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'CQC 3.0' faz sucesso na fronteira do humor e da informação

'CQC 3.0' faz sucesso na fronteira do humor e da informação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:50

É engraçada a abertura do CQC, da Band, que agora ganhou o sufixo "nerd" "3.0". No meio daquela boate de luzes piscando, uma voz em "off" anuncia o programa como "seu resumo semanal de notícias". É a prova de que, cada vez mais, a ideia do que é ou não é jornalismo está em grande transformação. Valores como isenção, sobriedade e distanciamento da notícia parecem cada vez mais coisas do passado.

A figura do apresentador inexpressivo, encastelado em sua bancada e incapaz de misturar informação e emoção, não existe há tempos. No Jornal Hoje, os simpáticos Evaristo Costa e Sandra Annenberg tricotam alegremente sobre todos os assuntos. Mesmíssimo caso de Ana Paula Padrão e Celso Freitas, no "Jornal da Record". E até os mais sisudos, como William Bonner e Fátima Bernardes, do Jornal Nacional, "comentam" com olhares de aprovação ou irritação as reportagens que anunciam.

Nesse sentido, o CQC 3.0 e ainda A Liga e até o Pânico na TV! podem ser encarados, ao menos parcialmente, como jornalísticos. São híbridos. E muito de sua popularidade está na mistura de diferentes linguagens televisivas em uma mesma atração, a despeito de que, o tal "resumo semanal de notícias" não ter proferido nem uma única palavra a respeito do maior desastre do Japão desde Nagasaki. Na verdade, o jornalismo não se resume a noticiar, mas também a hierarquizar o que mais e o que é menos importante.

E é nisso que esses programas humorísticos diferem absolutamente dos jornalísticos tradicionais. Sem a obrigação de acompanhar a pauta de acontecimentos da semana, os humorísticos podem explorar temas diferentes com muita criatividade como, por exemplo, a atuação dos deputados calouros no Congresso, um assunto que poderia ser explorado em qualquer jornal "sério".

A audiência adolescente que o CQC merecidamente conquistou demonstra que a crise pela qual passam os jornais impressos não deve ser entendida como um desinteresse de uma juventude semianalfabeta que, em breve, vai voltar ao tacape e aos grunhidos por culpa da internet. Não importa se forem veiculadas por sinais de fumaça, papiros, cinejornais ou em "handset display glass". Notícias sempre vão existir.

Por: Mauro Trindade

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