Precisamos saber dialogar com nossa cultura. Precisamos respeitar a cultura. Precisamos saber transitar pela cultura. Precisamos identificar os pontos de conexões possíveis para estabelecermos um relacionamento equilibrado com a nossa cultura. É o que temos ouvido e ministrado em seminários, encontros e congressos. Mas o que fazer frente ao enorme preconceito da cultura para com a fé cristã?
Todo um sistema se opõe sem qualquer disfarce aos valores da fé cristã. Valores que formaram as bases da nossa sociedade até aqui. E os ataques surgem de todas as formas e lugares. Vem do humor, do jornalismo, das paródias, da ciência, das universidades, do celebrado mundo artístico, dos partidos políticos, da educação, de organizações globais, de empresas e até de alguns segmentos dominados por apostasias. Em comum todos defendem a tolerância, o amor, a paz, o diálogo, porém com asterisco para com a maioria das normas cristãs.
Desfigurar até extinguir o que chamam de “família patriarcal”, como ouvi claramente por parte de um dos líderes que representam estes anseios, é a meta definida. Não importam os estragos, as perdas, os prejuízos, a única coisa que importa é que a destruição deste modelo de família precisa se concretizar, pois somente a partir do desmoronamento deste é que se conseguirá implantar o que chamam sem qualquer constrangimento de “anarquia”.
Por conta dos ataques sistemáticos, muito bem planejados e produzidos diariamente, o preconceito da cultura para com os valores defendidos pelos cristãos só cresce. E é exatamente com esta cultura que precisamos dialogar com respeito, amor, tolerância, paz. Difícil? Muito. Complicado? Demais. Impossível? Não.
Qualquer reação que não passe pelo teste do respeito, do amor, da tolerância e da paz, imediatamente recebe os rótulos de “ódio, intolerância, estupidez, fanatismo...”. Se tem uma coisa que o não crente sabe, e bem, é julgar o crente. Basta uma pequenina deslizada, um palavrão ali, uma perda de paciência acolá, e pronto, lá vem a frase julgadora: “Mas você não é crente? Você não pode agir assim!”. Lembre-se, somos representantes de Cristo em meio a uma geração corrompida, perversa, caída, ou seja, agir como esta geração age não ajudará em nada, apenas piorará o cenário que já é totalmente avesso a fé.
Este é o ponto. Esta geração é comandada por milhares de ídolos: status, luxúria, materialismo, grana, sexo, hedonismo, ostentação, ambição, cobiça, egoísmo. Uma vez em Cristo, somos comandados por um único e suficiente Senhor, o Cristo que foi morto, sepultado e ressuscitado ao terceiro dia. Ele, e somente Ele ocupa um trono de glória. O cetro está em poder dEle. Portanto a justiça perfeita virá somente das mãos dEle. Cabe a nós a intercessão, o jejum, a oração, a proclamação, o diálogo com a cultura, mesmo que essa mesma cultura nos agrida. Não importa, estamos num tempo no qual ou confiamos ou não confiamos em Deus, pois somente Ele fará cessar o quadro incompreensível que vivemos hoje.
Os felizes das bem-aventuranças do evangelho são justamente aqueles que, ao serem humilhados, injuriados e perseguidos, seguem lutando com as armas que o homem sem Cristo desconhece, armas que vem do amor dEle, um amor que suportou a morte de cruz e, mesmo na cruz, continuou amando e liberando perdão. Como disse, muito difícil e complicado, mas não impossível. Talvez certamente impossível para nós, porém certamente possível sempre que o “nós” tiver o seguro comando dEle, o Cristo que soube transitar por sua cultura com respeito, amor, tolerância e paz, sem jamais abrir mão de seus valores e missão. Enfim, da cultura podemos esperar preconceitos gratuitos e até coisas piores, mas do evangelho não precisamos ter qualquer dúvida, seguirá sendo até o fatídico dia da história o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer.
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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