Garagem do Departamento de Saneamento vira galeria de arte em NY

Garagem do Departamento de Saneamento vira galeria de arte em NY

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

The New York Times

Inspirado na busca por luxo no lixo, funcionário do departamento começou coleção há 20 anos, com o objetivo de decorar seu espaço no trabalho

Na Rua 99 entre a Primeira e Segunda Avenidas, em Manhattan, a poucos quarteirões de algumas das casas mais suntuosas da cidade, o ar tem uma certa acidez. Existe ali uma garagem do Departamento de Saneamento, onde os caminhões de coleta de lixo passam a noite no piso térreo.

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Esse edifício de tijolos à vista e de dois andares não tem nada de especial e chega a estar um pouco decrépito, mas ao subir sua escada de metal curvado em direção ao segundo andar, você encontrará o primeiro indício de que há algo totalmente diferente: uma pintura de alegres flores rosas sobre um fundo amarelo pendurada na parede. Parece o tipo de coisa que deveria estar pendurada em uma parede de berçário. E provavelmente já esteve.

Objetos resgatados

O segundo andar dessa garagem, há muito tempo considerada fraca demais para suportar veículos, tornou-se uma espécie de uma galeria que abriga milhares de pinturas, fotografias, cartazes e objetos. As obras são variadas em todos os sentidos - estilo, idade e material - mas todas foram resgatadas do lixo doméstico pelos lixeiros, quando faziam suas rotas domésticas.

 

 

Por aqui vemos um retrato de um mal-humorado Winston Churchill, uma cópia muito boa de um quadro de Henri Matisse, fotografias da Ponte do Brooklyn, paisagens feitas em aquarela. Até mesmo um diploma de MBA da Universidade de Harvard pode ser visto pendurado na janela.

E, no meio de tudo isso, há uma placa pintada à mão que diz: \"Tesouro no Lixo, por Nelson Molina.\"

\"Eu diria que é mais do que uma galeria\", disse Robin Nagle, que leciona na Universidade de Nova York e é o antropólogo residente do Departamento de Saneamento. \"Talvez uma coleção, um museu, um arquivo. Talvez precisemos de uma nova palavra.\"

Molina, 58 anos, um nova-iorquino que trabalha no Departamento de Saneamento desde 1981, começou a colecionar fotos e quinquilharias ao longo de sua rota cerca de 20 anos atrás para animar o seu armários no vestiário da garagem. Pouco a pouco, seus colegas começaram a contribuir, recolhendo coisas descartadas que achavam que poderiam ser interessantes para ele. Conforme a coleção crescia, a notícia se espalhou, e os trabalhadores de outros bairros começaram a enviar as suas próprias contribuições de vez em quando.

 

 

Hoje, ele estima que a coleção já tenha cerca de 1 mil peças, dispostas com grande critério e humor em uma sala enorme.

\"Por que faço isso? Porque eu amo coletar coisas, eu adoro pendurar coisas e adoro decorar\", disse Molina.

Embora receba muita ajuda para encontrar luxo no lixo, apenas Molina decide o que é digno de entrar para a exposição. Ele não tem grandes teorias sobre o que entra ou não para a coleção, apenas segue o seu intestino. Questionado sobre a necessidade dos itens serem esteticamente agradáveis, ele riu e apontou para um guaxinim de pelúcia sujo alojado dentro de uma gaiola roxa brilhante.

\"Não importa o que é. Se for algo legal, ganhará um espaço por aqui\", disse Molina, enquanto endireitava um quadro.

 

 

*Por Elizabeth A. Harris


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