Cochilar ao volante, perder o fio da meada durante uma conversa e repetir atos automáticos, sem consciência do que se está fazendo, podem ser sintomas de um distúrbio cada vez mais presente nos consultórios de neurologistas: a síndrome do sono insuficiente de origem comportamental, que atinge 5% da população.
O quadro, cujo principal sintoma é a sonolência excessiva durante o dia, tem a ver com o ritmo da vida moderna, aponta o neurologista Flávio Alóe, coordenador do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). E, mais do que uma situação normal, é um problema que pode e deve ser tratado.
Além de causar a perda da produtividade, a sonolência excessiva também coloca em risco a vida daqueles que dirigem, cuidam de crianças ou operam máquinas. O quadro foi um dos principais temas debatidos durante o 24.º Congresso Brasileiro de Neurologia, que aconteceu no Rio de Janeiro, no mês passado.
Alóe diz que "as pessoas têm tempo para o segundo emprego, para se dedicar à internet e às redes sociais".
Só não têm tempo para dormir. Então, ficam sonolentas, produzem menos, se expõem ao risco ao dirigir, porque não pagam seu débito de sono.
A sonolência excessiva funciona como uma febre, que avisa que algo vai mal no organismo. É preciso que o paciente passe por exames médicos, para excluir doenças que influem na qualidade do sono, como Parkinson, epilepsia, apneia (obstrução das vias respiratórias durante o sono) ou narcolepsia (estado de sonolência contínuo com crises incontroláveis). Em todo o mundo, entre 32% e 40% das pessoas relatam, em um ano, terem enfrentado dificuldade para dormir durante algum período.
O neurologista suíço Claudio Bassetti, presidente da Sociedade Europeia do Sono, diz que "é possível enfrentar o problema melhorando a qualidade de vida".
O indivíduo tem de dormir o tempo que for preciso para se manter desperto e atento no dia seguinte. Na maioria dos casos, esse tempo varia de sete a dez horas por noite.
fonte: R7 Postado por: Juliana Melo
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