A Austrália poderá seguir a liderança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Scott Morrison, o novo primeiro-ministro da Austrália, disse nesta terça-feira (16) que está “aberto” para a mudança, considerada por ele uma proposta “sensata”.
Morrison, que é evangélico, foi questionado se suas crenças religiosas influenciaram sua decisão, mas ele negou. “Minha fé e religião não tem nada a ver com essa decisão”, disse ele, segundo o site britânico The Guardian.
“Estamos comprometidos com uma solução de dois Estados, mas francamente, não está indo tão bem”, Morrison explicou. “Não houve muito progresso. E você não continua fazendo a mesma coisa, esperando resultados diferentes”.
Desde que Trump reconheceu Jerusalém como capital da Terra Santa, Israel tem incentivado outros países a seguirem o mesmo passo. Isso parecia improvável por quase um ano, pois apenas a Guatemala e o Paraguai fizeram o anúncio. O Paraguai reverteu sua decisão no mês passado, depois de uma mudança na presidência.
A decisão foi criticada pelo representante palestino na Austrália, Izzat Salah Abudulhadi, que realizou nesta terça uma reunião com representantes de vários países do Oriente Médio para discutir a possibilidade da mudança da embaixada para Jerusalém.
O chefe da delegação palestina foi acompanhado por representantes das embaixadas de 12 países no Oriente Médio e Norte da África: Kuwait, Jordânia, Argélia, Emirados Árabes, Egito, Sudão, Qatar, Líbano, Arábia Saudita, Marrocos e Iraque.
Morrison revelou que a questão foi levantada por Dave Sharma, ex-embaixador da Austrália em Israel. Ele também esclareceu que os EUA não forçaram a Austrália a seguir sua liderança e confirmou que havia conversado com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Na manhã desta terça, Netanyahu disse no Twitter que conversou com Morrison sobre a proposta. “Eu falei hoje com [Scott Morrison]. Ele me informou que está considerando oficialmente reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir a embaixada australiana para Jerusalém. Eu sou muito grato por isso. Continuaremos fortalecendo os laços entre [Austrália e Israel]”.
Por que o status de Jerusalém gera tantos conflitos?
O status de Jerusalém é o centro do conflito israelo-palestino. Israel considera Jerusalém como sua capital “eterna e indivisível”, enquanto os palestinos afirmam que Jerusalém Oriental — ocupada por Israel na guerra de 1967 — é a capital de seu futuro Estado.
A soberania israelense sobre Jerusalém nunca foi reconhecida internacionalmente e, segundo os acordos israelenses-palestinos de 1993, o status final de Jerusalém deveria ser discutido nos últimos estágios das negociações de paz.
Desde 1967, Israel construiu assentamentos em Jerusalém Oriental que abrigam mais de 200 mil judeus. Segundo a BBC News, os assentamentos israelenses são considerados ilegais pela comunidade internacional, apesar da conquista territorial.
Em dezembro de 2017, a maioria dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) votaram na Assembleia Geral em favor de uma resolução declarando o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel como sendo “nulo e sem efeito”, exigindo que fosse cancelado. O Brasil esteve entre os países que se posicionaram contra a nação judaica.
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