A graça de Deus é uma doutrina bíblica de suma importância que sempre precisamos pregar e ensinar em nossas igrejas. O dicionário Vine define a graça como “parte do doador, a disposição graciosa ou amigável da qual procede o ato benevolente, graciosidade, ternura, clemência” (VINE, 2014, p.679). Só Deus na Sua maravilhosa graça demonstra essa benevolência ao ser humano perdido.
A graça de Deus sempre esteve presente nas histórias bíblicas. O fato de o homem existir, é um ato gracioso de Deus. Em Gênesis 3, a narrativa mostra que após a queda do primeiro casal, Deus os vestiu de pele de cordeiro (Gênesis 3:21). Deus manifesta a Sua graça a Adão e Eva, mesmo após o pecado da desobediência. O aviso que Deus deu a Caim, é também uma ação da graça de Deus. Essas, entre outras passagens bíblicas, demonstram a manifestação da graça de Deus no Antigo Testamento. No Novo Testamento, Jesus Cristo é a manifestação encarnada da graça de Deus aos homens. A Sua crucificação é a maior demonstração de amor de Deus para a humanidade (João 3:16).
Por causa do pecado, nós herdamos a natureza pecaminosa (Romanos 3:23). O reformador João Calvino afirma “que todos os homens são pecadores, [...] que todos são deficientes ou desprovidos de todo e qualquer louvor da justiça” (CALVINO, 2014, p. 150). O ser humano sem Deus, não possui nenhuma capacidade de tomar iniciativa no plano da salvação. É Deus que toma a iniciativa (Mateus 11:28). O arminianismo define esse chamamento de “graça preveniente” que significa que a graça de Deus é o que toma iniciativa.
Armínio afirma que “atribuo à graça o início, a continuidade e a consumação [...] sem a sua influência, um homem, mesmo regenerado, não pode conceder, nem fazer bem algum, [...] sem esta graça emocionante e preveniente” (ARMÍNIO, 2015, p. 232). Em nenhum momento, a teologia arminiana atribui a salvação aos homens pela sua capacidade. É Deus que opera na mente e nos corações das pessoas, por intermédio do Espírito Santo (João 16:7 – 11). Mas se o ser humano sem Deus está morto em pecado, como esse pode receber a salvação? Valmir Nascimento responde que “a conversão do pecador à mensagem do Evangelho não é o resultado do voluntarismo humano ou da mera decisão racional; é fruto da atuação do Espírito Santo sobre o coração da pessoa” (NASCIMENTO, 2016, p. 107). A pessoa recebe a salvação em Cristo Jesus, mediante a graça, e não por méritos e nem capacidade em si (Efésios 2:8, 9).
Referências bibliográficas:
ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Volume 1. Rio de Janeiro. CPAD. 2015.
CALVINO, João. Série Comentários Bíblicos: Romanos. Sao José dos Campos/SP. Editora Fiel. 2014.
NASCIMENTO, Valmir. Graça Preveniente – Um estudo sobre o gracioso agir de Deus para a salvação humana. São Paulo. 2016.
VINE, W. E, Merril F. Unger, William Whither Jr. Dicionário Vine-O significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro. CPAD. 2014.
Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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