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Risco de dengue cresce em um terço das cidades paulistas

Risco de dengue cresce em um terço das cidades paulistas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:19

Uma em cada três cidades do Estado de São Paulo corre mais riscos em relação à dengue agora do que em 2010 – nesses municípios houve um aumento no número de focos de reprodução do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. O dado leva em conta o índice de casas em que há larvas do mosquito.

Os dados do Liraa 2011 (Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti), divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Ministério da Saúde, mostram que em 20 das 60 cidades analisadas houve uma piora nos índices de infestação do inseto.

O pior quadro foi registrado em Catanduva, a 385 km da capital de São Paulo, em que o índice passou de 1,4% em 2010 para 4% agora, ou seja, a cada cem casas, em quatro há larvas do mosquito, o que indica que existe risco de surto da doença. No Estado, essa é a única cidade com risco de surto. Na capital, o índice é de 0,1%.

Em 32 dos municípios (53%), o índice melhorou, o que indica que há menos riscos de surtos da doença. Em oito (13%), a situação ficou igual ou não havia dados no ano passado, o que não permite fazer a comparação.

4,6 milhões de pessoas moram em cidades com risco de dengue

Os dados do ministério mostram que, em todo país, 48 municípios estão em situação de risco para ocorrência de surto de dengue. Entre as cidades nessa situação, que abrigam 4,6 milhões de pessoas, estão três capitais: Cuiabá (MT), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, é importante redobrar os cuidados nesse momento. 

- Todo verão temos condições muito favoráveis para o mosquito. Precisamos agir agora para evitar que tenhamos surto grande no verão, já que as maiores transmissões são entre janeiro e maio, quando temos aumento da temperatura e da chuva também. 

Os criadouros do mosquito são diferentes em cada região do país. No Norte e Sul, a maioria das larvas encontradas estavam em resíduos de lixo. Nos municípios do Norte 44% dos imóveis tinham larvas no lixo, por exemplo. 

No Nordeste e Centro-Oeste, as larvas encontradas estavam principalmente em reservatórios de água. No caso dos municípios do Nordeste, mais de 72% dos casos estavam em caixas de água, tambores e poços ligados ao abastecimento. 

No Sudeste o problema da dengue está principalmente em depósitos domiciliares, ou seja,vasos, pratos, bromélias, ralos, lajes e piscinas. 

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou que o Liraa dá uma fotografia da situação da dengue no país, que pode mudar rapidamente, já que o mosquito tem uma alta capacidade de adaptação. 

- O risco de ter epidemia é sempre uma combinação entre ter mosquito e ter pessoas suscetíveis para ter ou não a doença. O levantamento é importante nesse momento porque é um alerta para intensificar o cuidado. Para ajudar na mobilização da comunidade e resolver o problema onde está o foco do mosquito.

Veja alguns motivos que explicam os surtos de dengue no Brasil

Vírus Tipo 1:  Existem quatro tipos de vírus da dengue. No Brasil, circulam três deles: 1, 2 e 3. As pessoas que já se infectaram com um dos tipos de dengue tornam-se imunes a esse tipo, mas ficam suscetíveis aos demais. Além disso, quando uma versão do vírus atinge uma região e retorna anos depois, ele vai infectar as pessoas que não estavam no local durante a primeira infestação – em geral, os mais jovens ou novos moradores. O atual surto se deve ao tipo 1, que circulou com maior intensidade na década de 90 e voltou a predominar em alguns Estados no final de 2009.

Condições urbanas:  O mosquito tem hábitos urbanos e se desenvolve dentro das casas. Além disso, com a expansão populacional e das cidades, existe maior acúmulo de lixo e entulho. Locais com água parada e limpa, como terrenos baldios, casas fechadas, caixas d’água abertas, calhas, pneus e telhas, favorecem os focos do mosquito.

Condições climáticas:  O calor e o aumento das chuvas no verão contribuem para a proliferação dos criadouros do mosquito. Já o excesso de água, por outro lado, não favorece aos criadouros. Os grandes temporais acabam exterminando esses focos. O Aedes aegypti gosta de água limpa e parada.

Articulação dos governos: Para conter a dengue, o Ministério da Saúde repassa os recursos para Estados e municípios, que definem quanto será investido no combate à doença, conforme o cenário local. Portanto, essa tarefa é dividida. Para que esse modelo funcione, as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) precisam estar articuladas. O ministério admite que esse é um trabalho de difícil execução e que não envolve apenas os setores de saúde, o que complica ainda mais o trabalho.

Proliferação do mosquito:  A dengue já atinge áreas que antes estavam livres do mosquito. Em 1995, o Aedes aegypti, que transmite a doença, estava presente em 1.753 municípios brasileiros. Hoje ele se encontra em 4.007 localidades, o que equivale a 80% das cidades brasileiras. Com isso, mais pessoas ficam expostas ao mosquito.

Transporte de pessoas e de cargas:  Como existem mais pessoas fazendo viagens e mais produtos sendo transportados, aumentam as chances  de pessoas infectadas irem para locais livres da doença. Se elas forem picadas pelo mosquito, o vírus então  começa a circular nessas regiões.

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