#Free Palestine

Se Deus tem um povo eleito, esse povo não vive em áreas politicamente determinadas. O povo de Deus consiste de homens e mulheres de todas as nações, raças, etnias, línguas, tribos e cidades

Fonte: guiame.com.brAtualizado: segunda-feira, 7 de julho de 2014 às 14:53
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PalestinaA política do estado de Israel contra os palestinos conta com o apoio irrestrito do movimento evangélico nos Estados Unidos. Qualquer iniciativa que condene o muro da vergonha, as barreiras e cancelas que espremem trabalhadores em um verdadeiro gueto e a resistência de reconhecer a Palestina como estado soberano tem a ostensiva oposição de judeus e evangélicos estadunidenses. Não por acaso. Tanto o movimento evangélico como sionistas leem a Bíblia literalmente e confundem o Israel espiritual com o estado de Israel moderno.

Nesse jeito de ler tanto a Bíblia hebraica como o Testamento cristão, Deus entregou terras a Abraão, portanto, o título de posse ainda vale. A lógica funciona a facilitar maldades: se Josué cometeu genocídio, limpeza étnica, eliminando crianças, homens mulheres, idosos e até animais domésticos para conquistar Jericó, Deus não só tolera, ele também abençoa bombardeio. Resultado: palestinos sitiados em Gaza, a área com maior concentração de gente por metro quadrado do planeta, sofre uma iniquidade horripilante.

Ser contrário a tamanha desumanidade não tem nada a ver com ateísmo, esquerdismo ou anti-semitismo. Antes de criticar os que se opõem, ao que Israel faz, conselho cautela.

Recorto o pensamento de Abraham Joshua Heschel, (aqui também), um dos mais reverenciados rabinos do século XX e referência na filosofia do judaísmo, para mostrar que adesão ao Knesset não condiz com a espiritualidade judaica hospitaleira, inclusiva e justa.

- Os atos de retidão são preciosos aos olhos do Senhor. A idéia de que o homem foi criado à sua imagem e semelhança, foi interpretada, não como uma analogia do ser, e sim como uma analogia do fazer. O homem é chamado a agir à semelhança de Deus. “Seja tu misericordioso como Ele é misericordioso”.

- O significado de ter sido criado à imagem de Deus está escondido em um enigma. Mas talvez possamos supor que a intenção era que o homem fosse uma testemunha de Deus, um símbolo Dele. Ao olhar o homem, deveríamos sentir Sua presença. Mas, em vez de viver como uma testemunha, o homem tornou-se um impostor; em vez de ser um símbolo, tornou-se um ídolo. Em sua indignada presunção, desenvolveu uma falsa sensação de soberania que preenche o mundo com terror.

- Somos orgulhosos das façanhas de nossa civilização tecnológica. Mas nosso orgulho pode causar nossa suprema humilhação. O orgulho de sustentar que “a minha força e fortaleza das minhas mãos conseguiram estes bens” (Deuteronômio 8.17), nos levará a dizer “nosso deus” à obra de nossas mãos (Oséias 14.4).

- Trememos ao pensar que em nossa civilização há uma força demoníaca que tenta se vingar de Deus.

- Depois que o homem comeu o fruto proibido, o Senhor expulsou-o do Paraíso para lavrar a terra da qual foi extraído. Mas o que fez o homem, que é mais sutil que qualquer outra criação de Deus? Empreendeu a construção de um paraíso por meio de seu próprio poder e está expulsando Deus desse Paraíso. Durante várias gerações as coisas pareciam estar bem. Mas agora descobrimos que nosso Paraíso está construído sobre um vulcão, podendo vir a ser um vasto campo de extermínio do homem.

- Este é o momento de gritar: é vergonhoso ser humano. Ficamos constrangidos ao sermos chamados de religiosos diante do fracasso da religião em manter viva a imagem de Deus perante o homem. Vemos o que está escrito no muro, mas somos demasiado analfabetos para compreender o que quer dizer. Não há soluções fáceis para problemas sérios: tudo que podemos pregar honestamente é uma teologia do desânimo. Aprisionamos Deus em nossos templos e em nossos slogans, e agora a palavra de Deus está morrendo em nossos lábios. Deixamos de ser símbolos. Há escuridão no leste e presunção no oeste. E a noite? E a noite?

- O que é a História? Guerras, vitórias, e guerras. Muitos mortos. Muitas lágrimas. Pouco ressentimento. Muitos medos.

- E quem poderia julgar as vítimas da crueldade cujo horror se transforma em ódio? Será que é fácil impedir que o horror da maldade se converta em ódio contra os malvados? O mundo está encharcado de sangue e a culpa é interminável.

- Não se deve perder toda a esperança?

- O que salvou os profetas do desespero foi sua visão messiânica e a idéia da capacidade do homem de se arrepender, o que influenciou sua compreensão da história.

- A história não é um beco sem saída, e a culpa não é um abismo. Sempre há um caminho pelo qual se pode sair da culpa: o arrependimento e o retorno a Deus. O profeta é uma pessoa que, mesmo vivendo no desalento, tem o poder de transcendê-lo. Acima da escuridão da experiência paira a visão de um dia diferente.

- Egito e Assíria travaram guerras sangrentas. Odiando-se mutuamente, ambos são inimigos de Israel. Suas idolatrias são abomináveis e seus crimes terríveis. Como se sente Isaías, filho de um povo que aprecia o privilégio de ser chamado de “Meu povo” pelo Senhor a “obra de suas mãos” (Isaías 60.21), quando se refere ao Egito e à Assíria?

- Naquele dia haverá um caminho do Egito e da Assíria; os assírios entrarão no Egito, e os egípcios na Assíria; e os egípcios servirão com os assírios. Naquele dia Israel será parceiro do Egito e da Assíria; uma bênção no centro da terra, a qual Deus abençoou dizendo: Bendito meu povo do Egito, a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança. Isaías 19.23-25.

- Nosso Deus é também o Deus de nossos inimigos, sem que eles o conheçam e apesar de O desafiarem. A inimizade entre estas nações transformar-se-á em amizade. Viverão juntas quando juntas servirem a Deus. As três serão igualmente o povo escolhido de Deus. [os grifos são meus].

Se Deus tem um povo eleito, esse povo não vive em áreas politicamente determinadas. O povo de Deus consiste de homens e mulheres de todas as nações, raças, etnias, línguas, tribos e cidades. Um Deus que concorda, faz vista grossa ou precisa ser cúmplice de ações militares truculentas, não merece ser estimado. Tal Deus não existe. E se existir, homens e mulheres com um mínimo de critérios éticos devem se declarar seus inimigos. Todas as barreiras sociais, econômicas, linguisticas e históricas que separam as pessoas se dissolvem na percepção de que Deus é amor. Nos engajemos, portanto, por uma Palestina livre, único caminho para a paz.

Soli Deo Gloria


- Ricardo Gondim

 

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