Um alerta: os pais já vêm perdendo a guarda dos filhos pelo ativismo ideológico

Infelizmente, esse tipo de ameaça contra os pais não é nova e se trata de mais uma consequência do avanço do autoritarismo estatal sobre a instituição familiar.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: sexta-feira, 14 de janeiro de 2022 às 16:03
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Está crescendo a preocupação de muitos pais, políticos e algumas autoridades públicas, sobre o surgimento de manifestações que ameaçam a autoridade familiar sobre a decisão de vacinar ou não crianças entre 5 e 11 anos contra o coronavírus, algo que, em tese, poderá gerar denúncias ao Conselho Tutelar, a fim de que até mesmo a guarda das crianças por parte da família seja questionada.

Infelizmente, esse tipo de ameaça contra os pais não é nova e se trata de mais uma consequência do avanço do autoritarismo estatal sobre a instituição familiar. No contexto atual, o elemento que gera esse clima psicologicamente aterrorizante é a questão vacinal, enquanto no passado (até hoje) essas mesmas ameaças já vinham sendo propagadas pelo ativismo de gênero.

Anos atrás, por exemplo, por volta de 2009 e 2010, eu e outros colegas profissionais e ativistas pró-vida cristãos, alertamos sobre a intenção por trás dos movimentos LGBT e outros alinhados com a ideologia de esquerda em geral, afirmando que o discurso sobre “direitos sexuais das crianças” e adolescentes são, na verdade, estratégias políticas que visam retirar a autoridade familiar sobre a educação sexual e moral dos filhos.

Por conta isso, também fomos taxados de fundamentalistas, exagerados e criadores de polêmicas, sofrendo todo o tipo de preconceito, inclusive de alguns do meio cristão, como se nossos alertas fossem invenções das nossas cabeças e não o fruto de anos de pesquisa e estudo na área da sexualidade e do comportamento humano.

Todavia, atualmente a sociedade pode comprovar através de inúmeros casos que os nossos alertas não apenas estavam certos, como foram precisos, enxergando só agora o que há anos tentamos evitar em nosso país.

Casos reais de abuso judicial contra os pais

Aqui no Brasil um caso em particular passou despercebido para a maioria, especialmente da grande mídia. Ele ocorreu em Minas Gerais em julho de 2017, quando um garoto de apenas, pasmem, 12 anos, conseguiu autorização judicial para “mudar de sexo”, mesmo sem a autorização do seu pai, muito embora a mãe o apoiasse em clara oposição ao posicionamento paterno. Leia abaixo um trecho da matéria divulgada no próprio site do Ministério Público do estado:

"A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Vara da Infância e da Juventude da comarca de Uberlândia concedeu tutela antecipada para garantir que um adolescente de 12 anos seja submetido aos tratamentos e acompanhamentos médicos, psicológicos e psiquiátricos, independentemente da vontade paterna, para interromper a puberdade”.

Interromper a puberdade, resumidamente, significa impedir que o corpo da criança se desenvolva naturalmente e adquira às características típicas do sexo de nascimento.

Os profissionais que fazem esse tipo de coisa com um “transgênero”, por exemplo, utilizam hormônios do sexo oposto, “bloqueando” o hormônio produzido naturalmente pelo corpo, o qual é gerado pelo organismo em conformidade com o sexo biológico. Se trata, portanto, de uma intervenção artificial (humana) sobre o desenvolvimento natural (biologia) do indivíduo.

Esse tipo de procedimento é, na verdade, uma experimentação científica com possíveis efeitos colaterais terríveis e irreversíveis, sem qualquer fundamentação científica séria que garanta a saúde das pessoas ao longo da sua vida.

Uma publicação chamada "Dores de crescimento: Problemas com a supressão da puberdade no tratamento de disforia de gênero" (original em inglês), publicado em 20 de junho de 2017 pelo jornal científico The New Atlantis, avaliou mais de 50 estudos acerca do tratamento hormonal em transgêneros e concluiu que “a luz de muitas incertezas e desconhecimentos, seria apropriado descrever o uso de tratamentos que bloqueiam a puberdade para a disforia de gênero como experimentais”. Ou seja, deixando claro que não é possível afirmar ser esse um procedimento seguro. É apenas uma experiência!

“A conclusão é que há pouca evidência científica que apoia este tratamento como algo seguro e reversível. Não temos provas suficientes sobre a sua segurança, mas sim muitas boas razões para se preocupar com o dano”, disseram os autores do estudo, entre eles o Dr. Paul McHugh, professor de psiquiatria da Universidade Johns Hopkins, simplesmente a mais importante instituição do mundo nessa área de estudo, pioneira no trabalho com transexuais.

McHugh e outro professor, chamado Dr. Lawrence S. Mayer, da Universidade Estadual do Arizona, também publicaram em 2016 um artigo científico chamado “Sexualidade e Gênero: Resultados das Ciências Biológicas, Psicológicas e Sociais”, onde também refutam a ideia de que transgêneros já “nascem assim”, como a grande mídia quer nos fazer acreditar. A disforia de gênero, na verdade, é ocasionada por fatores ambientais associados à educação e outras variantes culturais, além de traumas sexuais.

A justiça está ouvindo a ciência?

Como o leitor já deve ter percebido, assim como no contexto atual, onde muitos país, autoridades públicas e até cientistas, questionam os potenciais efeitos adversos a curto, médio e longo prazo de uma droga desenvolvida em caráter emergencial, inoculada no corpo de uma criança em desenvolvimento, e demais jovens em geral, o mesmo não é diferente quando o assunto é o ativismo de gênero.

A ameaça sobre o poder da família em situações como essa é real. Assim como ocorrido no Brasil em 2017, outro exemplo aconteceu em Minnesota, Estados Unidos, onde o juiz Paul A. Magnuson retirou o poder de decisão da mãe Anmarie Calgaro sobre o tratamento hormonal do seu filho. Ela precisou entrar na justiça para rever a decisão do filho, que desejava se tornar “mulher”, mas teve o seu pedido negado. Ele saiu de casa para viver na casa de parentes.

Mais recentemente, no início de 2018, uma juíza de Hamilton, no estado americano de Ohio, chamada Sylvia Sieve Hendon, retirou a guarda de uma filha de 17 dos pais, porque ela queria se transformar em “homem”, mas os pais não autorizaram a transição por questões religiosas e científicas. Os pais perderam a guarda sendo acusados de maltratar a filha e ela foi enviada para os cuidados da avó, segundo informações do jornal Washington Times.

A posição dos pesquisadores que citei mais acima, Lawrence S. Mayer e Paul McHugh, é apenas um pequeno exemplo do número de profissionais que em todo mundo estão alertando sobre os perigos da falaciosa “mudança de sexo”, dizendo que não há evidências seguras na ciência para apoiar o tratamento hormonal em transexuais. No contexto de hoje, eles são o que a grande mídia batizou de “negacionistas”, mas por outra temática.

Junto com eles estão também Quentin Van Meter e Michele Cretella, nomes de peso atuantes no Colégio Americano de Pediatria. O Dr. Stephen Stathis, do Hospital Infantil Lady Cilento, em Brisbane, Austrália, que defende haver a influência cultural sobre o número de diagnósticos crescentes de disforia de gênero, o que está de acordo com Joanna Williams, também professora universitária e autora do livro Women vs Feminism, é outro exemplo.

Segundo Joanna, a cultura, em grande parte através da própria mídia, está reforçando os conflitos de gênero nas crianças, o que tem provocado um crescimento assustador dos transtornos de identidade. Poderíamos dizer o mesmo sobre o clima de pânico vacinal que vemos atualmente? Tire suas conclusões.

Finalmente, o fato é que o avanço do autoritarismo sobre a autonomia familiar é uma grave e triste realidade, quer seja por motivos sanitários ou pelo ativismo de gênero. Os pais precisam ficar atentos para reagir contra isso, especialmente as autoridades públicas, nossos governantes, daí a grande importância de elegermos figuras comprometidas com a nossa liberdade, e não com a militância ideológica travestida de “ciência”.

Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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