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Sopa pronta chega a ter metade da dose diária de sal recomendada

Sopa pronta chega a ter metade da dose diária de sal recomendada

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:29

As sopas estão salgadas demais. Um prato de sopa industrializada pode ter até a metade da dose diária de sódio recomendada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Uma pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) com 42 sopas prontas, entre desidratadas, instantâneas e congeladas, de 18 marcas, mostra que quase 20% delas têm sal em excesso.

Segundo a Anvisa, um adulto deve consumir até 2.400 mg de sódio por dia, o que equivale a seis gramas de sal. A Agência propõe, em consulta pública, que alimentos que contêm mais de 400 mg de sódio a cada 100 g ou 100 ml sejam consumidos com moderação.

Das sopas testadas, oito estão acima desse limite: as desidratadas creme de cebola Jurema, creme de tomate com ervas finas Pão de Açúcar, sopa de cebola Maggi, creme de cebola Kitano e canjão de galinha com arroz e legumes Hikari; e as instantâneas carne Jurema, Missoshiru Tradicional Sakura e Express clássica de legumes com macarrão Qualimax. As três sopas com menores teores de sal são a instantânea de abóbora com queijo Taeq, a sopa pronta de cebola Taeq e a sopa pronta de mandioquinha Mambo.

A quantidade de sódio declarada nos 42 rótulos analisados varia de 8% a 51% da recomendação diária para adultos. Se na mesma refeição forem consumidos mais um pão francês e uma colher de queijo parmesão ralado, a ingestão de sódio sobe para 28% a 71% da recomendação diária.

O excesso de sódio no organismo pode levar à retenção de líquido, ao aumento da pressão arterial e ao agravamento da hipertensão. Para pessoas idosas, a ingestão deve ser mais controlada ainda, porque elas tendem a reter mais sódio e ficam mais sujeitas a desenvolver hipertensão.

Sinal vermelho

A pesquisadora do Idec que coordenou o estudo, Vera Barral Hiratani, sugere que as embalagens tragam símbolos nutricionais análogos às cores de semáforos de trânsito, para facilitar a leitura dos rótulos e indicar quais alimentos podem ser consumidos livremente e quais não.

Um símbolo verde indicaria produtos com baixos teores de sódio e também de calorias, gordura e açúcar; o amarelo estaria nos que têm níveis moderados, e vermelho serviria para alimentos com valores altos dessas substâncias.

Esse sistema é usado no Reino Unido por alguns fabricantes e supermercados que seguem as recomendações da Food Standards Agency, espécie de Anvisa local, que tem entre suas atribuições a regulamentação da rotulagem de alimentos.

Se esse critério fosse seguido aqui, as sopas deveriam receber a cor amarela, para indicar que o consumo deve ser moderado. Segundo a pesquisadora do Idec, os consumidores precisam aprender a ler os rótulos e também a exigir que os fabricantes facilitem essa leitura. "Algumas tabelas nutricionais ficam escondidas embaixo de costuras", diz Vera.

Além do excesso de sal, a pesquisadora notou também que as sopas têm baixos valores de proteína, sendo pouco nutritivas, e contêm realçadores de sabor. "O marketing das sopas instantâneas, as "sopas de escritório", indicam um consumo intermediário, entre as refeições. Mas esse tipo de sopa chega a ter 37% do sódio recomendado por dia", afirma Vera.

Saiba como foi realizada a pesquisa

Os técnicos do Idec percorreram os supermercados da cidade de São Paulo entre abril e maio deste ano e selecionaram 42 sopas instantâneas de 18 marcas. Fizeram parte da amostragem os seguintes tipos de sopa instantânea: desidratada comum (preparada com água fria e cozimento por cinco minutos); desidratada instantânea (preparada com água quente, sem cozimento); pronta em sachê (basta aquecer) e pronta congelada (basta descongelar e aquecer). A análise da quantidade de sódio foi feita a partir dos rótulos de cada produto. Para as sopas desidratadas e prontas, foi considerada a porção de 250 ml, que equivale a um prato fundo. Já no caso das instantâneas, que são vendidas como opções de "lanche", a porção adotada foi de 200 ml, ou uma xícara de chá.

O que dizem as empresas

A Brasfrigo, fabricante da sopa Jurema, diz que tem um projeto de redução de sódio para todas as suas linhas e que, até o final do ano, a meta é reformular 70% dos produtos com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde.

O Pão de Açúcar afirma que o teor de sódio de sua sopa está dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

Dona da marca Maggi, a Nestlé informa que desde 2005 implementa medidas para reduzir o teor de sódio em seus produtos.

A Qualimax diz que sua sopa está de acordo com a legislação atual e contesta o fato de o produto ser comparado a outros de categorias diferentes no mercado.

A Hikari afirma que no fim de 2008 diminuiu a quantidade de sal nas sopas.

A Sakura informa que acaba de reduzir 34 mg de sódio na fórmula da sopa e que, em breve, ela será substituída.

Responsável pela Kitano, a Yoki diz que pretende reduzir a quantidade de sódio.

A Fugini diz que faz testes para trocar o sódio por outros condimentos que realcem o sabor.

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