Denise Motta, iG Minas Gerais
Político disse que pessoas que querem fazer a parada precisam de tratamento; suspensão foi comemorada por movimento gay no Estado
Diversos Estados trabalham para combater a homofobia e promover os direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) e Minas Gerais é um deles.
Uma nova conquista refere-se à punição partidária de um vereador de Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte. Jadson do Bonsucesso Rodrigues, conhecido como Pardal (PDT-MG), declarou no ano passado que pessoas favoráveis ao apoio de vereadores à 1ª Parada Gay da cidade precisavam de tratamento.
A declaração ocorreu em junho de 2010 e despertou a revolta de movimentos sociais, que postaram o áudio no YouTube. "Com todo respeito à homofobia, não estou aqui para fazer críticas. Nós estamos aqui com várias pessoas querendo fazer parada gay, mas você tá vendo que o cara tá precisando de tratamento, pô", disparou o vereador em reunião na Câmara de Vereadores de Caeté.
Pouco tempo depois, o mesmo vereador esteve na parada gay da cidade, em novembro passado, e teria feito gestos obscenos, em represália aos participantes. Cerca de 2 mil pessoas participaram do evento.
O que Pardal talvez não esperava é que sua própria legenda, o PDT, que possui uma secretaria especial a favor da diversidade, o suspenderia por 90 dias de suas atividades partidárias. O partido espera que o vereador peça desculpas, publicamente, pela atitude.
Procurado pelo iG, o vereador informou, por meio de assessoria de imprensa, que não vai se manifestar sobre o caso enquanto não for notificado. A assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Caeté informou que nesta semana foi encaminhado um pedido de investigação por quebra de decoro à corregedoria da Casa Legislativa.
Além dos direitos partidários suspensos, Pardal corre o risco de ser expulso do PDT, legenda que trabalha pelos direitos LGBT, informou o presidente estadual da sigla, Mário Heringer. Conforme o dirigente, o partido é a favor da tolerância e contra o preconceito.
Líder do movimento LGBT em Caeté, Antônio Carlos Chagas também organizou a 1ª Parada Gay na cidade. Ele conta que por causa das declarações do vereador, fez um boletim de ocorrência na Polícia Civil mineira, que vai apurar a situação. Ele estava na Câmara no dia das declarações do vereador, buscando apoio para a parada gay.
Chagas contou ao iG que, no mês de dezembro do ano passado, recebeu um telefonema ameaçador, o que gerou outra ocorrência policial. Ele disse que a voz no telefonema era de um homem, mas que ele não pode identificar quem era.
“Me ligaram ameaçando de morte. Falaram assim: &Se não parar com pouca vergonha de parada gay, vou fuzilar você e sua família. E não é o Pardal quem está falando&. Mesmo com toda esta situação, trabalho pela 2ª parada em Caeté. Com ameaça ou sem ameaça, teremos a parada. Eu carrego esta bandeira e sou homossexual assumido”, afirmou Chagas.
Líder do Movimento da Diversidade e Cidadania LGBT de Minas Gerais, Ramon Calixto disse que deu todo apoio para Chagas e que levou à Frente Parlamentar LGBT da Assembleia a denúncia envolvendo vereador. A frente irá avaliar qual medida tomar diante do caso.
O governador Antonio Anastasia (PSDB) tem realizado diversas medidas a favor da comunidade LGBT. Walkiria La Roche é coordenadora especial de Políticas de Diversidade Sexual e a primeira transexual com cargo público em Minas Gerais, nomeada pelo tucano no início de 2011.
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