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França: Líder da esquerda radical quer reconhecer Palestina se indicado primeiro-ministro

A esquerda francesa deve tentar indicar novo primeiro-ministro dentro da coligação Nova Frente Popular, mas governabilidade é incógnita.

Fonte: Guiame, com informações do Israel365 e DWAtualizado: segunda-feira, 8 de julho de 2024 às 18:53
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido A França Insubmissa (LFI). (Captura de tela/YouTube/ Jean-Luc Mélenchon)
Jean-Luc Mélenchon, líder do partido A França Insubmissa (LFI). (Captura de tela/YouTube/ Jean-Luc Mélenchon)

Jean-Luc Mélenchon, a figura mais destacada da extrema-esquerda na França, comprometeu-se em seu discurso de vitória após abertura o resultado das urnas no segundo turno das eleições, neste domingo (07), a defender o reconhecimento de um Estado Palestino.

A proposta do líder do partido A França Insubmissa (LFI) contrasta com a de sua adversária política de direita, Marine Le Pen, cujo partido se opõe à ideia de um Estado Palestino.

A esquerda francesa deve tentar indicar o novo primeiro-ministro dentro da coligação Nova Frente Popular (NFP), mas governabilidade é incógnita.

“Teremos um primeiro-ministro da Nova Frente Popular”, escreveu o líder da extrema esquerda francesa de 72 anos no X [antigo Twitter] na noite de domingo.

“Poderemos decidir muitas coisas por decreto. No nível internacional, precisamos concordar em reconhecer o Estado da Palestina.”

De acordo com o DW, a esquerda deve tentar indicar novo primeiro-ministro, mas governabilidade é incógnita, e Assembleia Nacional ainda arrisca paralisação.

‘Reconhecer terrorismo’

Le Pen defendeu que seu partido, o National Rally, tem uma longa tradição sionista. Em novembro do ano passado, a política e o presidente do National Rally, Jordan Bardella, participaram de um comício pró-Israel.

Em 24 de junho, Bardella afirmou: "Reconhecer a Palestina agora seria equivalente a reconhecer o terrorismo."

Nenhum partido conseguiu obter maioria no segundo turno das eleições parlamentares da França, realizado no último domingo, onde estavam em disputa todas as 577 cadeiras da Assembleia Nacional.

Segundo o jornal Le Monde, a aliança de esquerda New Popular Front conquistou 182 cadeiras, enquanto o grupo centrista Ensemble, apoiado pelo presidente Emmanuel Macron, garantiu 168 assentos.

O National Rally assegurou 143 cadeiras, um resultado que se mostrou decepcionante para o partido após liderar o primeiro turno das eleições há uma semana, quando parecia estar próximo de alcançar uma maioria absoluta. No entanto, uma estratégia colaborativa entre candidatos centristas e de esquerda, que envolveu a desistência de disputas em que o outro partido tinha maior chance de vitória, foi eficaz para impedir o avanço do National Rally.

Domingo representou uma vitória para Mélenchon, líder do partido de extrema-esquerda France Unbowed, apesar das acusações de usar retórica que ecoa estereótipos antissemitas e de minimizar a ameaça do antissemitismo.

Isso ocorre em um contexto onde o governo francês registrou um aumento significativo nos ataques contra judeus — mais de 360 incidentes apenas nos primeiros três meses de 2024, o que representa um aumento de 300% em comparação ao mesmo período de 2023. Ainda assim, Mélenchon descreveu o antissemitismo na França como "residual".

A votação e os resultados recentes colocaram muitos judeus franceses em uma posição desconfortável, com muitos expressando preocupação de que a retórica da extrema esquerda tenha facilitado o surgimento do antissemitismo. Uma pesquisa realizada pelo American Jewish Committee (AJC) na Europa revela que 92% dos judeus franceses acreditam que o partido France Unbowed "contribuiu" para o aumento do antissemitismo no país.

Impasse político

Agora, um impasse político parece estar se formando no futuro da França. Após os resultados eleitorais, o primeiro-ministro centrista Gabriel Attal, que tem raízes judaicas, anunciou sua intenção de renunciar ao cargo. No entanto, Macron, que é o presidente ainda, negou o pedido.

A comunidade judaica na França, que conta com cerca de 500.000 pessoas, tem enfrentado tempos turbulentos desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro e a subsequente ofensiva militar israelense em Gaza, que resultou em extensas destruições no enclave. Além disso, desde o ataque de 7 de outubro, a França registrou um aumento nos incidentes antissemitas.

Um caso recente particularmente chocante envolveu dois adolescentes acusados de estuprar uma menina judia de 12 anos, proferindo insultos antissemitas durante o ato. Este incidente tem reverberado por todo o país, aumentando as preocupações sobre a segurança da comunidade judaica.

Na semana passada, em Paris, a avó de 88 anos da deputada do Knesset israelense Sharren Haskel, do partido Nova Esperança, foi vítima de um ataque antissemita.

O incidente, perpetrado por dois indivíduos árabes fora da residência da idosa, tem contribuído para o aumento da preocupação com atos de antissemitismo na França.

Para alguns judeus franceses, um momento particularmente chocante ocorreu logo após o ataque de 7 de outubro, quando vários políticos de extrema esquerda se recusaram a condenar explicitamente o ataque do Hamas a Israel.

Em contraste, Marine Le Pen repudiou o antissemitismo, condenou o ataque do Hamas e adotou uma postura decididamente pró-Israel.

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