Soldado de Cristo: Aprenda a vestir a “couraça da justiça” para proteger seu coração

Batalhas Espirituais.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: terça-feira, 19 de abril de 2022 às 17:27
Foto: Piqsels
Foto: Piqsels

“Assim, mantenham-se firmes... vestindo a couraça da justiça.” (Efésios 6.14)

Já sabemos que o cinto da verdade nos protege das mentiras que tentam nos derrubar. E a couraça da justiça, para que serve?

A couraça era um traje feito com placas de metal e couro duro, que servia para proteger o tronco dos soldados que eram treinados em Roma. O corpo deles era protegido por essa couraça a partir do pescoço e descia cobrindo o peito e as costas, onde estão os órgãos vitais do ser humano: coração e pulmão.

Numa guerra de espadas e flechas, nos tempos da Idade Média, era a couraça que protegia os soldados de golpes mortais. Através do Antigo Testamento, podemos ver que a armadura dos soldados era uma prioridade antes de saírem para as guerras. Veja:

“Uzias providenciou escudos, lanças, capacetes, couraças, arcos e atiradeiras de pedras para todo o exército.” (2 Crônicas 26.14)

Também no livro de Neemias, por ocasião da reconstrução dos muros de Jerusalém, o povo de Judá precisou usar couraças para se proteger de possíveis ataques inimigos. Veja o que ele disse:

“Daquele dia em diante, enquanto a metade dos meus homens fazia o trabalho, a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças” (Neemias 4.16)

O gigante Golias também se vestiu de uma armadura especial antes de provocar as tropas de Israel:

“Ele usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava sessenta quilos; nas pernas usava caneleiras de bronze e tinha um dardo de bronze pendurado nas costas.” (1 Samuel 17.5-6)

Davi, antes de enfrentar Golias, também estava vestido de uma armadura, mas por ser muito jovem e não estar acostumado com aqueles trajes, não conseguiu andar.

“Então Saul vestiu Davi com sua própria túnica. Colocou-lhe uma armadura e um capacete de bronze na cabeça.” (1 Samuel 17.38)

Mas Davi foi para aquele duelo com o guerreiro gigante, sem armadura, e chegou até a ser ridicularizado por Golias. Embora ele não estivesse usando uma armadura física, ficou claro que ele estava revestido da armadura de Deus, que é espiritual. Sabemos disso por causa das palavras dele, que foram registradas na Bíblia:

“E Davi disse ao filisteu: Você vem contra mim com espada, com lança e com dardo, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou.” (1 Samuel 17.45)

Armaduras. (Foto: Piqsels)

Como vestir a couraça da justiça?

Quando o apóstolo Paulo usou a metáfora da couraça da justiça, o que exatamente ele estava querendo transmitir? O que significa usar uma couraça no mundo espiritual?

Aprendemos o que é “cingir-se do cinto da verdade”, mas agora a Bíblia se refere à justiça. Vamos ver qual o tipo de justiça que a Palavra destaca nesse contexto.

Primeiro, é importante esclarecer que as virtudes divinas são diferentes das humanas. Verdade e justiça, do ponto de vista de Deus, não são meras qualidades éticas.

A verdade citada na Bíblia diz respeito a Jesus Cristo. Ele é a verdade. E a justiça tem a ver com “justificação”. Lembrando que o cinto da verdade serve de apoio para essa justiça que vamos estudar agora.

“Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós.” (Romanos 8.33-34)

Esse texto de Romanos é a chave para o nosso entendimento — “Deus nos justifica”. Perceba que a justiça depende dessa verdade. O cinto da verdade e a couraça da justiça tem uma ligação importante. Um depende do outro.

Justiça e justificação

“Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5.21)

“Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.” (Efésios 4.22-24)

O que é ser justo e ser justificado?

A justiça pode ser definida pela maneira de perceber o certo e o errado de acordo com os preceitos de Deus. De acordo com a Bíblia, sem Deus ninguém consegue ser justo. Veja:

“Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.” (Romanos 3.10-12)

“Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe.” (Isaías 64.6)

Soldado. (Foto: Pxhere)

O que fazer para se tornar justo?

Novamente, é a Bíblia que nos dará essa resposta:

“Sabemos que tudo o que a lei diz, o diz àqueles que estão debaixo dela, para que toda boca se cale e todo o mundo esteja sob o juízo de Deus. Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem.” (Romanos 3.19-22)

A Palavra diz que “fomos justificados gratuitamente por sua graça” e “por meio da redenção que há em Jesus Cristo” (Romanos 3.24). Isso é justificação. Algo que o ser humano não consegue sozinho. Precisamos de um justificador.

“Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à lei.” (Romanos 3.28)

Somente pela fé em Cristo alcançamos essa justificação. Então, a couraça da justiça não pode ser adquirida através da justiça humana, mas da justiça de Deus, que é espiritual.

Não pense que “vestir a couraça da justiça” é somente “ser justo” aos olhos humanos ou simplesmente “fazer o que é justo” aos olhos de Deus. A justiça da qual estamos falando vai muito além e tem a ver com a nossa salvação.

Risco de morte

No mundo material, quando um soldado está sem a couraça, ele corre o risco de ter seu coração e pulmões perfurados, o que o levaria à morte. Os rins que ficam um pouco abaixo da caixa torácica e que servem para filtrar as impurezas do sangue, que afetam outros órgãos do corpo, se forem atingidos também levam a óbito.

No mundo espiritual, esses órgãos simbolizam a vida eterna. Portanto, sem a couraça da justiça, o guerreiro pode ser como uma presa indefesa nas garras do inimigo.

Aprenda a separar o mundo físico do mundo espiritual

Embora estejamos neste mundo, não pertencemos a ele. Veja o que Jesus disse sobre isso:

“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.” (João 17.11)

“Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.” (João 17.13-15)

“Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (Romanos 14.17)

Soldados prontos para lutar. (Foto: Piqsels)

Como utilizar a couraça da justiça

Se estamos falando de justiça, vamos pensar num tribunal, pois é lá que acontecem os julgamentos. Há determinados momentos na vida que vivemos nesse contexto, quando chegam as acusações.

Na prática, imagine alguém dizendo frases do tipo: “você não presta”, “olhe para o seu passado” ou ainda “você não tem jeito”.

Esse tipo de acusação pode colocar em dúvida a nossa salvação. Perceba que, mais uma vez, o ataque tem como alvo os nossos pensamentos. É uma guerra intelectual onde os ataques chegam em forma de palavras, ideias ou julgamentos sobre nós.

Sentir-se pecador é algo que nos arranca a esperança da vida eterna, mas sentir-se justificado, ou seja, saber que os nossos pecados foram perdoados é uma vitória em meio a essa guerra.

Esse ataque atinge diretamente o seu coração, porque é dele que brotam os sentimentos. Ouvir alguém dizer que “você não presta” é algo que gera tristeza. A tristeza nos faz sentir angústia e o “nosso respirar espiritual” é atingido também.

Esse é só um exemplo. Se você quiser, pense em algo que pode atingir os seus sentimentos com mais força. Afinal, cada soldado sabe da sua própria luta.

Você já sabe como se defender das acusações?

Chegou a hora de aprender a usar a couraça da justiça na prática. Somente a “convicção da justificação” é que pode servir como mecanismo de defesa.

Quando você se sentir acusado, lembre-se que Deus já lhe deu o perdão e nada mais pode separar você do amor de Cristo. Quem poderá nos acusar ou nos condenar?

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Romanos 8.35-37)

Lembre-se também que esses ataques nem sempre vêm de fora. Os nossos próprios pensamentos podem nos trair. Então, permaneça com a armadura de Deus o tempo todo, pois essa guerra só vai cessar quando, finalmente, não estivermos mais neste mundo. Mas, enquanto estamos, Ele nos protege.

“No abrigo da tua presença os escondes das intrigas dos homens; na tua habitação os proteges das línguas acusadoras.” (Salmos 31.20)

O livro de Apocalipse mostra que, um dia, não haverá mais acusações contra nós. (Foto: Piqsels)

“Então ouvi uma forte voz do céu que dizia: Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite.” (Apocalipse 12.10)

Conclusão

Vestir a couraça da justiça é ter a certeza da justificação, ou seja, saber que os nossos pecados já foram perdoados. É essa verdade que nos protegerá contra as acusações do inimigo.

Lembre-se das metáforas: as armas do inimigo são as “palavras” que ele usa contra você. A sua defesa é a convicção de que essas palavras são falsas e mentirosas. Você tem a verdade que blinda a sua vida nessa guerra espiritual e nada poderá lhe atingir.

“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.” (Isaías 41.10)

E esse foi o estudo desta semana. Espero que tenha tirado a sua dúvida e também colaborado para o seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!

Leia o artigo anterior: Soldado de Cristo: Aprenda a usar o “cinto da verdade” e combata as mentiras do inimigo

Por Cris Beloni, jornalista a cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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