Deus torna nossos pés ágeis como os da corça e nos sustenta firmes nas alturas

Texto dentro do contexto.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: segunda-feira, 27 de março de 2023 às 17:28
(Foto: Flickr/The Whitetail Deer)
(Foto: Flickr/The Whitetail Deer)

“O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os da corça; ele me habilita a andar em lugares altos”. (Habacuque 3.19)

Vamos ao contexto

Habacuque viveu no século 7 a.C. e naquela época as coisas não andavam muito bem para Israel. Como todo bom profeta, seu papel era alertar o povo para que se voltasse novamente a Deus. Antes disso, porém, ele se mostrou perplexo com a situação.

Apesar de ser “voz de Deus”, Habacuque também foi a voz do povo. Como ser humano, ele verbalizou sua indignação como qualquer um de nós faria e pediu socorro ao Criador porque não estava entendendo nada.

“Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: Violência! sem que tragas salvação? Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado”. (Habacuque 1.2,3)

Ele questionou sobre a falta de justiça e, principalmente, por que Deus usaria os babilônios, uma nação cruel e impetuosa, para arrasar com os judeus.

“Teus olhos são tão puros, que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade. Por que toleras então esses perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios engolem os que são mais justos do que eles?”. (Habacuque 1.13)

Os dilemas de Habacuque também são os nossos, mesmo depois de tantos séculos. As notícias e as manchetes disparam sobre as injustiças e as maldades. Nós também questionamos a Deus: “Até quando, Senhor?”.

Resposta de Deus a Habacuque

No capítulo 2, quando Deus diz ao profeta que “o justo viverá pela fé”, Ele também explicou que aquela nação perversa seria julgada e pagaria por sua injustiça. Habacuque entendeu que “viver pela fé” significa que ficaremos bem apesar da situação ser muito ruim.

Podemos ver a ira de Deus destruindo a terra e as pessoas más, porém, Ele protegerá nossas almas. Apesar das guerras e das mortes, existe a vida eterna para os justos.

“Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.” (Mateus 10.28)

Vale ressaltar que ninguém morre antes do tempo. Se não tiver chegado a nossa hora, vamos viver mesmo que estivermos diante dos piores cenários. Se morrermos, porém, voltaremos para o Pai, e mais vivos do que nunca.

Habacuque entendeu a resposta de Deus e o louvou. Por um momento, ele duvidou, questionou e ficou angustiado, mas depois ficou em silêncio para ouvir o que Deus tinha a dizer.

Todos nós podemos passar por isso e ter a nossa fé abalada, mas é algo passageiro. O desafio dele era o mesmo que o nosso: confiar em Deus em tempos de calamidade, mas sabendo que, no final, tudo colabora para o nosso bem.

(Foto: Piqsels)

Oração de Habacuque

E foi na oração que Habacuque fez, logo depois de entender a resposta de Deus que ele disse: “Ele faz os meus pés como os da corça; ele me habilita a andar em lugares altos”. (Hb 3.19)

O profeta entendeu que Deus está sempre ao lado dos justos e que a vida aqui nesta terra é passageira  — que devemos olhar para o alto, onde está o nosso destino.

O uso da figura da corça ou do cervo, certamente se deu por se tratar de um animal que corre velozmente para os montes a fim de salvar sua vida. Em Deus, os cristãos ganham essa habilidade de ter “pensamentos mais altos” e dessa forma viver pela fé.

A sabedoria que vem do alto nos habilita a ver as situações difíceis por outro ângulo. Não é a circunstância do momento que importa, ou seja, não é o que os nossos olhos físicos estão vendo, mas o que a nossa visão espiritual pode contemplar.

(Foto: Piqsels)

“Como a corça anseia por águas”

“Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus”. (Salmos 42.1)

O salmista também usou o mesmo animal como simbologia para mostrar que aquele que tem fé sabe para onde correr. O anseio por águas correntes, no caso, tem a ver com a forma como a corça se esconde em situações de perigo, para fugir do seu predador.

Além disso, conforme os biólogos, a corça tem necessidade de água pura. A relação entre a corça e as águas é mais profunda do que imaginamos. Alguns artigos dizem que quando ela fica sem beber água e seu corpo fica seco, ela exala um forte odor que atrai seus predadores.

Para se salvar, ela corre rapidamente em direção às águas, e como tem um olfato muito apurado, elas vão em direção ao “cheiro das águas”, mesmo quando estão há muitos quilômetros de distância.

Quando chegam às fontes de águas puras, as corças bebem água ansiosamente e depois se banham para aliviar as dores do corpo, ao mesmo tempo que ficam submersas só com a cabeça de fora como forma de se protegerem dos predadores que não podem entrar na água para atacá-las.

Assim como as corças, são os pecadores…

Quando Habacuque escreveu que nossos pés são como os da corça, ele usou uma simbologia muito interessante. Todos nós somos pecadores e, quando nos afastamos de Jesus — nossa fonte de águas vivas — também ficamos como a corça, sujos ao ponto do inimigo “sentir o cheiro do nosso pecado” e passar a nos perseguir.

Nós corremos para o nosso esconderijo e nos guiamos pelo “cheiro das águas” e Deus nos faz correr mais depressa que o inimigo a fim de alcançarmos proteção rapidamente. Então, bebemos da água pura, ou seja, da Palavra que mata a nossa sede e depois mergulhamos nela. Dessa forma, o inimigo não consegue nos atacar e nem mesmo se aproximar.

Por isso, quando se sentir como Habacuque, em situações difíceis, vendo a injustiça reinar por todo lado, não reclame e nem questione a Deus. Apenas confie que a justiça será feita. Olhe para o alto e saiba que existe um lugar seguro para você se refugiar. Apenas ore assim:

“Torna os meus pés ágeis como os da corça, sustenta-me firme nas alturas”. (Salmos 18.33)

“Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; ele me habilita a andar em lugares altos”. (Habacuque 3.17-19)

E esse foi o estudo desta semana. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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