Os pentecostais e a importância em falar em línguas – Parte 1

A prática de falar em línguas é de suma importância para a espiritualidade pentecostal.

Fonte: Guiame, Ediudson FontesAtualizado: quinta-feira, 11 de julho de 2024 às 17:24
(Foto: Pixabay)
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Os pentecostais são conhecidos por sua ênfase na prática de falar em línguas, um aspecto comum entre as comunidades de fé que se identificam como pentecostais e carismáticas. Desde a origem do Pentecostalismo, existe uma divisão de opiniões entre seus adeptos sobre ser esta a evidência do batismo no Espírito Santo. Dentre os pioneiros do movimento, Charles Fox Parham defendia a glossolalia como única evidência, enquanto William Seymour considerava não apenas o falar em línguas, mas também outras manifestações. Apesar dessas divergências, os pentecostais são unânimes em incentivar a prática, vendo-a como uma bênção espiritual relevante para os nossos dias.

A prática de falar em línguas é de suma importância para a espiritualidade pentecostal. De acordo com Menzies, 'a manifestação das línguas é um lembrete poderoso de que a igreja, por virtude do dom pentecostal, é uma comunidade profética chamada e capacitada para testemunhar ao mundo' (MENZIES e MENZIES, 2002, p. 162). Essa afirmação de Menzies, pai e filho, visa reforçar que, assim como nas narrativas do livro de Lucas, as manifestações do poder do Espírito Santo e o falar em línguas estão presentes e registrados, não apenas como um fato histórico, mas também como uma base para o ensino teológico. Stronstad complementa, afirmando que 'Lucas narra o papel do Espírito Santo na história da Igreja Primitiva' (STRONSTAD, 2018, p. 15). A Igreja Primitiva serve como uma referência para nós, e ignorar suas narrativas sob a perspectiva de uma negação de sua relevância atual é um equívoco, equivalente a dizer que 'Deus operou apenas no passado' e não atua de forma transcendental hoje.

A bênção de falar em línguas proporciona uma gratificação espiritual significativa na vida do crente. Segundo o Pastor Antônio Gilberto, falar em línguas é “falar ‘a’ Deus na dimensão do Espírito Santo, ‘em linha direta’” (1 Coríntios 14:2) (GILBERTO, 2015, p. 192). Se Deus não considerasse essa experiência espiritual importante, ela não estaria registrada nas Escrituras. Aqueles que negam essa realidade, ou não acreditam verdadeiramente ou podem ter tido alguma experiência negativa com o pentecostalismo. Contudo, se usarmos esses exemplos negativos como um “método de um padrão ortodoxo”, teríamos que questionar e desqualificar diversos profissionais que têm sido envolvidos em escândalos, incluindo políticos, policiais, professores, advogados, entre outros. No entanto, sabemos que esses profissionais têm grande relevância em nosso país.

Assim como a conduta de alguns profissionais perversos não reflete a integridade da maioria dos profissionais competentes e honestos, o mesmo se aplica aos pentecostais. Aqueles que usam o dom de falar em línguas de maneira depreciativa não representam a teologia pentecostal oficial, nem a seriedade da maioria dos praticantes pentecostais. Sem dúvida, falar em línguas é uma bênção para quem pratica, seja como forma de adoração, intercessão ou comunicação direta com Deus. Essa prática espiritual tem o potencial de transformar vidas e fortalecer a fé dos envolvidos. Josh Gissel afirma que “o Espírito Santo toca vidas de maneiras profundas” e ressalta “a universalidade e o poder unificador do Espírito Santo, além da unidade do amor de Deus por toda a humanidade” (GISSEL, 2023).

Referências bibliográficas:

GILBERTO, Antonio (Editor). Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

MENZIES, William W.; MENZIES, Robert P. No Poder do Espírito: Fundamentos da Experiência Pentecostal, um chamado ao diálogo. São Paulo: Editora Vida, 2002.

STRONSTAD, Roger. A Teologia Carismática de Lucas: Trajetória do Antigo Testamento a Lucas-Atos. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

GISSEL, Josh. Línguas Celestiais: A Importância de Falar em Línguas na Igreja Apostólica. Link: https://blog.pentecostalpublishing.com/2023/11/27/heavenly-languages-the-importance-of-speaking-in-tongues-in-the-apostolic-church/

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Teologia Pentecostal e o sofrimento humano

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