Nelson Pereira lança DVD de Tom Jobim e prepara longa sobre Dom Pedro 2º

Nelson Pereira lança DVD de Tom Jobim e prepara longa sobre Dom Pedro 2º

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:11

Marco Tomazzoni

Quando estreou em janeiro, \"A Música Segundo Tom Jobim\" chamou a atenção por não ter nenhuma entrevista, diálogo ou qualquer explicação que fosse. Bastou ao documentário se apoiar pura e simplesmente nas canções do maestro, interpretadas por ele mesmo ou através de versões curiosas para conquistar o público mundo afora.

Era de se esperar, portanto, que o filme dirigido pelo veterano Nelson Pereira dos Santos chegasse em DVD repleto de extras, trechos saborosos que ficaram de fora da edição original. Não é o caso.Em entrevista ao iG, o diretor adianta que a versão para o mercado doméstico terá como extras apenas entrevistas com a equipe e um registro da estreia mundial, no ano passado, em Nova York. Mais música? Nadinha.

"Os direitos custam muito caro\", conta ele. \"Nem pudemos usar alguns trechos, por exemplo, para fazer a publicidade do filme.\"

Pensando bem, faz sentido. Produto de exportação brasileiro desde os anos 1960, Antonio Carlos Jobim é um fenômeno no além fronteira que, mesmo depois de tanto tempo, ainda permanece valorizado. Na exibição especial do filme no Festival de Cannes, aplausos entusiasmados ressoaram pela sessão.

"A música do Tom é muito conhecida mundialmente. Claro que pelo público de uma certa faixa etária – um garoto de 16 anos, nem aqui no Brasil vai saber. No Japão, é incrível como o público reage. Foi o primeiro país a comprar o filme.\"

Previsto para entrar em cartaz na França nas próximas semanas, o filme viaja no segundo semestre pela América do Sul: segue para um festival no Uruguai, em seguida pula para Lima e depois, Mar del Plata.

Não para por aí. Pereira dos Santos dirigiu um segundo documentário sobre o compositor, chamado \"A Luz do Tom\", previsto para estrear em janeiro. Inspirado no livro \"Antônio Carlos Jobim: um Homem Iluminado\", de Helena Jobim, irmã do músico, o filme reúne depoimentos de três mulheres fundamentais na vida dele: a própria Helena; a primeira mulher, Thereza Hermanny; e a última, Ana Jobim.

Através do olhar feminino, o público vai descobrir detalhes da vida de Tom, o início de sua carreira profissional, o sucesso nos Estados Unidos, a paixão pelo Jardim Botânico e outras histórias que pouca gente sabe. Tudo, conta o diretor, intercalado por músicas cantadas por ele mesmo.

Embora tenha sido filmado antes de \"A Música\", \"A Luz\" vai estrear depois, com distribuição da RioFilme. A boa notícia é que, diferentemente do primeiro, somente digital, o segundo deve chegar ao circuito com cópias em 35mm.

Roquette-Pinto e Dom Pedro 2º

Aos 83 anos, Nelson Pereira dos Santos é um dos maiores nome do cinema brasileiro em atividade. Membro da Academia Brasileira de Letras, diretor de clássicos como \"Rio 40 Graus\" (1955) e \"Vidas Secas\" (1963), na linha de frente do cinema novo, ele não fala em aposentadoria e tem ao menos dois projetos já engatilhados para o futuro.

Um é um documentário sobre Edgar Roquette-Pinto, pai da radiofusão no Brasil. \"Era uma figura extraordinária\", lembra Nelson. \"Sabia muita coisa, de antropologia, radiodifusão, linguística e até cinema. Humberto Mauro, que escreveu os diálogos em tupi de \'Como Era Gostoso Meu Francês\' (71), contava que num final de semana foi para o sítio do Roquette-Pinto e lá era obrigatório falar tupi. Uma figura, que faz falta.\"

No ano que vem, o cineasta deve dar início à produção de um filme de ficção sobre a vida de Dom Pedro 2º. Baseado numa biografia escrita por José Murilo de Carvalho, \"confrade\" de Nelson na ABL, o roteiro repassa a trajetória de Pedro de Alcântara, que assumiu o trono brasileiro aos 15 anos de idade e reinou por 49 anos, até 1889, proclamação da República.

"Imagino, para abrir o filme, a seguinte situação: dia 15 de novembro de 1889, o imperador Dom Pedro 2º e a família encontram-se aprisionados no Paço Imperial, atual Praça XV, pelos militares que estão proclamando a República no Brasil. Nesse momento, dois tipos de pensamento emergem em sua cabeça: o primeiro, a longa luta travada para abolir a escravidão no Brasil; o segundo volta-se para uma certa senhora baiana e mulata\", disse o cineasta, bem humorado, à Agência Estado.

Ele se refere à condessa de Barral, preceptora das princesas Isabel e Leopoldina, que manteve um relacionamento secreto com o então soberano brasileiro durante décadas. Será o contraponto ao lado político de Dom Pedro, atacado à época, mas hoje considerado um dos maiores estadistas da história do país.

* com informações da Agência Estado


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