Sergio Renato de Mello

Sergio Renato de Mello

Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Viver de fé em fé

Homem são é aquele que não vive de dúvida em dúvida, e sim de fé em fé.

Fonte: Guiame, Sergio Renato de MelloAtualizado: quarta-feira, 11 de junho de 2025 às 17:29
(Foto: Unsplash/Aaron Burden)
(Foto: Unsplash/Aaron Burden)

O que viver de fé em fé tem a ver com o otimismo, que, se não dosado com equilíbrio, pode ser um problema.

A Escritura Sagrada traz uma frase conhecidíssima, apesar de não muito bem pensada e interpretada. Existem outros mandamentos divinos na Bíblia Sagrada que são considerados mais importantes. Porém, não vejo com estes olhos. Qualquer previsão bíblica, determinação sagrada, tem o seu valor igual.

O que é viver de fé em fé, como diz a Bíblia? Por que Deus não falou para vivermos de fracasso em fracasso, se o fracasso ensina até mais do que o sucesso? Bons conselheiros, antes de serem agora bem-sucedidos, foram fracassados, sendo agora ex-fracassados que deram a voltar por cima. Dizem que conselho bom é o vendido.

Tem coaching que vende conselho, está ficando rico com isso. O que falta nesses “conselheiros” é o objetivo divino do fracasso e o fim último do sucesso, que não será enterrado com quem ganhou o mundo sem esta visão de Deus para coisas meramente terrenas.

Parece complicada a resposta a respeito do que é viver de fé em fé, mas é simples: é não viver de dúvida em dúvida. Trocando por mais simplicidade, é deixar o sentimentalismo de lado, o ímpeto, a ansiedade de querer dar um passo sem a certeza subjetiva da fé.

Uma frase conhecida de Chesterton já enunciava que um homem são é aquele que tem a tragédia em seu coração e a comédia em sua cabeça. Parece complicado entender, não é? Vou tentar explicar em um parágrafo.

Os gregos sobreviviam buscando verdades até sofríveis, duras, penosas, diferente de hoje, quando, num relativismo maligno, ninguém mais quer saber de conhecer a realidade como ela é ou acha que a verdade não existe. Como eles faziam para se escapar da depressão? Pergunto porque a verdade da vida e o gosto amargo do conhecimento causa decepção e angústia a quem se deixa levar por estes sentimentos.

O conceito de bem-aventurança é o contrário de uma vida assim angustiante, embora a verdade liberta e é sempre e sempre necessária.

Então, voltando à pergunta, como os gregos faziam para viverem bem-aventurados? Nietzsche, sim, ele mesmo, Nietzsche, o que anunciou que Deus estava morto, e Chesterton, o grande que dispensa comentários, responderam cada um ao seu modo interpretando a vida dos gregos. Sãos são os que controlam o espírito apolíneo da tragédia (angústia) pelo coração e o espírito dionisíaco (comédia) é dominado pela cabeça (pois, assim, não há riscos de overdoses de entusiasmos, de sentimentalismos).

Homem são é aquele que não vive de dúvida em dúvida, e sim de fé em fé. Seremos bem-aventurados se acreditarmos que vivendo com os pés no chão e esperando o tempo que temos que esperar teremos um futuro abençoado. E isso pouco importando o tempo que demore para chegar onde queremos chegar.

Se está em dúvida não faça, não fale, não aja. Se está em dúvida não se case, não faça aquela faculdade, não se mude de cidade, não abra a empresa, não tenha filhos, não vote em determinado candidato, etc., etc., e etc.

A dúvida é inimiga da certeza e, por isso, amiga do diabo. Ela chega a revelar até o caráter de quem não sabe decidir pelo “sim, sim; não, não”. O que está entre o sim e o não, o meio-termo, pertence ao maligno. Descarte-o!

Uma certa dose de otimismo é sempre bom, é necessário. Mas pessoas otimistas demais costumam ser desastrosas quando agem por impulso. Governos desastrosos e perigosos são aqueles que colocam o otimismo acima de qualquer coisa, tanto no momento de conquistar o voto do eleitor, prometendo coisas impossíveis (e tem tolo que cai!), quanto ao depois na prática durante o mandato. Governos assim planejam um novo homem e uma nova sociedade acreditando em teorias anticristãs que saíram da universidade e foram parar diretamente ou nas tribunas dos congressos legislativos ou na caneta dos juízes e, pior ainda, no coração das pessoas sem que elas percebam (efeito moral) e agindo para implantação de tais teorias, quando o certo seria, em nome da prudência, engavetar determinadas políticas públicas para que, se for o caso, elas venham em um futuro (que pode ser incerto e indefinido). Eu particularmente não tenho comunhão com esse tipo de gente. Elas são otimistas demais.

 

Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jurídicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que não está na mídia está no mundo e Voltaram de Siracusa.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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