O Arminianismo e o Fim da Escravatura

O cristianismo tem a sua base de fé nas Escrituras Sagradas, sendo o Senhor Jesus o seu fundador e redentor da humanidade. A raiz da fé cristã é espiritual, mas que reflete a nossa vida em todo aspecto. A Reforma Protestante é um exemplo de que a teologia pode contribuir em outras áreas humanas para o bem-estar da sociedade. O arminianismo, que é uma das vertentes do protestantismo, ensina que o “caráter justo e amável de Deus; o princípio essencial [...] é a vontade universal de Deus para salvação” (OLSON, 2013, p. 124). Esse princípio, que é a essência da teologia arminiana, contribuiu muito para o fim da escravatura. Segundo o jornalista Silas Daniel, “os cristãos arminianos saíram à frente [...] na luta pelo fim da escravatura no século XVIII” (DANIEL, 2017, p. 294).

O Nome que mais se destacou nessa luta foi o de John Wesley. Segundo os historiadores, Wesley foi “o primeiro grande líder religioso contra a escravidão” (PURDY et al, 2011). O fundador do metodismo, segundo Couto, “ao lado de Armínio, é um dos principais nomes do sistema soteriológico arminiano.” (COUTO, 2016, p.68). Com esse posicionamento, Wesley muito contribuiu para a expansão do arminianismo, juntamente com assuntos relacionados à sociedade.

No início dos anos de 1770, Wesley começou diretamente com campanha para acabar efetivamente com a escravidão. Os autores Schwartz e Bechtold afirmam que “quanto mais avançava em idade, mais energeticamente ele lutava contra escravidão” (SHWARTZ e BECHTOLD, p. 146). Os autores acrescentam que John e Charles Wesley se empenhariam pessoalmente na “liberdade de vários escravos” (SHWARTZ e BECHTOLD, p. 148).

John Wesley era famoso na Inglaterra pelos seus sermões. Diante disso, ele utilizava para demonstrar o seu posicionamento. Contra escravidão, ele pregou vários de seus sermões. “Dentre eles dois célebres sermões proferidos em Brisol em 5 de março de 1784 e 6 de março de 1788” (SHWARTZ e BECHTOLD, p. 148).  A luta contra a escravidão, fazia parte do seu ministério. Wesley não mediu esforços para que a escravidão terminasse. No final de sua vida, as últimas cartas que ele escreveu estavam relacionadas ao fim da escravidão. Essas cartas serviram para encorajar o William Wilberforce, célebre membro do Parlamento britânico que lutou pelo fim da escravidão na Inglaterra.

O fim da escravatura da Inglaterra influenciou a acabar com a escravidão em outros países. Não foi um processo fácil. Mas ao longo da luta, essa vitória foi conquistada. Para quem acusa que a teologia não tem nenhuma serventia para vida social, apresento mais uma prova que a fé cristã tem um grande legado benéfico para sociedade. John Wesley era um líder religioso, e os seus posicionamentos tinham bases teológicas que influenciaram os assuntos sociais.   

Referências bibliográficas:

COUTO, Vinicius. Em Favor do Arminianismo-Wesleyano – Um estudo bíblico, teológico e exegético de sua relevância na contemporaneidade. São Paulo. Editora Reflexão. 2016.

DANIEL, Silas. Arminianismo: A mecânica da salvação. Rio de Janeiro. CPAD. 2017.

OLSON, Roger E. Teologia Arminiana – Mitos e Realidades. São Paulo. Editora Reflexão. 2013.

PURD, Sean; KARNAL, Leandro; FERNANDES, Luiz Estevam; e MORAIS, Marcus Vinícius, Historia dos EUA; Das Origens ao Século XXI. 2011. Editora Contexto.

SCHWARTZ, W. Andrew e BECHTOLD, John M. (editores), Embracing the Past – Forging the Future: A New Generation of Wesleyano Theology.

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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