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Como escolher minha profissão?

Veja-se como uma pessoa multivocacional, envolva-se em várias atividades diferentes para conhecer a si mesmo e aceite a insatisfação natural do trabalho

Fonte: Guiame, Jean FrancescoAtualizado: terça-feira, 18 de agosto de 2015 às 15:26
Dúvida_imagem ilustrativa
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Uma das grandes crises que o jovem passa na vida é a de não saber o que vai fazer da vida. Estou me referindo especificamente à profissão ou carreira que a gente decide seguir. A maioria, como eu, experimentaram esse tempo de confusão e medo na transição dos 17 anos para os 18, mas já vi casos de amigos com 40 anos que ainda tinham a mesma crise dos mais novos: “Não sei para que eu sirvo neste mundo!” Pensando nisso, decidi compartilhar alguns princípios que fizeram todo sentido para mim naquela época, mudaram meu jeito de encarar a profissão e espero que ajude você também.

Vamos começar quebrando alguns mitos. Percebi que durante a vida muita gente fabrica ideias absurdas sobre carreira e profissão que acabam gerando pesos e medos desnecessários.

MITO 1º — “Eu nasci para fazer uma coisa só”. Alguns pais e educadores, sem a intenção eu acho, acabam fazendo terrorismo na mente dos adolescentes sobre profissão. É o que eu chamo de “Tirania de uma coisa só”, uma pressão na qual o adolescente tem de ter certeza absoluta do que quer ser pelo resto da vida com apenas 17 anos. De fato, em relação à vocação algumas pessoas são bem decididas “de berço”, outras confusas e uma parte parece totalmente sem futuro. Se você é uma das pessoas que tem entre 17-18 anos e está confusa a respeito do que quer fazer da vida, uma notícia animadora: “você é normal”.

Qual seria meu conselho para você? Tente olhar para si mesmo como uma pessoa multivocacional. Aliás, você vai precisar porque você não nasceu para fazer uma coisa só. Todos nós estamos descobrindo a nós mesmos dia após dia. Não veja este “frio na barriga vocacional” ou o medo do futuro como algo ruim, é exatamente ele que nos move para tentarmos coisas novas e diferentes.

O rei Davi é um bom exemplo de alguém multivocacional. Começou a vida como pastor de ovelhas, foi promovido a militar da guarda real, era músico nas horas livres, se tornou o maior estadista político da história de Israel e ainda foi escritor, compondo 73 poemas do livro dos Salmos. Toda vez que lembro da história desse homem, Deus me dá inspiração para ser e fazer um monte de coisas na vida. Abandone o mito de que você nasceu para fazer uma coisa só e esteja aberto para conhecer as várias pessoas que existem dentro de você mesmo.

MITO 2º — “Eu não me encaixo em nenhuma profissão”. Já ouvi de vários adolescentes essa frase — nada mais dramático e fora da realidade. Alguns amigos por pensar que precisam fazer uma coisa só sentem-se aprisionados em ter que seguir uma só profissão. Alguns dizem: “Não combino com nada que os outros fazem”. O fato é que a gente sempre tem a ver com alguma coisa existente. Não venha me dizer também que você não tem talentos e habilidades, talvez elas estejam escondidas aí dentro de você. Como conhecê-las?

Tenho um conselho bem legal: envolva-se em várias atividades diferentes ao mesmo tempo. Algumas pessoas tem dúvidas sobre o que fazer justamente porque nunca fizeram nada. A regra de ouro para descobrir o que você gosta de fazer é fazer de tudo. Nesse caminho várias coisas não irão te agradar, mas serão exatamente essas coisas que mostrarão quem você é. Em outras palavras, a gente descobre o que quer fazer fazendo coisas que não gosta de fazer. Para isso, envolva-se em pelo menos sete áreas sem preconceitos: 1. Exercício físico e esportes; 2. Exatas e cálculo; 3. Trabalhos manuais e consertos; 4. Línguas e leitura; 5. Música; 6. Serviço voluntário; 7. Animais e natureza. Envolva-se em tudo isso e não fique parado esperando. É uma ilusão achar que você vai descobrir o que quer fazer para o resto da vida sem ter vivido ela antes.

MITO 3º — “Preciso encontrar uma profissão na qual serei plenamente realizado.” É muito comum ouvir as pessoas dizendo que estão em busca da felicidade no ambiente de trabalho, carreira, profissão e etc. É triste ter que dizer para essas pessoas que isso não passa de um mito. Não existe sequer uma profissão que traga plena realização para o coração da gente. É como tentar pescar um peixe num aquário ou querer mergulhar no mar em uma piscina de mil litros. Felicidade é uma dimensão muito ampla que o trabalho não pode preencher. O trabalho nos dá a sensação de sermos úteis, não realizados. Na perspectiva cristã felicidade só é encontrada em Deus, quando a alma descansa nele. Nem casamento, dinheiro, trabalho, filhos ou a profissão mais interessante do mundo podem trazer esse milagre espiritual para a nossa alma.

A melhor coisa a fazer não é buscar uma profissão na qual você será plenamente realizado, mas uma que te dê prazer em ser útil para você mesmo e para os demais. É uma sensação indescritível poder mudar para melhor a vida das pessoas. Que fantástico quando alguém se dá bem com aquilo que pudemos oferecer. Faça uma pergunta a si mesmo: como tornar a vida das pessoas mais fácil, alegre e melhor? Trabalhar para o bem das outras pessoas e ainda fazer isso com prazer é uma sensação impagável. Um dos melhores salários que ganhamos na vida. Busque isso.

Eu posso afirmar que amo fazer o que faço. Atualmente sou pastor, tenho prazer em cuidar da vida espiritual das pessoas e aproximá-las de Deus estudando sobre assuntos difíceis, pregando, aconselhando e visitando. Mas também sou apaixonado por escrever, principalmente porque é um jeito de pastorear pessoas que não terei a oportunidade de conhecer. Embora ame o que faço, não faço uma coisa só, e nem sempre as coisas que faço me dão o mesmo prazer. Tem muitas coisas que faço por pura inspiração, outras mais por transpiração. A vida é assim mesmo, esqueça esse papo de que a “profissão perfeita” vai te alegrar o tempo todo — vai nada. Felicidade de verdade está num encontro com Deus e na convivência com quem amamos; trabalho é um “plus”.

Recapitulando, veja-se como uma pessoa multivocacional, envolva-se em várias atividades diferentes para conhecer a si mesmo e aceite a insatisfação natural do trabalho. Quero oferecer mais dois conselhos de amigo: 1. Planeje sua vida de acordo com as estações da vida; 2. Seja alguém contemporâneo.

Planeje sua vida de acordo com a sua idade. Faça perguntas realistas: com qual idade você quer começar a trabalhar? Quando você quer constituir família? Com quantos anos quer ser pai/mãe? Como quer desfrutar sua velhice? Quanto dinheiro você quer ter? Fazer tais perguntas não é garantia que você conseguirá “controlar” sua vida, nem que conseguirá tudo o que planeja, mas pelo menos terá a certeza de que a vida não “passou por cima de você”. Algumas pessoas não planejam a vida, vão “levando com a barriga” e se tornam infrutíferas e infelizes. Depois querem correr atrás da adolescência perdida.

Respeite as estações da vida: seja criança, adolescente, jovem, adulto e idoso sempre com prazer e deixe um legado neste mundo. Encare o frio na barriga, faça um projeto de vida e tenha certeza que com um alvo claro a gente vai muito mais longe, faz muito mais coisas e evita muitas cabeçadas.

E por fim, seja contemporâneo. O que significa isso? Ser contemporâneo é ser uma pessoa para o seu tempo. Deus me colocou na era 2000 para servir essa geração. Não nascemos para ser um Cntl-C + Cntl-V de pessoas que já morreram. Você é único. Seja alguém para o hoje. Envolva-se com os problemas e perguntas do nosso tempo. Estude a nossa geração. Pense naquilo que ainda ninguém pensou. Inove. Invente algo diferente. Trabalhe em algo que ninguém trabalhou ou desenvolva algo que alguém já começou. Não busque respostas prontas, corra o risco, tente, erre, acerte, melhore, faça alguma coisa. A vida sem riscos é um grande risco de não viver.

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