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Saúde

"Faltam mais estudos que provem riscos do celular", diz oncologista

"Faltam mais estudos que provem riscos do celular", diz oncologista

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:07

O celular causa ou não danos à saúde? A pergunta principal do debate promovido pela Folha na quarta-feira (17) ficou sem resposta. Ou, com três respostas.

O oncologista Paulo Hoff, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o engenheiro Alvaro Salles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o biomédico Renato Sabbatini, professor da Unicamp, e o psiquiatra Elko Perissinotti, do Hospital das Clínicas de São Paulo, não entraram em consenso sobre o resultados das pesquisas publicadas até agora.

Sabbatini, que coordenou uma revisão de estudos sobre o tema, se apoiou nos últimos resultados de uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde para afirmar que não há prova de risco.

" Não existe plausibilidade biofísica para esse efeito, uma vez que a intensidade dos campos [magnéticos do celular] é extremamente baixa, da ordem de miliwatts por metro quadrado."

Salles, estudioso dos efeitos da radiação emitida pelos celulares, citou dados de um apêndice da mesma pesquisa para defender o ponto de vista contrário. "Usuários há mais de dez anos tiveram o dobro do risco de tumores cerebrais."

O oncologista Paulo Hoff ponderou que, com quase 5 bilhões de pessoas usando celular e com a explosão do uso nos últimos dez anos, se houvesse impacto na saúde, ele já estaria claro na sociedade. "Você não pode descartar que haja impacto mas, se houver, é pequeno."

O mais perto que especialistas chegaram de um consenso durante o debate foi em relação ao risco do uso do celular por crianças.

Para o biomédico Renato Sabbatini, o conhecimento atual sobre os efeitos das ondas do celular sobre o cérebro infantil é insuficiente. Ele lembrou que há um grande estudo em andamento no Reino Unido para medir o impacto dos aparelhos em adolescentes, mas os resultados só vão sair em 20 anos. "Antes disso, não vamos ter uma resposta."

Ainda que não haja certeza, Sabbatini acredita que os pais devem orientar melhor seus filhos para um uso responsável do aparelho.

A situação é bem mais crítica na visão de Alvaro Salles. "A espessura do crânio de uma criança é a metade da de um adulto. O cérebro delas tem o conteúdo de um líquido salino, que concentra mais o campo eletromagnético. E muitos dos efeitos de baixo nível [de exposição] ocorrem na multiplicação das células. Nas crianças, as células se multiplicam com maior rapidez."

MUDANÇA DE HÁBITO

Para Salles, as evidências de possíveis danos ao DNA -que poderiam levar a mutações e tumores- já são suficientes para uma mudança radical na maneira como as pessoas usam o aparelho.

O engenheiro defende que os telefones deveriam vir sem alto-falantes, obrigando as pessoas a usar fones de ouvido em vez de colocar o telefone na orelha. Com a maior distância do cérebro, a exposição à radiação seria menor.

"Os fabricantes publicam alertas nos manuais para que os usuários não encostem o celular a distâncias menores que 2,5 cm da cabeça. É quase uma confissão de culpa."

Sabbatini afirma que o alerta não se aplica à cabeça, que é protegida pelo crânio.

Ainda que não haja provas concretas de riscos, o oncologista Paulo Hoff acredita que precaução nunca é demais. "Sou a favor do uso mais responsável e contido, porque as pessoas estão ficando escravas do celular."

Para o psiquiatra Elko Perissinotti, o uso do celular já é quase sinônimo de dependência. "O ser humano tende ao abuso. Hoje, no Hospital das Clínicas, já temos tratamento para dependentes de internet. Acredito que em um ano teremos tratamento para dependentes de celular."

Hoff acredita que não chegaremos ao ponto de ter que escolher entre a tecnologia e a saúde. "A história mostra que quando a tecnologia era importante e causou problemas, ela foi corrigida. A própria tecnologia acaba gerando sua solução."

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