Os pentecostais também pensam – Parte 2

A expressão "a letra mata" foi muito utilizada para justificar a falta de aprofundamento na Teologia.

Fonte: Guiame, Ediudson FontesAtualizado: quinta-feira, 10 de outubro de 2024 às 18:01
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O saber teológico dentro do Pentecostalismo brasileiro nunca foi homogêneo. Há um incentivo para que pastores, obreiros e membros se formem e desenvolvam um pensamento crítico acerca da Teologia. A expressão "a letra mata" foi muito utilizada para justificar a falta de aprofundamento na Teologia. A influência social da baixa escolaridade é também um fator presente nas igrejas pentecostais.

Em uma de suas palestras, Dr. Paulo Romeiro, um dos nomes importantes da Teologia Pentecostal, relata que alguns pastores se reuniram para discutir as graduações que seus filhos iriam fazer. Cada um falava da área escolhida por seu filho, mas quando um filho de pastor mencionou que iria fazer Teologia, os outros pastores, com ironia, disseram: "Vamos orar por ele!" Essa ideia de que a Teologia não presta nenhum serviço ainda predomina, infelizmente, no pentecostalismo brasileiro. Embora atualmente existam instituições teológicas e universidades onde muitos obtêm a graduação, ao chegarem em suas igrejas, abandonam o conhecimento teológico e praticam o pragmatismo do ensino errôneo cultivado por muitas igrejas neopentecostais.

Infelizmente, o problema do dualismo antropológico teológico está enraizado no contexto dos pentecostais. A ideia de oposição e exclusão entre "teoria e prática" faz com que a Teologia seja vista apenas como um "conhecimento teórico" que não ajuda muito à comunidade de fé. As práticas de oração, evangelismo e a aceitação dos modismos que surgem no meio evangélico brasileiro são vistas como as únicas soluções para atrair pessoas à igreja local. Essa visão equivocada precisa ser urgentemente combatida e denunciada, pois tais práticas têm gerado muitos escândalos e manchado a credibilidade daqueles que não compactuam com essa cosmovisão errônea.

Como mencionado no artigo anterior, farei referência a outros nomes importantes para a Teologia Pentecostal. Entre eles está o Pastor Esequias Soares, da Assembleia de Deus em Jundiaí, SP. Graduado em Letras com habilitação em Hebraico pela Universidade de São Paulo e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, é professor de Hebraico, Grego e Apologia Cristã. Com esse currículo, ele tem contribuído significativamente para os pentecostais e evangélicos brasileiros. Atualmente, faz parte do Conselho Deliberativo como Presidente da Sociedade Bíblica do Brasil.

Outro nome relevante é o jornalista Silas Daniel, que tem contribuído através de seus livros para o fortalecimento da teologia assembleiana.

O Pastor César Moisés, mestre em História, foi pioneiro na nomenclatura "Hermenêutica Pentecostal", abordando uma interpretação peculiar dentro do contexto pentecostal. Essa identidade teológica é fundamental para os pentecostais; cada tradição cristã possui seus pressupostos hermenêuticos, e com os pentecostais não seria diferente.

Gutierres Siqueira Fernandes também merece destaque. Suas palestras, participações em podcasts e publicações de livros são contribuições importantes ao cenário brasileiro. Seu blog "Teologia Pentecostal" oferece um conteúdo vasto e relevante para os pentecostais.

Na Revista da Escola Dominical da CPAD, destaco dois pastores e teólogos: José Gonçalves e Douglas Batista. Ambos são pastores assembleianos experientes que contribuem com seus conhecimentos nas lições bíblicas para as igrejas. Além disso, possuem currículos acadêmicos de alta qualidade; seus livros são referências dentro e fora do pentecostalismo.

Podemos mencionar o grupo Relep (Rede Latino-Americana de Estudos Pentecostais), formado por pesquisadores com mestrado e doutorado que trabalham com o pentecostalismo em diversas áreas. Nomes como Gedeon Alencar, Kenner Terra e David Mesquiate são exemplos de pesquisadores pentecostais que produzem materiais acadêmicos valiosos. Descartar essas produções por divergências não é legítimo; a essência da produção acadêmica está na diversidade de opiniões teóricas, especialmente em um campo tão amplo e complexo como o pentecostalismo.

O pentecostalismo também conta com nomes estrangeiros respeitados que têm contribuído para o movimento globalmente. Nomes como Robert Menzies, Roger Stronstad, Gordon Fee e Craig Keener são exemplos de autores cujas obras fortalecem ainda mais a teologia pentecostal.

Os nomes não mencionados neste texto não são menos relevantes; ao contrário, são igualmente significativos em seus trabalhos e contribuições ao pentecostalismo. Os nomes citados nas partes 1 e 2 deste artigo representam gerações ou grupos interligados dentro desse contexto. Os autores não mencionados podem ser reconhecidos através das contribuições dos nomes citados aqui.

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Os pentecostais também pensam – Parte 1

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