Em todo dia 2 de novembro é comemorado no Brasil, e em quase todo o mundo, o “Dia de Finados”. Neste dia, inúmeras pessoas vão aos cemitérios visitar o túmulo dos falecidos e rezar por suas almas. Esta prática de orar pelos mortos é antiga, contudo, foi só no século XIII que se elegeu a data do dia 2 de novembro como oficial. Trata-se de uma data com origem na igreja católica e uma das bases para o estabelecimento da mesma é 2 Macabeus 12:46: Eis por que mandou fazer o sacrifício expiatório pelos falecidos, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado.
Com base neste texto, os católicos acreditam que as pessoas que estão vivas podem fazer alguma coisa por aquelas que já morreram. Por isso, no “Dia de Finados” e em outros, acendem velas para as mesmas e pedem perdão pelos seus pecados. Contudo, este livro citado (2 Macabeus) é considerado pelos protestantes, como apócrifo, pois não faz parte do Cânon da Escritura (fechado com 66 livros considerados como autoritativos no que diz respeito a fé e a conduta).
À luz desta informação, pode-se afirmar, então, que a Bíblia Sagrada não abona a prática de orar pelos mortos. Tal ideia é contrária à doutrina cristã, que mostra que todas as possibilidades para perdão de pecados de uma pessoa existem enquanto ela tem vida (Hb 9:27). Morrendo, não existem mais maneiras de se mudar seu destino. A Bíblia mostra que a morte é o fim da vida e a cessação da atividade humana na terra, e que nela, a pessoa volta ao pó (cf. Gn 3:19; Sl 90:3), aguardando o dia da ressurreição.
A grande esperança dos cristãos, no Novo Testamento é governada pela crença na ressurreição. Observe que, em 1 Ts 4:13, ao instruir a igreja frente à tristeza por aqueles que haviam morrido, o apóstolo pede que os cristãos consolem-se uns aos outros com a esperança da ressurreição dos mortos (1 Ts 4:15-18). O profeta Daniel escreveu: Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno (Dn 12:2 – NVI). Jesus também disse: Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz (Jo 5:28). Até este dia chegar, nada pode ser feito pelos que já morreram.
É óbvio que isso não significa que um crente em Jesus não pode sequer se lembrar de alguém que já se foi, dos seus exemplos, conselhos. Não há problema algum nisso. Errado é orar por estas pessoas e achar que elas estão orando por nós. Errado é acreditar que o futuro delas, pós-morte, pode ser mudado por nós.
Então, se você deseja orar pelas pessoas que são importantes para você, faça isso enquanto elas vivem. Ore para que elas tenham um encontro com o Deus vivo; que se convertam e tenham seus pecados perdoados. Além de orar, proclame a mensagem do evangelho a elas. Depois da morte, mesmo que desejemos, nenhum de nós pode mudar o destino de ninguém.
Pense nisso.
Eleilton William é pastor, professor e escritor. Mestre em Teologia com ênfase em leitura e interpretação da Bíblia. Atua como diretor e editor na Editora Promessa. É casado com Elaine Gomes e serve a Cristo na Igreja Adventista da Promessa no bairro Jardim Aeroporto, em Campinas, SP.
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