Jonathan Franzen: “Os escritores são, de forma geral, muito invejosos”

Jonathan Franzen: “Os escritores são, de forma geral, muito invejosos”

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:11

Valmir Moratelli

Um dos nomes mais aguardados da décima edição da Flip, se não o mais aguardado, Jonathan Franzen não tira os olhos dos céus de Paraty. É que o escritor americano, autor de best-sellers no mundo todo, é apaixonado por pássaros. Ele e a mulher costumam viajar aos finais de semana para observar aves raras nos mais diversos países. E em Paraty, com o que restou da Mata Atlântica, o que não faltam são pássaros. “Lindos, todos lindos. Cantam muito”, disse ele.

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Franzen é todo simpático. Pensa muito antes de responder. Uma pausa tão demorada que faz o interlocutor ficar na dúvida se ele compreendeu a pergunta em inglês. Nos Estados Unidos, estourou sua popularidade no final de 2010, quando a revista Time estampou sua foto na capa. Há mais de vinte anos a publicação não colocava um escritor em tamanho destaque. A legenda: “o grande romancista americano”. Ele lembra bem desse dia.

“Estava vindo da Bolívia com minha mulher, com quem fui ver pássaros raros do país. Cheguei no aeroporto de Miami e vi a capa na banca. As pessoas passaram a me odiar depois dessa capa. Até eu me odiaria se estivesse do outro lado. Os escritores são, de forma geral, muito invejosos. Quando me encontram, eles falam ‘eu sei quem você é’. Acho engraçado”, conta Franzen, fazendo humor com seu próprio sucesso.

Mesmo antes de sair nos Estados Unidos, em 2010, seu livro “Liberdade” já era aguardado principalmente porque antes ele já havia ganhado o National Book Award, principal prêmio literário do seu país. E bastou que Oprah Winfrey citasse seu nome em suas dicas de leitura, para que a curiosidade em torno dele só aumentasse.

Ele responde o título de “o grande romancista americano” como deve ser. Escrevendo. Em “ Liberdade”, lançado agora no Brasil (R$ 23,00), Franzen se utiliza de 700 páginas para soltar o berro na recente história americana, sobretudo dos últimos trinta anos. Está tudo citado lá como pano de fundo do romance: Bill Clinton, George W. Bush, o terrorismo do 11 de setembro, a questão palestina, a crítica ao crescimento econômico baseado no consumo, ignorâncias acerca do aquecimento global... até a perseguição do politicamente correto.

A história de “Liberdade” gira ao redor de de Walter e Patty Berglund que formam, junto com os filhos adolescentes Joey e Jessica, uma típica família norte-americana liberal de classe média. Richard Katz é um roqueiro descolado que tenta fugir da fama que tanto buscava no passado. Os três se conhecem no final dos anos 1970, na Universidade de Minnesota, e a partir daí suas vidas se entrelaçam numa complexa relação de amizade e traições que culminará com conflitos na primeira década do novo milênio, época em que o conceito de liberdade parece tão onipresente quanto fugidio.

 

 

 

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