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Cuidado para não começar um boato sobre si mesmo

Cuidado para não começar um boato sobre si mesmo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:45

A norte-americana de 17 anos Gaby Rodriguez resolveu fazer uma experiência antropológica pouco usual: ela passou seis meses fingindo estar grávida somente para ver qual seria a reação de seus colegas. O resultado? A garota foi vítima de fofocas e diversos comentários maldosos, os quais fez questão de reproduzir em uma apresentação aberta na semana passada.

"A atitude dela está mudando, deve ser por causa do bebê, ou talvez ela tenha sido sempre assim irritante, mas eu nunca tinha percebido", dizia um dos cartões lidos em voz alta por um membro da plateia. A notícia publicada pelo jornal "Yakima Herald" levanta a discussão: o que fazer em caso de os holofotes do colégio se direcionarem para você?

"A principal providência a tomar é relatar a situação para algum professor em quem se tenha confiança", explica Vera Lucia Cruz Malat, coordenadora do Colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo.

Ela conta que recentemente teve que lidar com uma situação do tipo. "Uma garota foi à casa de um garoto, eles fizeram algumas coisas, e depois ela fez questão de contar para uma colega, que gostava dele, para fazer ciúmes". O fato ganhou grandes proporções e a escola teve que agir. "Buscamos o início do boato para esclarecer o assunto e colocar um fim na situação."

A história é parecida com a do filme "A Mentira", estrelado por Emma Stone. No longa, a protagonista inventa uma história para fugir de um compromisso que não queria ir. A mentira, no entanto, cresce muito além do que ela imaginou e todos da escola passam a tratá-la mal.

Quem diria que uma simples mentirinha causaria tanto problema?

Segundo a psicóloga e professora da FMU, Lilllian Sharovsky, o principal problema é a necessidade de superexposição. "As pessoas fazem questão de falar tudo o que fazem para qualquer um, ninguém está preocupado em garantir a intimidade."

De acordo com Lillian, este tipo de atitude é, também, conseqüência do uso compulsivo das redes sociais. "Qualquer coisinha que se faz, já é motivo para postar no Facebook", diz.

A psicóloga explica que isso acaba por gerar uma deficiência tanto no jovem quanto nos adultos, que perdem a capacidade de conversar sobre assuntos sérios, de se abrir de verdade e, até mesmo, de guardar segredos. "Não pode confundir a vida real com o mundo online", prega.

A psicóloga dá uma dica importante para não cair neste erro. "É preciso parar e pensar: ‘será que essa pessoa é minha amiga mesmo? Qual o nosso grau de intimidade? ’".    

A coordenadora do colégio, no entanto, afirma que mesmo sem a intervenção dos profissionais, o falatório não costuma ir muito longe.  "Em geral, os boatos acabam rápido, duram somente até surgir a próxima fofoca", brinca.

Por: Rafael Bergamaschi

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