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Saúde

Perder o emprego é menos estressante do que esperar a demissão

Perder o emprego é menos estressante do que esperar a demissão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:58

“Em diversos países, o desemprego vem aumentando. Essa é uma preocupação que tem implicações em longo prazo, especialmente na saúde mental e na sensação de bem-estar de um trabalhador. Mas a nossa análise sugere que as pessoas são hábeis para lidar com a perda do emprego em curto prazo”, diz Isaac Galatzer-Levy, pesquisador da Universidade de Nova York, nos EUA.

Galatzer-Levy e sua equipe – cujo trabalho foi publicado no periódico Journal of Neuroscience – analisaram os dados de uma pesquisa feita na Alemanha entre 1984 e 2003. Foram escolhidas as informações de mais de 770 participantes que haviam perdido o emprego em algum momento durante os quase 20 anos da pesquisa. Esses participantes também haviam respondido a um questionário sobre bem-estar nos anos anteriores ao seu “recesso” trabalhista e novamente após a perda do emprego.

O questionário tinha perguntas como “o que você acha da sua vida como um todo?”, nas quais o participante indicava em uma escala de 0 a 10 seu nível de satisfação. Além disso, a pesquisa tinha dados sobre sexo, idade, nível educacional e histórico trabalhista.

“Nós usamos dados de uma amostragem representativa e o desemprego seguiu as flutuações econômicas da Alemanha na época do estudo. Essas pessoas, como observamos agora em várias partes do mundo, estavam perdendo seus empregos não por sua culpa, mas por conta de problemas com a economia como um todo”, aponta Galatzer-Levy.

Os pesquisadores observaram que aproximadamente 70% dos trabalhadores diziam ter um nível de satisfação alto e estável antes de perderem o emprego. Essas pessoas eram mais propensas a se sentirem mais impactadas pela notícia de demissão. Mas apenas um ano depois, esse nível de satisfação voltava ao nível anterior à demissão. E essas pessoas voltavam ao mercado de trabalho com a mesma velocidade que os indivíduos de outros grupos.

Para esses outros grupos – como aqueles com níveis de satisfação com a vida moderados, relativamente baixos ou então em declínio – foi observado que as tendências se mantinham, mesmo após o período de demissão. As pessoas com satisfação em declínio, entretanto, foram as que tiveram maior dificuldade de retornar ao trabalho após o período de recessão econômica.

“Análises anteriores desses mesmos dados haviam indicado que o nível de satisfação nunca voltava aos mesmos valores de antes da demissão. Mas nós utilizamos uma metodologia diferente, e o que vimos foi que há padrões diferentes entre esses indivíduos que passaram pela mesma situação. Nosso modelo analítico sugere que as respostas ao desemprego não é um fenômeno único. Na verdade, a grande maioria das pessoas indicou que o declínio da satisfação com a própria vida durou pouco e os efeitos disso no bem-estar se recuperaram algum tempo depois”, diz Galatzer-Levy.

Os resultados desse estudo são similares aos encontrados em padrões de resiliência vistos em pessoas que passaram por eventos estressantes muito intensos – como desastres naturais – diz George Bonanno, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Columbia, também nos EUA.

“Nós procuramos saber como as pessoas se recuperavam de eventos estressantes intensos, como a perda de uma pessoa amada, um desastre natural, acidentes, e geralmente o que víamos era que as pessoas têm grande resiliência a isso tudo. Essa nova pesquisa confirma que não é diferente quando se perde o emprego”, diz Bonanno.

Outro dado interessante, dizem os pesquisadores, é que o bem-estar é impactado pelas mudanças econômicas sentidas como um todo, e esse efeito negativo no nível de satisfação com a vida é mais comum antes do desemprego, e não após a demissão. “Isso sugere que as pessoas sofrem mais com o estresse da possibilidade de perder o emprego, mas esse sofrimento é menor após a demissão. Quando o desemprego começa a afetar pessoas próximas, há uma ansiedade generalizada e o bem-estar cai repentinamente. Após isso, há uma estabilização nesse sentimento”, conclui o pesquisador.

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