Era a casa onde ela [agressora] morava com ele”, afirmou a delegada. O crime por tortura tem pena de dois a oito anos e pode aumentar de um sexto até um terço, caso o crime seja cometido contra uma adolescente e mediante sequestro. Além disso, é inafiançável. “A investigação vai continuar para encontrar todas as agressoras”, conclui a delegada.

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