Quando Deus vai às guerras: um chamado à paz!

O tema da guerra é polêmico e complexo, frequentemente causando discussões sobre o papel de Deus nos conflitos.

Fonte: Guiame, Fernando MoreiraAtualizado: terça-feira, 27 de agosto de 2024 às 18:08
(Foto: Pixabay)
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Ele julgará entre as nações e corrigirá muitos povos. Estes transformarão as suas espadas em lâminas de arados e as suas lanças, em foices. Nação não levantará a espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra. - Isaías 2:4 (NAA)

As guerras e conflitos que afligem a humanidade não são uma criação de Deus, mas sim uma consequência do pecado humano. Em Tiago 4:1-2, encontramos uma reflexão profunda sobre essa realidade: De onde procedem as guerras e brigas que há entre vocês? De onde, senão dos prazeres que estão em conflito dentro de vocês? Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja, mas nada podem obter; vivem a lutar e a fazer guerras. Este versículo destaca que a raiz dos conflitos está nas cobiças e desejos não satisfeitos do coração humano.

O tema da guerra é polêmico e complexo, frequentemente causando discussões sobre o papel de Deus nos conflitos. A Bíblia menciona guerras em várias passagens, algumas vezes ordenadas por Deus para juízo e cumprimento de promessas diante da maldade humana.

A mensagem central da Bíblia aponta para a paz como o desejo de Deus para a humanidade, enquanto as guerras são vistas como consequências da natureza caída e pecaminosa do ser humano. Miroslav Volf, em seu livro, Exclusão e Abraço, argumenta que "a violência nunca pode ser justificada como meio para a paz duradoura", reforçando a ideia de que a verdadeira transformação só ocorre através do perdão e da reconciliação.

A Direção de Deus e a Paz Prometida

Na tradição bíblica, algumas guerras, como as descritas em Deuteronômio 20:1-4, são apresentadas como parte de uma direção de Deus para lidar com a impiedade e cumprir promessas. Entretanto, em Isaías 2:4, encontramos a visão de Deus para a humanidade: Estes transformarão as suas espadas em lâminas de arados e as suas lanças, em foices. Nação não levantará a espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra. Essa passagem reflete o ideal divino de paz e reconciliação.

O profeta Sofonias (3:1-5) também denuncia a corrupção e injustiça como raízes dos conflitos, apontando que o Senhor é justo, mas que a maldade humana persiste em desonrar a justiça divina. Jonathan Sacks, em Not in God's Name: Confronting Religious Violence (Não é em nome de Deus: Confrontando a violência religiosa), reforça que a guerra e a violência não são desejadas por Deus, mas são resultado da falha humana em seguir os princípios de justiça e compaixão. Ele observa: "A fé é uma força que une, mas quando mal interpretada, pode se tornar uma arma de divisão."

A humanidade segue para os seus atalhos morais, para uma paz sem Deus. Buscam um líder mundial, que a Bíblia chama de anticristo, que possa trazer essa ‘falsa’ paz. Aquele que vem para enganar, trazer violência, desgraça e impiedade a humanidade. Como está escrito em II Tessalonicenses 2:3 e 4, Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia (vagarosamente se afastar de Deus) e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição (o anticristo), o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus.

A Raiz do Conflito: O Pecado Humano

A Bíblia ensina que o pecado é a raiz dos conflitos: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). A cobiça, o orgulho, o desejo desenfreado por poder e a ausência de Deus no coração humano são os principais fatores que levam à guerra. Quando o homem se afasta de Deus, a violência, ganância, inveja e egoísmo, tomam o lugar da paz. É importante entender que religião alguma é Deus. Homem algum é representante de Deus nesse mundo. Quando pessoas se autodenominam porta-vozes de Deus, os enganos e erros acontecem com o extremismo, violência e desrespeito ao ser humano.

Jesus, em Mateus 24:6-12, profetizou que guerras e rumores de guerra seriam sinais dos últimos tempos, em um mundo onde o amor esfriaria devido ao crescimento da iniquidade.

As argumentações humanas sempre tentaram direta ou indiretamente tirar Deus da história. Pensadores como Friedrich Nietzsche, Ludwig Feuerbach, Karl Marx e Friedrich Engels criticaram a religião e a moralidade judaico-cristã, substituindo a fé por ideologias que colocam o homem no centro. É sabido que a religião não é Deus e, portanto, erra, por ter homens no comando. Infelizmente, maus exemplos de religiosos criaram extremistas anti-Deus, como vários pensadores. Alguns exemplos acima e o do próprio Nietzsche, que em seu livro, O Anticristo, argumentava que a morte de Deus daria lugar a uma nova era de super-homens, seres humanos autossuficientes e sem a necessidade de princípios divinos. Entretanto, essa ausência de valores divinos não trouxe paz, apenas abriu espaço para uma filosofia de poder, onde a guerra e a opressão foram justificadas como mecanismos de progresso.

Karl Marx, em O Manifesto Comunista, via a religião como “o ópio do povo”, promovendo uma visão materialista que alimentou movimentos que, no século XX, culminaram em regimes autoritários que usaram a violência em nome da justiça social e da paz, mas provaram-se arbitrarias, ditatórias e desumanas. A tentativa de excluir Deus da sociedade não trouxe o fim dos conflitos, mas novas formas de dominação e guerra.

Não estou defendendo direita, esquerda ou centro, porque o ser humano está em cada um desses lugares, e onde está o excesso de humanismo, há ausência de Deus. Busca-se se um culpado, mas ninguém assume o seu papel nas guerras. Sabe-se que historicamente os movimentos progressistas sempre ecoaram o fim de Deus, da Bíblia e da família judaico-cristã e, em nenhum lugar, onde isto foi implantado, houve paz.

“Sem Deus o homem é o excesso de si mesmo.” – Fernando Moreira

Escritores e Autores sobre a Guerra

C.S. Lewis, em Mero Cristianismo, abordou a questão da moralidade da guerra, afirmando que, embora a guerra seja um mal, às vezes é necessária para combater um mal maior. G.K. Chesterton, em O Homem Eterno, argumentava que a guerra, apesar de horrível, poderia ser uma resposta legítima contra a tirania e o mal. Para Chesterton, a resistência ao mal era parte do dever moral, e às vezes a guerra se tornava um mal necessário.

Walter Wink, em Desarmando o Império, rejeita a violência como meio de resolver conflitos, propondo a não-violência ativa e a transformação dos sistemas opressores como a única maneira de alcançar uma paz justa. Miroslav Volf, em Exclusão e Abraço, explora a necessidade de reconciliação como a verdadeira alternativa à guerra, enfatizando que a violência nunca pode ser justificada como meio para a paz duradoura.

A Esperança da Redenção

A Bíblia oferece uma esperança para o fim das guerras. No Salmo 46:9, Deus promete que Ele dá fim às guerras até os confins da terra; quebra o arco e despedaça a lança; destrói os escudos com fogo. A redenção final trará o fim de toda guerra e sofrimento, e Jesus, o Príncipe da Paz, trará reconciliação definitiva entre os povos. Como Paulo escreve em Filipenses 2:11: “e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

Até esse dia, a responsabilidade pela paz está nas mãos dos homens e mulheres que temem a Deus, que lutam pela paz e querem o reino de Deus manifesto. Como Jesus ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Se depender de você, tenha paz com todos (Romanos 12:17-21). A busca pela paz e pela reconciliação, em vez da violência, é o verdadeiro chamado para a humanidade, e a plena vontade de Deus para todos. Como está escrito em I Timóteo 2:3-5a, Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade, Cristo Jesus...

Maranata! Ora, vem, Senhor Jesus!

 

Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo em Vila Mariana - SP. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação, Doutorado em Teologia e MBA em Vendas, Marketing e Geração de Valor. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), executivo de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de vários livros.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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