Objetivo de Breton é reduzir o desperdício de tempo
com mensagens inúteis (Foto: Divulgação) O diretor-executivo de uma multinacional de serviços de tecnologia decidiu banir o uso de e-mails corporativos dentro da empresa, em uma medida polêmica que, segundo ele, pretende "melhorar a qualidade do trabalho", reduzindo o desperdício de tempo com mensagens inúteis.
A implementação da medida pela multinacional Atos, que tem 80 mil funcionários em 42 países, deverá levar três anos, chegando à eliminação total dos e-mails corporativos até 2014. O banimento causou polêmica entre especialistas e blogueiros, atraindo tanto elogios quanto críticas. Alguns analistas apostam que a Atos será obrigada a reverter a medida até o prazo final para sua implementação.
"Eu já vinha pensando por muitos anos que a maioria dos meus colegas e empregados gastavam um tempo cada vez maior com e-mails internos (...) e menos tempo com gerenciamento", disse à BBC o diretor-executivo da Atos, Thierry Breton.
"Então dei início a um estudo aprofundado (...) para ver quantos e-mails internos os 80 mil funcionários da Atos estavam recebendo. Nós descobrimos que eram em média 100 e-mails por dia. Depois de mais análises, vimos que eles achavam 15% das mensagens úteis, e que o resto era perda de tempo", afirmou Breton.
Gerações jovens
Breton diz que sua primeira intenção com a medida foi lidar com o "dilúvio de dados internos" causados pelos e-mails corporativos, além de trabalhar com as ferramentas que as gerações mais jovens estão usando.
De acordo com o executivo, cada vez menos jovens que saem das universidades estão acostumados a usar ferramentas de e-mail, dando preferência a redes sociais, como o Facebook. O próprio Breton afirma que deixou de usar e-mails internos embora diga ter uma conta de e-mail pessoal, além de utilizar mensagens de texto.
"Nós não estamos usando [os e-mails] do modo como eles foram projetados para ser usados. Quando você vê que uma nova tecnologia vai substituir outra, então se cria algum debate, e eu acho isso normal e bom, e é a forma como precisamos trabalhar no ramo da tecnologia", afirma.
"Quando nós não tivermos mais e-mails internos, teremos fantásticas novas ferramentas computação em nuvem, redes sociais, mensagens instantâneas, microblogging, compartilhamento de documentos, comunidades de conhecimento que oferecerão uma abordagem muito melhor para uma empresa de tecnologia da informação", diz. "Nós temos que nos adaptar a esta nova geração de pessoas que se tornarão nossos colegas de negócios amanhã".
E-mails pessoais
Breton afirma que o banimento não se estenderá aos e-mails pessoais dos funcionários. "Os e-mails externos são uma ferramenta fantástica, uma maneira fantástica de comunicação entre organizações. Mas, internamente, queremos nos voltar para melhores práticas de gerenciamento", diz.
O executivo afirma que a medida de banir os e-mails corporativos teve, até agora, uma resposta positiva por parte dos funcionários da Atos. Segundo ele, houve um decréscimo de 20% no uso dos e-mails internos desde o anúncio do banimento.
Ex-presidente da France Telecom, Breton também já serviu como ministro da Economia da França e deu aulas de administração na universidade de Harvard antes de chegar à Atos, três anos atrás.
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