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Carreira em medicina é uma missão que exige dom

Carreira em medicina é uma missão que exige dom

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:41

Uma das carreiras mais disputadas nos vestibulares do nosso país é a medicina. Todo mundo quer ser médico. O desejo é tanto, que o número de cursos que preparam esse ilustre profissional teve que aumentar. Hoje, temos cinco vezes mais faculdades de medicina que há 45 anos.

Se nos atermos aos números, estamos tranquilos – médicos não faltam na praça. Talvez no sudeste e na cidade de São Paulo (um médico para cada 239 habitantes – índice europeu). Diferente do que ocorre nas outras áreas do país, principalmente nas regiões mais interioranas.

Há um desequilíbrio na distribuição geográfica dos profissionais dessa categoria – eles querem ficar nas regiões mais ricas. Com isso, os paulistanos podem ficar tranquilos, está tudo certo quando precisarem de um médico?

A realidade não é bem essa. É cada vez mais frequente os cidadãos dessa grande cidade viverem situações que deixa evidente a falta de capacidade técnica de alguns profissionais médicos. Só para lembrar, no estado de São Paulo estão quatro das cinco melhores faculdades do país, duas delas na capital.

Outro dia, um garotinho com um quadro claro de sinusite para uma pediatra experiente, sofreu o estresse de passar por diversos exames, internação e a suspeita de um quadro grave. O profissional que o atendeu no pronto socorro, não parou para ouvir o relato dos sintomas pelos pais e de examinar adequadamente o pequeno paciente. Isso, numa instituição moderna, numa região nobre da cidade.

Histórias assim têm sido mais comuns do que pensamos. O que nos faz indagar porque tantos querem ser médicos e se esforçam muito para passar no vestibular, um dos mais concorridos do país. Ficam, às vezes, tentando uma vaga ano após ano. Será que sabem o que realmente essa profissão exige e estão preparados para isso ? Ou estão apenas iludidos com o que ela pode lhes proporcionar?

Segundo professores de faculdades de medicina, o indivíduo que deseja segui-la precisa estudar muito – antes, durante e depois de formado. No mínimo seis anos de faculdade. Estudo e dedicação.

Se oportunidade de trabalho e salário razoáveis não faltam, carga horária puxada também não. Principalmente para os recém formados: plantões puxados, finais de semana dedicados a atender os pacientes em prontos socorros, noites mal dormidas.

Para aqueles que se dedicaram aos estudos na graduação e residência, e têm real interesse na área, é um prato cheio para aprimorar-se. Mas para os que simplesmente queriam ser médicos... Quanta frustração e atrapalhada. Como a do garotinho.

A impressão que persiste, já que não é nova, é sobre o significado de ser médico no nosso país. Parece que é ser dotado de algo muito especial, de poder de vida e morte sobre os outros. Onde o status social e financeiro está garantido.

Alguns aspirantes a essa profissão provavelmente não devem ter ideia do que ela é e o que significa realmente segui-la. Além de muitas vezes não terem nada a ver com eles, para atingirem seus objetivos acabam fazendo qualquer curso. Existem muitos no Brasil (180 cursos com mais de 15 mil vagas todos os anos).

Aí está outro problema. Com o aumento das faculdades, a qualidade caiu. Faltam professores qualificados, hospitais e centros de treinamento. Falta-lhes qualificação básica. E muitos deles saem por aí confundindo sinusite com meningite.

Retornando as indagações, provavelmente muitos querem a medicina por uma ilusão. Só que a vida das pessoas é real. Não dá para ficar brincando de médico. Isso se faz com seis anos de idade e não dentro de um hospital. Além da melhoria dos cursos oferecidos, é importante que aqueles que desejam essa profissão tomem uma decisão consciente do que ela é e o que significará em suas vidas.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

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