A escatologia assembleiana NÃO é antissemita

A Grande Tribulação será um período destinado àqueles que rejeitaram a oferta de salvação de Jesus Cristo, sejam eles israelitas ou não.

Fonte: Guiame, Ediudson FontesAtualizado: quarta-feira, 29 de janeiro de 2025 às 17:54
(Foto: Unsplash/Jonathan Wells)
(Foto: Unsplash/Jonathan Wells)

A escatologia cristã é uma disciplina acadêmica teológica que estuda o fim dos tempos e o destino final da humanidade conforme a Bíblia. Derivada do grego, a palavra significa "estudo das últimas coisas". Entre os evangélicos, existem diferentes visões escatológicas que divergem em suas opiniões.

As escolas escatológicas incluem:

- Dispensacionalismo: um sistema teológico que interpreta a Bíblia dividindo a história da salvação em diferentes "dispensações" ou períodos, nos quais Deus interage com a humanidade.

- Pré-tribulacionismo: perspectiva escatológica que defende que o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes do início da Grande Tribulação.

- Meso-tribulacionismo: corrente escatológica que afirma que a Igreja será arrebatada no meio da Grande Tribulação, após três anos e meio de sofrimento.

- Pós-tribulacionismo: interpretação escatológica que sustenta que o arrebatamento da Igreja ocorrerá após a Grande Tribulação.

- Pré-milenismo: crença de que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do estabelecimento de um Reino Milenar, um período literal de mil anos em que Cristo reinará na Terra.

- Amilenismo: visão escatológica que interpreta o milênio de forma simbólica, baseando-se em Apocalipse 20, representando a era atual da Igreja, que começou com a primeira vinda de Cristo e se estenderá até sua segunda vinda.

- Pós-milenismo: visão escatológica que afirma que Cristo retornará após um período de "milênio", caracterizado pela predominância do cristianismo e a conversão de grande parte da humanidade.

A Assembleia de Deus defende um posicionamento teológico escatológico que combina dispensacionalismo, pré-tribulacionismo e pré-milenismo. Esse posicionamento é amplamente representado por várias igrejas evangélicas no Brasil. Entretanto, essa visão tem sido alvo de muitas críticas infundadas por parte de certos teólogos e formadores de opinião não evangélicos. Um exemplo recente disso foi uma declaração feita no podcast Flow.

O arqueólogo e teólogo Rodrigo Silva (que também é pastor da Igreja Adventista) fez uma infeliz afirmação, alegando que a visão pré-tribulacionista seria antissemita, pois, segundo ele, a nação de Israel sofreria punição ou "se daria mal" na Grande Tribulação. A definição dele é, no mínimo, intelectualmente difamatória e desonesta, pois a visão pré-tribulacionista é justamente pró-Israel, ensinando que Deus ainda tem um plano específico para a nação israelita.

A Grande Tribulação será um período destinado àqueles que rejeitaram a oferta de salvação de Jesus Cristo, sejam eles israelitas ou não. O fato de a nação de Israel ser o centro das atenções não significa que a situação envolva exclusivamente Israel, mas sim todos os que estiverem nesse período.

Outro ponto importante a ser destacado é que os evangélicos brasileiros que se identificam com a visão pré-tribulacionista são, em sua grande maioria, totalmente pró-Israel. De fato, há até uma forma exacerbada de apoio, com alguns misturando a "escatologia popular" (aquela baseada nas notícias) com elementos do judaísmo, o que gera misticismo. No entanto, não há nenhuma base para afirmar que essa visão seja antissemita.

Infelizmente, esse tipo de acusação fortalece a desonestidade em torno da visão pré-tribulacionista e leva a sociedade brasileira a tirar conclusões equivocadas sobre os evangélicos. O Dr. Rodrigo Silva, infelizmente, ao fazer essa declaração, fez um desserviço aos evangélicos brasileiros.

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência da Religião. Cursando Mestrado em Teologia Sistemática Pastoral na PUC-RJ. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Os pentecostais e o Soli Deo Gloria

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