Um dos locais nas margens do mar da Galiléia, que pode ter sido a antiga Betsaida, foi inundado após fortes chuvas em Israel. Por causa do alagamento, arqueólogos tiveram que abandonar suas escavações em El-Araj, onde acredita-se que nasceram os apóstolos Pedro e André.
O arqueólogo Moti Aviam, professor do Kinneret College e líder das escavações em El-Araj, ficou espantado ao visitar o local pela primeira vez, depois de semanas em casa por causa do coronavírus.
“Obviamente, eu sabia que o Kinneret [Mar da Galiléia] havia subido, mas não sabia como esse aumento afetaria a escavação”, disse Aviam ao jornal israelense Haaretz. “Não me lembro de algo assim nos últimos 30 anos, apesar de não deixar de checar. Mesmo que chova forte em abril e maio, em julho ou agosto, o local sempre seca”.
El-Araj, também conhecido como Beit Habek, é apontado por pesquisadores como o local de Betsaida, registrada no Novo Testamento como o local de nascimento de três dos discípulos de Jesus: Pedro, André e Filipe.
O Novo Testamento também mostra que Betsaida foi uma das cidades que foi condenada por rejeitar a mensagem de Cristo. “‘Ai de você, Corazim! Ai de você, Betsaida! Porque se os milagres que foram realizados entre vocês o fossem em Tiro e Sidom, há muito tempo elas se teriam arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas. Mas no juízo haverá menor rigor para Tiro e Sidom do que para vocês’” (Lucas 10:13-15).
Betsaida também está perto de dois lugares onde Jesus realizou milagres: o local da multiplicação de pães e peixes, alimentando 5.000 homens e da cura de um cego, depois de Cristo cuspir nos olhos do homem.
Segundo Aviam, restos de uma estrutura bizantina, que acredita-se ser a Igreja dos Apóstolos, estão debaixo d'água. A Igreja dos Apóstolos teria sido construída sobre a casa dos discípulos Pedro e André, que eram irmãos.
“No momento, a água está 80 centímetros acima do mosaico da igreja bizantina, que foi construída 500 anos após o tempo de Jesus”, disse Aviam.
As escavações na estrutura da igreja estavam programadas para serem retomadas no primeiro semestre. No entanto, a escavação terá que ser adiada para 2021.
“A água do lago sobe e desce ao longo dos tempos, e nenhum dano foi causado”, disse Aviam. “Conservamos o piso de mosaico da igreja e a água que está nela não vai prejudicá-lo. Mas mesmo que o nível da água diminua até julho, não poderemos continuar os trabalhos de escavação por causa da lama”.
A escavação conta também com a colaboração de R. Steven Notley, professor de Novo Testamento e Origens Cristãs do Nyack College, em Nova York.
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