De onde vem a fé

Minha família vem passando por uma aventura que nunca imaginamos, com uma criança pequena e um bebê de 3 meses, que tem demandas médicas toda semana.

Fonte: Guiame, Mari MendesAtualizado: quinta-feira, 30 de janeiro de 2025 às 17:35
(Foto: Pixabay/Waldemar_RU)
(Foto: Pixabay/Waldemar_RU)

Ultimamente, tenho recebido muitos elogios sobre minha fé. E a cada novo elogio que chega, me sinto a maior hipócrita do mundo.

Meu segundo filho, Luca, nasceu com uma série de problemas. Minha família vem passando por uma aventura que nunca imaginamos, nos vemos às vezes rindo, às vezes chorando, tateando no escuro sem saber o que o futuro nos reserva, tentando viver um dia de cada vez com uma criança pequena e um bebê de 3 meses que tem demandas médicas toda semana.

Desde que o Luca nasceu, venho pensando muito sobre perfeição. Sobre o quanto oramos para ter filhos perfeitos. Quer saber minha conclusão? Essa é uma das orações mais sem sentido que podemos fazer.

Calma, eu entendo cada pai e mãe que faz essa oração e, caso eu fique grávida novamente, orarei dessa forma mais uma vez; até porque venho sentindo na pele a luta de um filho atípico.

O que quero dizer é: não tem como nascer uma criança uma perfeita em um mundo dominado pelo pecado. E o que é perfeição? Porque uma criança pode nascer com deformações físicas, com síndromes e transtornos e, mesmo assim, ser um dos melhores seres humanos com os quais você terá contato durante toda sua vida.

Por outro lado, alguém cheio de saúde, com todas as partes físicas normais, pode acabar sendo o ser humano com o caráter mais deformado que você já viu.

Sinceramente, qual você preferia que seu filho fosse? A pior deformação é aquela que está na nossa essência. É lá que o cuidado precisa morar. Uma cegueira, uma surdez, um autismo, uma síndrome, isso não tira dos nossos filhos a graça salvadora de Jesus, mas o fato de se abraçar o pecado e dar as costas para o sacrifício de Jesus, bom… isso pode tirar!

Deus pode curar qualquer diagnóstico? Com certeza, eu creio nisso! Mas também creio que Ele pode escolher não o fazer. Porque, acima de tudo, sei que na vida do Luca, e de cada um de nós, reina a soberania divina. Geralmente, é aí que as pessoas vêm elogiar nossa postura e nossa fé. Então, aqui vai minha confissão: não tenho uma fé inabalável, falho em confiar, me vejo questionando, às vezes me pego em um momento de silêncio e tenho vontade de me entregar ao desespero, acabo chorando descontroladamente e escondida, para ninguém ver a dor de enfrentar a realidade que, vez ou outra, parece dura demais.

Mas você não disse que acredita na soberania divina? Sim. Então isso deveria mostrar minha fé, certo? Pode ser… O problema é que creio nessa soberania não porque minha fé não fraqueja, mas porque esse é meu consolo. Escolhi acreditar que as palavras do Senhor são verdade. Ele sabe o que faz. Ele cuida do meu filho e Ele o ama mais que ninguém. Ele sabe por que meu pequeno nasceu assim e Ele sabe tudo o que vai fazer ou não na minha família. E eu sei que em todos os momentos Ele não deixará de ser Deus.

Minha fé falha, e como! Mas escolhi me agarrar na verdade de que Ele vê tudo que eu, mesmo com olhos funcionais, não sou capaz de enxergar. E eu escolho confiar Nele, por mais que eu não entenda. Talvez, no fim das contas, seja sobre isso. Que mesmos falhos e pecadores, escolhemos ficar ao lado Dele, o único que pode suprir cada uma das nossas infinitas faltas.

 

Mari Mendes é casada com Leandro, mãe do Pietro e do Luca, escritora de ficção cristã e de bilhetinhos pela casa, tem 3 livros lançados. Filha do Pai e filha de pastor. Apaixonada por livros, por culinária e por observar os detalhes da vida, a fim de enxergar a rotina com novos olhares.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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