'Legendários' mira adolescentes para conquistar audiência

Os 10 pontos de ibope que o Legendários regularmente angaria confirma o rejuvenescimento da TV. Ou, ao menos, da audiência. Voltado para um público teen, o programa da Record rivaliza com o maior sucesso da Rede TV!, o Pânico Na TV, que também se mantém entre os 9 e 10 pontos. Ambos compartilham de um mesmo repertório de imagens e ações que os produtores e diretores de televisão parecem associar à adolescência: garotas bonitas e despidas, pequenas violências, brutalidade gratuita, atitudes sem sentido, deboche e "non-sense".

O mercado televisivo ainda é bastante variado, mas a faixa etária do público-alvo parece cada vez mais baixa. Em pesquisa de 2010 no Distrito Federal, por exemplo, um terço dos telespectadores disseram ter entre 4 e 24 anos. E a metade entre 25 e 49 anos. Mas as idades se embolam mais do que parece. Nos Estados Unidos, programas aparentemente para jovens são vistos por pessoas, em média, com mais de 30, como o divertido seriado Todo Mundo Odeia O Chris, que por aqui passa nas tardes de segunda e sexta na Record.

E muitas séries e programas de TV terminam envelhecendo junto com seus fãs. A Grande Família já faz parte da vida de inúmeras outras famílias, enquanto séries importadas como House são vistas desde a primeira infância. E, se Hugh Laurie continuar com o mesmo sucesso, até à reposição hormonal.

Naturalmente, o sonho de todo o diretor de programação é fazer de sua emissora algo tão importante na vida das pessoas que elas a assistam do berço à bengala. Infelizmente, a imagem que a televisão constrói das pessoas em diferentes faixas etárias não parece corresponder muito de perto ao que elas são. Até porque são muitas coisas de uma só vez. O modelo de adolescente que gosta de Pânico na TV, Legendários e do extinto Brothers não dá conta de tudo o que acontece na juventude.

De certa forma, esses programas de auditório são mais próximos de Malhação do que aparentam à primeira vista. E também são uma forma de ficção.