O padrasto da criança de três anos que foi encontrada morta no sábado (14) em um suposto prostíbulo em Cajati, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, confessou ter agredido a menina até a morte. Em um primeiro momento, Rayana Cristina Ferreira de Lima, mãe de Camilly Vitória Ferreira de Miranda, havia afirmado que a filha tinha caído da escada de um bar. A participação dela no crime ainda é investigada. A menina chegou a ser encaminhada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
A versão já havia sido levantada pela família, que afirmou que a criança teria sido encontrada com diversas marcas de agressão. A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, Tedi Wilson de Andrade. “Quando recebemos a notícia das agressões, tratei de enviar um investigador até o local. Ele constatou que as lesões não eram pequenas e que algumas delas eram antigas, outras mais recentes. Com isso, depois da morte da criança ser confirmada, falamos com o casal e eles apresentaram a história da queda no bar. Depois, quando os interroguei separadamente, eles confessaram o espancamento da menina”, conta.
No entanto, segundo o delegado, o casal contou histórias diferentes para a morte. “A mãe disse que só o padrastro, Erik Leite de Carvalho, espancou a menina e que ele pediu para ela ocultar a história. Já o homem admitiu que bateu na criança até a morte, porque era madrugada e ela não parava de chorar. Contou que havia bebido e se drogado com cocaína. No entanto, ele diz que a mãe também ajudou a espancar, que quando a menina parou de chorar, eles pararam de bater”, relata Tedi.
O delegado afirma ainda que, ao falarem sobre o episódio, tanto a mãe, que tem mais um filho, quanto o padrasto se mostraram indiferentes. “Ao contar o que aconteceu, ele foi frio, falou como se nada tivesse acontecido. A mãe também foi fria, sem remorsos. Ela só chorou uma vez, quando viu a criança, mas a reação dela não foi de desespero”, comenta.
Já sobre o andamento das investigações, Tedi espera o resultado de exames periciais para saber se a criança foi abusada sexualmente. “Temos a hipótese de ter havido violência sexual, mas só poderemos comprovar a história quando sair o exame pericial”, relata.
Indagado sobre a versão da família da menina, de que o local onde a criança foi agredida, conhecido como "Pantera Negra", seria um prostíbulo, o delegado diz que só a investigação irá confirmar. “Se trata de uma lanchonete, um bar. Eu questionei a proprietária do estabelecimento, mas ela tem alvará de funcionamento do local como um bar. Nos fundos há seis quartos. A dona alega que a mãe chegou há 20 dias e que ela trabalharia no balcão para pagar a estadia. Agora, se há encontros amorosos no local, é uma situação que ainda temos que apurar. Pelo que pude constatar, é um bar mesmo, com estrutura bem precária até”, completa.
Conselho Tutelar
A avó da vítima, mãe da suspeita, afirma já havia denunciado o casal por maus-tratos ao Conselho Tutelar da cidade, mas que nada foi feito. Por meio de nota, o órgão esclarece que a situação foi mesmo informada e que procedeu duas visitas como ação verificatória no bar, mas nas duas ocasiões não encontrou nem o casal nem as crianças. No local foi informado por uma atendente que não havia ninguém morando na casa.
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