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Irmão de refém em Gaza relata angústia: ‘Estamos vivendo um pesadelo’

O irmão de Doron Steinbrecher, que está no cativeiro em Gaza, lembra horrores do Hamas: “Decapitaram bebês, queimaram pessoas vivas”.

Fonte: Guiame, Luana NovaesAtualizado: quinta-feira, 14 de março de 2024 às 18:22
Doron Steinbrecher foi sequestrada no ataque de 7 de outubro. (Foto concedida ao Guiame/Dor Steinbrecher)
Doron Steinbrecher foi sequestrada no ataque de 7 de outubro. (Foto concedida ao Guiame/Dor Steinbrecher)

“Eles chegaram! Eles me pegaram!”. Essa foi a última mensagem de voz da enfermeira veterinária Doron Steinbrecher, de 30 anos. 

Ela estava no kibutz Kfar Aza, na manhã de 7 de outubro, quando os terroristas do Hamas invadiram seu apartamento e a sequestraram. O Guiame falou com exclusividade com seu irmão, Dor Steinbrecher, que relatou a angústia vivida por sua família.

“É uma luta desde a hora de acordar até a hora de dormir. Mal estamos dormindo, as noites são muito difíceis. A gente vive pensando na Doron e no que ela está passando no cativeiro do Hamas”, disse Dor ao Guiame. 

Doron estava no alojamento para residentes jovens e solteiros, mas estava em contato com sua irmã, que é casada, e seus pais — todos moram no kibutz. Seu irmão, Dor, é o único da família que mora mais afastado, na região central de Israel.

“Na manhã de 7 de outubro eu ouvi os alertas das sirenes. Abri o noticiário e vi que havia acontecido um grande ataque terrorista na região sul. Liguei para os meus pais e minhas irmãs para saber se todos estavam bem. Eles me disseram que estavam no quarto seguro”, contou Dor.

“Por volta das 10 horas da manhã, a Doron ligou para a minha mãe e contou que estava escondida no quarto seguro. Ela estava debaixo da cama e ouviu os terroristas tentando entrar no apartamento. A chamada foi desconectada e minha mãe não conseguiu mais falar com a Doron”, relatou.

Somente depois, a família de Doron teve acesso a uma mensagem de voz “aterrorizante” da jovem avisando seus amigos: “Eles chegaram! Eles me pegaram!”


Doron Steinbrecher, de 30 anos, é enfermeira veterinária. (Foto concedida ao Guiame/Dor Steinbrecher)

O único sinal de vida que tiveram de Doron foi um vídeo publicado pelo Hamas em janeiro, em que ela aparece ao lado de outras duas jovens reféns detidas na Faixa de Gaza.

“Foi o único sinal de vida que tivemos dela. Conseguimos ver e ouvir ela e isso nos deu esperança, mas pudemos ver que ela está fisicamente fraca, que não está comendo, bebendo e nem dormindo. Isso nos assustou”, afirmou Dor.

A angústia da família aumentou após uma equipe de especialistas da ONU ter relatado, na semana passada, que encontrou "informações claras e convincentes" de estupro e tortura sexualizada cometida contra reféns capturados durante os ataques terroristas de 7 de outubro.

“Ela é uma mulher jovem e linda. Sabemos que a situação dela e das outras mulheres é muito perigosa e que há muitos riscos. Estamos fazendo o possível para que ela volte o quanto antes. Queremos que o mundo conheça a história da Doron e esperamos que isso possa pressionar aqueles que tomam as decisões importantes, para que um acordo seja feito e os reféns sejam libertos”, afirmou Dor.

Doron Steinbrecher ao lado de seus irmãos. (Foto concedida ao Guiame/Dor Steinbrecher)

O Hamas está mantendo 132 reféns dos 253 que sequestrou durante seu ataque a Israel. Tragicamente, nem todos estão vivos e não se sabe a real condição daqueles que estão cativos.

Em meio às disputas ideológicas em torno da guerra, especialmente por parte daqueles que apoiam o Hamas sem levar em conta a situação dos reféns, Dor pede para que o mundo enxergue a situação a partir de outra perspectiva:

“Quero que saibam que os reféns são cidadãos inocentes que foram sequestrados de suas camas, em uma manhã de sábado. Eles não fizeram nada de mal para ninguém. Muitos destes cidadãos foram assassinados, muitas mulheres foram estupradas, bebês foram decapitados, muitos foram queimados vivos. E muitos daqueles que conseguiram sobreviver foram sequestrados e estão mantidos em Gaza vivendo um pesadelo. Eles são apenas cidadãos. Quero que aqueles que apoiam a Palestina imaginem que todos os reféns são membros das suas famílias”, finalizou.

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