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Saúde

Miocardiopatia hipertrófica é comum e pode ser fatal

Miocardiopatia hipertrófica é comum e pode ser fatal

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:18

Morrer ou largar o emprego milionário? O dilema vivido pelo personagem Walace Mu (Dudu Azevedo), na novela Fina Estampa, teve um desfecho diferente do que costuma acontecer: ele colocou fim à carreira de lutador por causa de um sério problema no coração.

A miocardiopatia hipertrófica, doença que tirou o personagem do ringue, na vida real leva milhares de atletas a nocaute.

Nos Estados Unidos, onde já há dados sobre o assunto, 50% das mortes súbitas de atletas são decorrentes dessa doença. E no Brasil, embora ainda não existam levantamentos, a miocardiopatia ganhou as telas da TV na cena, real, em que o zagueiro do São Caetano Serginho, 30 anos, caiu morto no chão, vítima dessa disfunção cardíaca.

A miocardiopatia hipertrófica é frequente, acomete uma em cada 500 pessoas em todo o mundo, e se caracteriza pela espessura aumentada do septo interatrial, região localizada na parte superior do coração. O normal é que essa estrutura meça 4 milímetros. No atleta, em função do esforço demasiado, pode chegar a 14 milímetros. Em quem tem a doença, a espessura é de 16 milímetros.

“O espessamento da parede obstrui a passagem do sangue, impedindo a circulação correta”, explica Nabil Ghorayeb, conceituado especialista brasileiro em cardiologia do esporte e médico do Hospital do Coração (HCor).

“Quando o corpo precisa de maior circulação de sangue, o coração não consegue dar, porque está obstruído. É daí que pode vir a morte súbita”, complementa a cardiologista Isa Bragança, diretora da Cardiomex, clínica especializada em atividade física para cardíacos.

Aa condição pode ou não ser fatal dependendo da genética de cada indivíduo.

“Ela tem caráter variável, depende de mutações genéticas para ser grave. Por isso, há pessoas que têm a doença e não apresentam problemas e há pessoas que podem morrer por conta disso”, alerta a cardiologista.

Por esse motivo, a doença é especialmente perigosa em jovens, já que não se sabe ao certo como irá evoluir.

“A miocardiopatia precisa ser bem diagnosticada para ser acompanhada de perto”, alerta Ghorayeb.

Sem dor

Em Fina Estampa, o lutador Walace Mu reclama de dores no peito. Os sintomas da miocardiopatia, no entanto, são disparos no coração, sincopes e, em alguns casos, sensação de cansaço. A miocardiopatia hipertrófica raramente provoca dores.

A doença precisa ser investigada com cautela, principalmente em atletas. “Quando eles apresentam estruturas com 13mm, vale averiguar de forma mais minuciosa, com avaliação genética ou ressonância magnética do coração”, alerta o médico. Além desses exames, a atividade física é suspensa por 90 dias, período em que o coração deve voltar ao tamanho normal. Se isso não acontece, o diagnóstico é confirmado.

Isa Bragança alerta para a importância de uma avaliação cardiológica antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, mesmo em quem não é atleta.

“O ideal é fazer o exame com um médico do esporte ou cardiologista, colher dados dos familiares e fazer um ecocardiograma e eletrocardiograma”, diz.

Tratamento

Para o atleta, o diagnóstico quase sempre representa o fim da carreira. “Acompanhei o caso de um paciente que jogava no Flamengo e apresentou o problema. Mesmo muito talentoso, ele teve que parar, teve que abadonar o sonho para permanecer vivo. Foi um golpe duro para ele e para a família”, relata Ghorayeb. A cardiologista da Cardiomex reforça: “quem tem o problema pode fazer uma caminhada leve, mas não deve fazer atividade física competitiva.”

Além do afastamento, duas formas são as mais comuns de tratamento: medicamentoso, com remédios que impedem a contração do coração com muita potência; e a intervenção cirúrgica, em que um pedaço do órgão é retirado. Menos frequente, a injeção de álcool no local afetado também vem sendo utilizada.

“É um novo tratamento. Os médicos provocam um pequeno infarto no local, a região morre e murcha”, explica Nabil.

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