Ruas seguem fechadas em região onde lanchonete explodiu no Centro

Ruas seguem fechadas em região onde lanchonete explodiu no Centro

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:24

Algumas ruas do Centro do Rio, próximas ao local onde um lanchonete explodiu,  permanecem interditadas na manhã desta sexta-feira (14). A explosão, na quinta-feira (13), deixou 3 mortos e 17 feridos . Até a noite de quinta, quatro feridos , sendo três em estado grave, permaneciam internados.

Segundo o Centro de Operações Rio, as vias interditadas são Rua Visconde de Rio Branco (na altura da Praça Tiradentes), Rua da Carioca, Rua da Assembleia (a partir da Avenida Rio Branco) e Avenida República do Paraguai (em frente à Rua Evaristo da Veiga, em direção à Rua da Carioca).

A CET-Rio instalou quatro painéis móveis informando sobre as interdições. Os painéis ficam nos seguintes locais: Rua República do Paraguai, antes do Largo da Lapa, sentido Praça Tiradentes; Avenida Marechal Floriano, antes da Av. Passos, sentido Rio Branco; Rio Branco, antes da Rua da Carioca; e Avenida Passos, antes da Avenida Presidente Vargas.

Nesta manhã, também foram retomados o trabalho de remoção dos escombros.

Dono de restaurante recebe alta

O dono do restaurante Filé Carioca, onde houve a explosão, recebeu alta do hospital . Carlos Rogério do Amaral ficou em estado de choque ao saber do acidente. Ele deu entrada no Hospital Quinta D´Or, em São Cristóvão, na Zona Norte. Segundo amigos, Carlos Rogério desmaiou e teve aumento na pressão arterial. Ele recebeu sedativos e acompanhamento psicológico e foi liberado.

Vazamento de gás

Baseado em 12 depoimentos de testemunhas, o delegado da 5ª DP (Mem de Sá), Antônio Bonfim, responsável pela investigação, afirmou que foi comprovada a existência de vazamento de gás . Segundo a polícia, o dono do restaurante pode responder por homicídio doloso.   “Falar em crime em primeiro momento é meio complexo. Mas que ele (o dono) vai ser responsabilizado, sim. Tem uma série de crimes, até o próprio homicídio por dolo eventual, se ele tinha consciência de uma situação dessa natureza e não tomou medida nenhuma. Mas só as investigações vão chegar objetivamente à responsabilizar alguém. Ele pode responder por uma série de outros crimes, mas vamos primeiro verificar o que temos e o que leva à responsabilidade da pessoa dele”.

Depoimentos

De acordo com um dos ouvidos na delegacia, o jornaleiro Jorge Luis Rosa Leal, o funcionário que morreu no local chegou a dizer para ele que o cheiro de gás estava “insuportável” . O sushiman, identificado como Josimar, também afirmou ao jornaleiro que o gás estaria vazando desde terça-feira (11).

Jorge contou ainda que o chef de cozinha, Severino Antônio, perguntou se ele possuía o telefone do dono do estabelecimento, pois precisava avisar sobre o cheiro de gás. Os dois morreram na explosão.

Uma funcionária da lanchonete, Michele Medeiros dos Santos, de 29 anos, afirmou que, quando chegou ao local, Antônio solicitou que ela não entrasse na lanchonete. E perguntou se ela tinha o telefone dos donos do local, alegando que sentia um forte cheiro de gás”.

Michele disse que, após retornar ao local da explosão, também chegou a sentir cheiro de gás. "Senti, mas seu Antônio, o chefe de cozinha, falou que estava muito forte e que era para eu não entrar. Quando eu sai para entregar uma mochila em um prédio ao lado, aconteceu a explosão", contou ela.

Ferido presta depoimento

Michele disse que foi Deus quem a salvou. "Fico triste pelos meus colegas de trabalho". Ela trabalhava na balança do restaurante e foi quem identificou os corpos dos dois funcionários do estabelecimento que morreram. A terceira vítima fatal ela disse que nao conhecia.

Um dos 17 feridos na explosão também prestou depoimento. Ele foi levado para o Hospital Souza Aguiar também no Centro, e recebeu alta. De acordo com o balconista aposentado Marcio Antonio de Souza, ele foi atingido por um pedaço de concreto na cabeça.   “Eu só escutei aquele barulho e um negócio batendo na minha cabeça. Caí no chão, tive uma escoriação, minha perna está toda inchada, não consigo andar direito. Quase fiquei surdo na hora”, disse Márcio.

Ele ainda afirma que ao cair no chão, tentou se levantar, mas permaneceu deitado até que o socorro chegasse. “Tentei me levantar, mas caí de novo. Um rapaz me falou para ficar deitado que o bombeiro estava vindo”, relata o balconista.

Segundo Márcio, ele estava a pelo menos a 40 metros da explosão e seguia para uma consulta no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca, na Zona Norte.

Cigarro pode ter causado explosão, diz polícia

O delegado informou ainda que o jornaleiro acredita que um cigarro possa ter causado a explosão . "Um jornaleiro disse que vendeu um cigarro para uma pessoa e disse a ela que não entrasse no prédio, porque estava um cheiro muito forte (de gás)", afirmou o delegado, acrescentando que, ainda segundo o jornaleiro, essa pessoa entrou no prédio.

"Mas logo em seguida, ainda segundo o jornaleiro, chegou outro funcionario que comprou um cigarro e se dirigiu ao interior do restaurante. Daí a alguns minutos, ele ouviu a explosão. Ele acredita que essa pessoa acendeu o cigarro lá dentro", completou o delegado.

O comandante do Corpo de Bombeiros e secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou que a lanchonete não tinha autorização para utilizar gás combustível e não tinha todos os papéis necessários para seu funcionamento.

“A edificação não foi aprovada para utilização de gás combustível, seja sob a forma de cilindros de GLP ou canalizado de rua, não sendo admitido abastecimento de qualquer tipo de gás combustível sem prévia autorização", diz o laudo dos bombeiros.

A Companhia Distribuidora de Gás do Rio (CEG) informou, por meio de nota, que "desde 1961 não fornece gás canalizado para o prédio".            

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